Itália: senador pede perdão no Parlamento por insulto racista à ministra
O vice-presidente do Senado italiano, Roberto Calderoli, que comparou a ministra negra italiana para a Imigração, Cecile Kyenge, a um orangotango, foi obrigado nesta terça-feira a pedir desculpas públicas e a enviar flores a ela.
Calderoli, que costuma fazer declarações preconceituosas contra imigrantes e homossexuais, afirmou que havia dito uma besteira e que eram "observações agressivas". "Peço desculpas a todo mundo", disse no Senado depois de advertir que seguirá combatendo o governo por sua política "a favor da imigração ilegal". O senador, líder da Liga Norte, telefonou para a ministra para explicar que suas declarações não foram racistas.
Kyenge evitou reagir aos insultos racistas desde que foi nomeada ministra, em abril, pelo governo liderado por Enrico Letta, do Partido Democrático. Vários líderes da Liga Norte a denegriram pela cor de sua pele e inclusive uma política deste grupo disse que merecia ser estuprada. "Não quero que se transforme em um caso pessoal e, por isso, não respondo aos insultos. É uma questão de ser responsável politicamente e de ter respeito pelas instituições", comentou após as desculpas de Calderoli.
Kyenge, de origem congolesa, declarou que é alvo de muitos ataques desde que chegou à Itália para estudar Medicina e trabalhar ao mesmo tempo como empregada doméstica para se sustentar. "Minha vida não foi fácil. Foi muito difícil me integrar tanto no trabalho quanto no estudo. Cada passo que dei em minha vida foi árduo, mais do que custou a um italiano", afirmou a ministra.
Não é a primeira vez que Calderoli lança comentários racistas. Após a eleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos, ele disse que a Itália não corre o risco de ter um presidente "bronzeado" porque seu país devolverá todos os imigrantes "ao deserto, para conversar com os camelos, ou à selva, para que fiquem com os macacos".
A Liga Norte, aliada importante do magnata conservador Silvio Berlusconi durante todos os seus anos no governo, perdeu muita força eleitoral e obteve apenas 4% dos votos nas eleições legislativas de fevereiro.
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