Itália tem 1ª morte baseada em "lei do fim da vida"
Mulher com esclerose autorizou desligamento de aparelhos
A Itália teve seu primeiro caso de morte de um paciente que optou por interromper tratamentos paliativos desde a aprovação da chamada "lei do fim da vida", no fim de 2017.
Patrizia Cocco, 49 anos e portadora de esclerose lateral amiotrófica (ELA), deu permissão para os médicos de um hospital na Sardenha interromperem a ventilação mecânica que a ajudava a continuar respirando.
Cocco, que também foi submetida a uma sedação paliativa profunda, faleceu no último sábado (3), ao lado de sua mãe e de outros familiares. "Foi uma escolha de Patrizia, muito lúcida e corajosa", afirmou seu advogado e primo, Sebastian Cocco.
Em dezembro passado, o Parlamento da Itália aprovou a lei que regulamenta o chamado "biotestamento", um documento no qual o paciente expressa seu desejo de abandonar o tratamento prescrito pelos médicos, inclusive os paliativos, cujo objetivo não é curar a pessoa, mas apenas fornecer qualidade de vida.
"A nova lei permite aos médicos darem uma imediata execução da vontade do paciente, sem precisar se dirigir a um juiz, como acontecia antes. Assim, Patrizia pôde fazer sua escolha", acrescentou o advogado.
No entanto, a lei do biotestamento não autoriza a eutanásia, que é a prática de abreviar deliberadamente a vida de um indivíduo, geralmente em estado terminal. O projeto encontrou forte resistência no Parlamento, principalmente entre partidos conservadores e grupos religiosos.