Juppé, Sarkozy e Fillon duelam nas primárias de centro-direita na França
O ex-presidente Nicolas Sarkozy e os ex-primeiros-ministros Alain Juppé e François Fillon são os favoritos nas eleições primárias da centro-direita na França que decide amanhã quem serão os dois finalistas para o próximo domingo.
Os territórios franceses ultramar já estão recolhendo os votos neste sábado, mas somente amanhã os franceses irão às urnas para escolher o candidato conservador da próxima eleição presidencial.
As primárias ganharam importância especial porque as pesquisas indicam que o candidato da centro-direita terá grandes chances de chegar ao Palácio do Eliseu nas eleições de abril de 2017. A esquerda, do atual presidente do país, François Hollande, está dividida. E a extrema-direita, de Marine Le Pen, apesar do impulso pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, tem dificuldade de atingir mais da metade do eleitoral.
Nesse contexto, faltando seis meses para a disputa definitiva, os conservadores contam que as primárias sirvam de plataforma de lançamento para o vitorioso, repetindo o que ocorreu em 2011, quando Hollande usou as prévias do partido como trampolim para se lançar e vencer o duelo pelo Palácio do Eliseu no ano seguinte.
Para isso, a centro-direita aposta em uma grande participação, superior aos 2,6 milhões de pessoas que votaram nas primárias da esquerda em 2011, única referência deste tipo na França.
Mas os conservadores reconhecem que é difícil estimar quantas pessoas irão às urnas. Podem votar todos os franceses maiores de 18 anos, desde que paguem uma contribuição de 2 euros e assinem uma carta de adesão aos valores de centro-direita. O processo pode ser feito no dia do próprio voto, o que complica também as projeções de quem irá vencer a disputa interna entre os favoritos.
Mais de 10.200 seções eleitorais estão preparadas para receber os cidadãos entre 8h locais de amanhã (4h em Brasília) e 19h (15h em Brasília). Os primeiros resultados provisórios devem sair por volta de uma hora depois do fechamento das urnas, segundo a organização.
Além disso, 72 mil voluntários foram mobilizados para organizar a apuração, que os conservadores precisam que ocorra sem problemas, quatro anos depois da eleição do presidente do partido, aberta a todos os militantes pela primeira vez, ter terminado em escândalo, com acusações de fraude entre Fillon e Jean-François Copé.
Os conservadores querem espantar o fantasma do momento crítico e apagar qualquer soma de dúvida sobre o resultado das primárias. Por isso, estabeleceram um firme sistema de vigilância e de fiscalização da apuração com os representantes dos sete candidatos.
Prova da tensão que reina entre os postulantes, sobretudo os três favoritos, é que o tom dos discursos foi esquentando à medida que se aproxima a hora de votar. Os três encerraram suas campanhas com grandes comícios nos quais atacaram os rivais para tentar evidenciar as diferenças entre eles e ganhar votos de última hora.
Em Lille, Juppé, que as pesquisas colocavam na liderança isolada e que perdeu vantagem nos últimos dias, manteve seu perfil moderado e considerou como "irreais" as medidas propostas pelos adversários. Além disso, disse que os erros cometidos no passado são de responsabilidade de Sarkozy, então presidente, e Fillon, primeiro-ministro na mesma época.
Sarkozy, por sua vez, durante comício em Nimes, voltou a se apresentar como o candidato da ruptura com as políticas atuais, acusou Fillon de querer elevar os impostos e Juppé de não representar uma mudança radical em relação ao governo de Hollande.
Fillon, que tem ganhado fôlego na reta, organizou um grande ato em Paris para anunciar uma surpresa. Ontem à noite, uma pesquisa do jornal "Le Monde" o colocava na primeira posição do primeiro turno das primeiras, com 30% dos votos, um ponto a mais que Juppé e Sarkozy, que disputariam a possibilidade de seguir na disputa.
Os demais candidatos, os ex-ministros Bruno Le Maire, Natalhie Kosciusko-Morizet e Jean-François Copé, além de Jean-Frédéric Poisson, estão praticamente fora do segundo turno das primárias.