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Líder catalão confessa que teve dinheiro no estrangeiro

26 jul 2014 - 22h03
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Jordi Pujol, presidente da Catalunha durante 23 anos e uma das grandes figuras da transição espanhola, admitiu que sua família teve dinheiro no estrangeiro durante décadas, o que provocou um "terremoto" político na Espanha.

"Muitos catalães hoje têm um sentimento de profunda decepção porque a pessoa que teve responsabilidades tão importantes ao longo de tanto tempo cometeu um erro, um golpe fiscal", afirmou no sábado o líder dos socialistas catalães, Miquel Iceta, à margem de um congresso do partido em Madri.

Em um comunicado divulgado na noite de sexta-feira em Barcelona, o homem que dirigiu a Catalunha de 1980 a 2003 revelou que seu pai, falecido há 34 anos, deixou uma herança em "dinheiro no estrangeiro" para a mulher de Pujol e seus sete filhos.

"Ele considerava errada e sem futuro minha opção pela política", justificou o líder nacionalista conservador, 84 anos, figura-chave da oposição ao franquismo e da transição democrática nesta região do nordeste da Espanha que hoje enfrenta Madri por sua independência.

Pujol, fundador em 1974 da Convergência Democrática de Catalunya (CDC) - partido do atual presidente catalão, Artur Mas - em 1986 esteve a ponto de ser processado por gestão fraudulenta de um banco familiar.

Segundo o jornal conservador catalão La Vanguardia, Marta Ferrusola, mulher de Pujol, e os cinco filhos do casal apresentaram em 14 de julho passado a regularização fiscal de "um patrimônio total de mais de quatro milhões de euros que até aquele momento estavam depositados no Banco Privado de Andorra."

Realizada de forma voluntária com base na anistia fiscal decretada em 2012 pelo governo conservador de Mariano Rajoy, a regularização não envolve sanções, mas provocou um "terremoto na política catalã", como descreveu o jornal de esquerda Periódico de Catalunya.

"Queremos que tudo seja esclarecido, que haja uma investigação da Justiça e da Fazenda para verificar se isto é apenas dinheiro de herança ou há financiamento irregular", afirmou o líder do partido ecologista-comunista catalão (ICV), Joan Herrera.

O partido separatista e anti-capitalista CUP pediu "que se apure todas as responsabilidades", considerando o anúncio de Jordi Pujol "diretamente vinculado à recente demissão" de seu filho, Oriol Pujol, da secretaria-geral do CDC.

Acusado em março de 2013 de tráfico de influência envolvendo concessões públicas a oficinas para inspeções de veículos, o único filho de Pujol dedicado à política anunciou sua demissão em 14 de julho "para não prejudicar ninguém em um ano chave e histórico como 2014."

O governo de Mas pretender organizar em 9 de novembro um referendo sobre a independência da Catalunha, a qual Rajoy se opõe ferreamente.

Mas foi prudente ao comentar o escândalo afirmando que "é um tema pessoal e familiar, e não tem nada a ver com a Convergência ou com o governo da Catalunha."

O filho mais velho do ex-presidente catalão, Jordi Pujol Ferrusola, é investigado pela Justiça por "evasão de divisas" envolvendo milhões de euros e vários países, entre eles Andorra, Luxemburgo, Liechtenstein e Suíça.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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