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Líder da Ucrânia promete mudanças no governo antes de mais protestos

24 jan 2014 - 19h31
(atualizado às 19h32)
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O presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch, cumprimenta o representante europeu Stefan Fule, em Kiev
O presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch, cumprimenta o representante europeu Stefan Fule, em Kiev
Foto: AP

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, prometeu nesta sexta-feira remodelar o governo na próxima semana e alterar as leis radicais antiprotestos, no que parecia ser uma oferta de concessões à oposição em meio a violentas manifestações contra seu governo.

Yanukovich fez a oferta em conversa com líderes da Igreja, enquanto manifestantes erguiam mais barricadas nas ruas e ocupavam um prédio ministerial em Kiev, antes do que é esperado para ser outro fim de semana quente de manifestações contra o governo.

O Partido das Regiões, do presidente, confirmou relatos de que os protestos que já duram dois meses se espalharam para outras partes da Ucrânia, particularmente para regiões ocidentais pró-União Europeia, onde ele disse que "extremistas" tomaram edifícios administrativos.

Yanukovich, que vem do leste da Ucrânia, uma região que fala principalmente russo, disse que as principais decisões serão tomadas em uma sessão especial do Parlamento programada para ocorrer na próxima terça-feira.

"Eu, como presidente, vou assinar um decreto e vamos remodelar o governo a fim de encontrar a melhor equipe profissional possível para o governo", disse ele em comentários divulgados em seu site.

Ele não deu nenhuma indicação de quão grande será a reforma governamental e não estava absolutamente claro se o primeiro-ministro, Mykola Azarov, ou quaisquer outras figuras-chave teriam que renunciar.

A renúncia do governo tem sido uma das principais reivindicações da oposição, e as palavras de Yanukovich pareciam claramente uma intenção de concessão aos adversários que expressaram frustração com suas manobras protelatórias nas negociações até agora.

A promessa de reconsiderar a legislação antiprotestos, que foi aprovada pelo Parlamento na semana passada por políticos leais a Yanukovich, também parecia ser uma concessão, o que pode tirar alguma força das novas manifestações planejadas para o fim de semana.

Perturbadores radicais

As manifestações de massa contra o governo de Yanukovich eclodiram em novembro depois que ele desistiu de assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia em favor de laços econômicos mais estreitos com a Rússia, que liderava a ex-União Soviética.

Os protestos também tiveram como alvo a má administração e a corrupção entre dirigentes e funcionários do governo, e houve violentos confrontos com a polícia no centro da cidade de Kiev, onde três manifestantes morreram nesta semana, dois de ferimentos de bala.

<p>Velas acesas em frente ao Palácio de Outubro em homenagem aos manifestantes mortes durante confrontos com a polícia</p>
Velas acesas em frente ao Palácio de Outubro em homenagem aos manifestantes mortes durante confrontos com a polícia
Foto: AP

Os manifestantes controlam partes importantes do centro da capital, incluindo a sua principal Praça da Independência. Nesta sexta-feira, eles ocuparam o edifício principal do Ministério da Agricultura, depois que o diálogo entre Yanukovich e a oposição não avançou na véspera.

Comentando sobre a propagação dos protestos para outras cidades, o Partido das Regiões afirmou em comunicado: "A situação tem crescido mais nitidamente em todo o país." O partido instou os ucranianos a ignorar os chamados de "perturbadores radicais" para se juntar às manifestações.

Mais de 100 pessoas foram detidas nos distúrbios, incluindo 24 formalmente presos, segundo a polícia.

Mas, ainda que alguns manifestantes tenham acendido pneus no principal ponto de concentração, perto do estádio do Dynamo Kiev, eles parecem ter atendido a um pedido da oposição para manter uma trégua.

Em outros comentários conciliatórios nesta sexta-feira, Yanukovich disse que irá convidar os líderes da oposição para uma equipe anticrise e afirmou que as pessoas que tinham sido detidas até agora e que não cometeram crimes graves seriam anistiadas.

<p>Manifesta&ccedil;&otilde;es continuam confrontando a pol&iacute;cia em Kiev. Oposi&ccedil;&atilde;o tenta conversar com o presidente Yanukovich e chegar num consenso, mas at&eacute; ontem nenhum avan&ccedil;o foi feito</p>
Manifestações continuam confrontando a polícia em Kiev. Oposição tenta conversar com o presidente Yanukovich e chegar num consenso, mas até ontem nenhum avanço foi feito
Foto: Reuters

"Eu vou fazer tudo que eu puder para acabar com este conflito, para acabar com a violência e estabelecer a estabilidade", disse a líderes da Igreja, de acordo com sua página na Internet.

Porém, referindo-se aos radicais que têm bombardeado as tropa de choque com coquetéis molotov e pedras, ele declarou: "Se não tivermos sucesso, vamos usar todos os métodos legais previstos em lei."

Não houve reação imediata dos líderes da oposição aos comentários de Yanukovich nesta sexta-feira.

Mediação internacional

Mais cedo, o líder da oposição Vitaly Klitschko disse que a única maneira de sair do impasse era com mediação internacional.

"Em vez de mudar para resolver a situação pelo senso comum, Yanukovich declarou guerra contra seu próprio povo. Ele está tentando se manter no poder ao preço de sangue e desestabilização da situação no país. Ele tem que ser contido", disse o ex-campeão de boxe mundial, agora político.

A crise na ex-república soviética de 46 milhões de pessoas tem tocado o alarme no Ocidente, enquanto a Rússia alertou contra a interferência ocidental na turbulência ucraniana.

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