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Livro revela aflição de Elizabeth II com reinado de Charles

O príncipe de Gales defende abertamente as questões relativas à preservação ambiental e arquitetônica - o que traria "novo modelo de monarquia"

4 fev 2015 - 06h11
(atualizado às 08h09)
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O príncipe é tido como uma pessoa insegura, e alguns empregados se sentem decepcionados
Foto: Russell Cheyne / Reuters

Um novo livro sobre o príncipe Charles expõe o ambiente de disputas internas na corte e revela a inquietação da rainha Elizabeth II com a possibilidade de os britânicos não estarem preparados para o estilo de reinado que o herdeiro ao trono pretende desenvolver.

A jornalista Catherine Mayer, da revista Time, escreveu 'Charles: Heart of a King' (Charles: o coração de um rei, em tradução livre), fundamentado em contatos com o próprio príncipe e com seus funcionários.

De acordo com Mayer, a rainha, que completará 89 anos em abril, não escondeu sua preocupação com o estilo tão diferente de reinado que intenciona seu filho, muito comprometido com assuntos como a mudança climática e a arquitetura local - algo que por vezes já rendeu críticas de especialistas.

Elizabeth II, no entanto, nunca expôs sua opinião ou se pronunciou publicamente sobre temas deste gênero, por considerar que, como soberana, reina, mas não governa, portanto, sua posição deve ficar à margem dos diferentes debates levantados no país.

Por outro lado, o príncipe de Gales, de 66 anos, defende abertamente as questões relativas à preservação ambiental e arquitetônica, em favor de edifícios que não embelezam uma capital como Londres.

Em seu livro, Mayer afirma que esse ativismo de Charles pode resultar, após a morte de Elizabeth II, em um "possível novo modelo de monarquia", porque deve "redefinir" a coroa. "Alguns membros da corte, inclusive a rainha, temem que nem a coroa e nem seus súditos tolerem o impacto do novo", escreveu.

Durante conversa com a jornalista, o príncipe disse, em referência aos assuntos que defende, que abraça "somente os desafios mais difíceis", porque pretende "elevar as aspirações e recriar a esperança".

Um dos maiores críticos da atitude de Charles é seu pai, o duque de Edimburgo, que acredita que o filho tem um "comportamento egoísta" por priorizar suas paixões ao invés das obrigações reais, revelou em "Charles: o coração de rei".

"Nos quartos e corredores do palácio de Buckingham há uma ansiedade crescente, enquanto o reinado de Elizabeth II entra no que denominaram de 'inevitável crepúsculo'", afirmou a jornalista sobre os últimos anos de reinado da soberana, que assumiu o trono em 1952.

O príncipe Charles, que aparentemente teme a morte de seus pais, planeja "um novo modelo de monarquia", afirmou Mayer.

O livro também revela que a corte do príncipe Charles sofre com disputas internas, que um funcionário chegou a comparar com um "Covil de Lobos", relato da escritora Hilary Mantel sobre o mundo oportunista e de traições da Corte de Henrique VIII (1491-1547).

Apesar de Mayer afirmar que Charles é chamado pelos funcionários como "o chefe", o príncipe é tido como uma pessoa insegura, e alguns empregados se sentem decepcionados.

Charles nem sempre tomou decisões "com sabedoria", e designou pessoas para dizer o que quer ouvir, em vez de escutar a verdade, declarou a escritora, que, em alguns trechos do livro, descreve o príncipe como uma pessoa com dificuldade em controlar suas numerosas instituições de caridade, assim como seus interesses comerciais.

A jornalista acrescenta que, muitas das dificuldades na corte se dão pela incapacidade do príncipe de criar postos específicos para seu pessoal, o que cria disputas internas.

O palácio de Buckingham ainda não se pronunciou sobre o conteúdo do texto, mas o jornal "The Daily Telegraph" informou nesta semana que os advogados do herdeiro ao trono estudarão seu conteúdo em detalhes para determinar se há alguma "afirmação mentirosa" ou "prejudicial para o príncipe".

EFE   
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