Com maioria dos votos apurada, "não" vence referendo grego
Ministério do Interior grego afirmou que 61% dos votos foi para o "não" contra 39% votando pelo "sim".
Mais de uma hora antes da divulgação oficial do resultado do referendo realizado hoje (5) na Grécia, a celebração da vitória do não já ocorre na Praça Syntagma, em Atenas.
Grupos de manifestantes chegam ao local carregando milhares de bandeiras gregas. Nas avenidas próximas à praça, é possível ouvir buzinas de automóveis em sinal de apoio às projeções que apontam a vitória do não no referendo.
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Os eleitores gregos rejeitaram as propostas dos credores internacionais – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Segundo o Ministério do Interior grego, 61% dos votos foi para o "não" contra 39% votando pelo "sim".Com isso, a população disse ser contra às exigências dos credores para liberar um novo pacote de resgate ao país, dando uma vitória maiúscula ao primeiro-ministro Alexis Tsipras, do partido de extrema-esquerda Syriza.
A consulta popular havia sido convocada por ele no último dia 26 de junho como uma cartada final para forçar a assinatura de um acordo mais vantajoso à Grécia. Agora, a partir desta segunda-feira (6), o premier terá mais musculatura para negociar um plano de reformas menos austero.
"Os gregos deram um corajoso 'não' a cinco anos de hipocrisia e à austeridade. O 'não' de hoje é um grande 'sim' à democracia. A partir de amanhã, a Europa começa a curar as suas feridas, as nossas feridas", declarou o ministro das Finanças Yanis Varoufakis.
O homem que conduz as negociações sobre a dívida do país também afirmou que está pronto a colaborar com seus "parceiros" e a procurar um "ponto em comum". Segundo ele, seu objetivo é a reestruturação do elevado débito da nação, que atualmente está ao redor de 180% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
O referendo
Cerca de 9,8 milhões de gregos foram convocados a decidir se o governo deveria aceitar ou não as exigências de seus credores para ter acesso a um programa de ajuda financeira de mais de 7 bilhões de euros.
Entre outras coisas, esse dinheiro seria usado para pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de um empréstimo do FMI - uma das partes envolvidas nas tratativas - que venceu na última terça (30), colocando o país em situação de default.
No entanto, as conversas foram interrompidas após o anúncio do referendo. Para liberar o montante, a Comissão Europeia, o fundo monetário e o Banco Central Europeu - a ex-Troika - cobram um amplo plano de reformas, incluindo aumento de impostos e revisão de aposentadorias. Já o primeiro-ministro pede uma reestruturação da dívida, considerada "impagável" por ele.
Com a vitória do "não", é provável que a balança nas negociações penda um pouco mais para Atenas. Do contrário, a única solução possível para o impasse pode ser uma saída da zona do euro, retornando ao dracma, algo que teria efeitos imprevisíveis.
"Faremos todos os esforços para chegar rapidamente a um acordo. Se possível, nas próximas 48 horas", declarou o porta-voz do governo nacional, Gabriel Sakellaridis.
Nesta segunda-feira, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel - grande entusiasta das políticas de austeridade -, viajará à França para discutir com o presidente François Hollande os resultados da consulta popular na Grécia.
Além disso, o G7, grupo que reúne as sete economias mais desenvolvidas do mundo e a União Europeia, já está trabalhando em um comunicado oficial sobre a vitória do "não".
Com informações da Agência Brasil.