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Merkel fala de tristeza e vergonha em visita a campo de concentração

20 ago 2013 - 16h25
(atualizado às 17h31)
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Cerimônia de homenagem às vítimas da Segunda Guerra com Angela Merkel em Dachau
Cerimônia de homenagem às vítimas da Segunda Guerra com Angela Merkel em Dachau
Foto: AP

A chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel, expressou nesta terça-feira sua "profunda tristeza" e "vergonha" durante uma histórica e polêmica visita ao campo de concentração de Dachau a um mês das eleições legislativas.

"A recordação dos destinos (dos detidos) me enche de tristeza e de vergonha", ressaltou a chanceler alemã em um breve discurso durante a sua visita, a primeira de um chefe de Governo alemão a este campo perto de Munique (sul).

"Cada detento no campo de Dachau ou em outros campos de concentração tinha, evidentemente, uma história pessoal, que foi interrompida ou inclusive aniquilada", declarou Angela Merkel, que depositou um buquê de flores antes de se reunir com sobreviventes do Holocausto.

O campo de Dachau, onde figura na entrada o sinistro lema dos nazistas "Arbeit macht frei" ("o trabalho liberta"), incarna "um capítulo terrível e sem precedentes de nossa história", segundo Merkel.

"Ao mesmo tempo, este local é um alerta insistente: Como chegamos a uma Alemanha em que se tirava o direito de viver de pessoas em razão de sua origem, sua religião (...) sua orientação sexual ?" questionou a chanceler, que pronunciou seu discurso na praça do campo onde mais de 43.000 pessoas foram mortas, de acordo com os funcionários do Memorial.

A chanceler, com o rosto fechado e a voz embargada, também lembrou que a "imensa maioria dos alemães" fechou os olhos ou não fez nada diante da deportação de judeus ou de opositores políticos para esses campos.

Esta visita, acompanhada por sobreviventes, "é uma ponte da História para o presente e o futuro que queremos seguir construindo", concluiu.

A ida da chanceler ao campo, em plena campanha eleitoral para as legislativas de 22 de setembro, será seguida de um comício eleitoral em uma "barraca de cervejas" nesta localidade, o que gerou críticas.

Os Verdes alemães e alguns meios de comunicação consideraram estranho que esses dois eventos ocorram no mesmo dia.

O campo de Dachau abriu seus portões em 1933, pouco após a chegada de Hitler ao poder, e era o destino de prisioneiros políticos. Foi o primeiro campo nazista e serviu de modelo para os demais.

Mais de 200.000 opositores políticos, homossexuais, judeus, ciganos, deficientes físicos, ou prisioneiros de guerra foram enviados para Dachau, incluindo o primeiro-ministro francês Léon Blum, que era judeu. Desses, mais de 41.000 foram mortos ou morreram vítimas de esgotamento, fome e doenças antes que o campo fosse ocupado pelos americanos em abril de 1945.

Atualmente, o local recebe cerca de 800.000 visitantes por ano.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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