A secretária de Estado e primeira mulher muçulmana em um governo do Reino Unido, Sayeeda Hussain Warsi, também conhecida como Baronesa Warsi, renunciou nesta terça-feira por conta da política oficial do governo britânico sobre o conflito na Faixa de Gaza.
No Twitter, a ministra disse que estava deixando o cargo com "profundo pesar". No governo desde que o primeiro-ministro David Cameron assumiu seu posto, em 2010, Warsi disse que escreveu na manhã desta terça para o premiê e apresentou sua renúncia.
De acordo com o jornal The Guardian, a secretária de Estado para Fé e Comunidades e também alta funcionária do ministério das Relações Exteriores estava infeliz com a falha de Cameron em não condenar de forma inequívoca a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza ou o número de vítimas. Nessa segunda, o porta-voz do primeiro-ministro se recusou a dizer se o governo israelense estava agindo de maneira desproporcional ou fazendo o necessário para prevenir mortes de civis.
With deep regret I have this morning written to the Prime Minister & tendered my resignation. I can no longer support Govt policy on #Gaza
A oposição trabalhista acusa o governo conservador-liberal de David Cameron de ser muito complacente com Israel e sua ofensiva militar em Gaza, que matou mais de 1.850 palestinos em 29 dias. Sessenta e quatro soldados e três civis israelenses morreram no mesmo período.
Até o momento, a única medida adotada pelo governo britânico em resposta à ofensiva foi a revisão das licenças já concedidas para a venda de armas a Israel, mas sem bloquear as mesmas.
Além disso, Cameron afirmou na segunda-feira que a ONU tinha razão em condenar o bombardeio israelense de uma escola que matou 10 pessoas no domingo em Gaza, mas não opinou se a ação era contrário à lei internacional.
Os pais de Warsi são imigrantes paquistaneses. Em 2007, ela foi designada para uma cadeira na Câmara dos Lordes (a câmara alta do Parlamento) e em 2010, após a vitória eleitoral dos conservadores, entrou para o gabinete.
Retirada em Gaza
Horas antes, Israel havia informado que iria retirar todas as suas tropas da Faixa de Gaza. O anúncio aconteceu minutos antes do início de um cessar-fogo de 72 horas entre o Exército israelense e o Hamas proposto pelo governo egípcio. A medida entrou em vigor às 5h GMT (2h de Brasília).
Antes desse acordo, o Exército israelense já havia declarado que destruíra todos os túneis usados pelos militantes do Hamas na Faixa de Gaza, cumprindo uma das promessas feitas na ofensiva que já dura quase um mês.
12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty / AP
29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty / AP
30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty / AP
01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas / AP
01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi / AP
01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen / AFP
02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem / Reuters
04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner / Reuters
07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa / AP
08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.