Ministra da Educação da Alemanha renuncia após acusações de plágio
Primeiras acusações de plágio contra Schavan surgiram sete meses atrás, na internet. Merkel assegurara ter "plena confiança". Atual secretária da Ciência do Estado da Baixa Saxônia, Johanna Wanka, assumirá o ministério
A ministra alemã da Educação, Annette Schavan, anunciou neste sábado que está entregando o cargo. Segundo a chefe de governo Angela Merkel, Schavan propusera a renúncia na véspera, numa decisão que a deixara "de coração muito pesado". Merkel avaliou Schavan como uma das "mais reconhecidas e destacadas" políticas do país, na área da educação.
Ambas as políticas pertencem à conservadora União Democrata Cristã (CDU), que compõe a coalizão do governo alemão juntamente com o Partido Liberal Democrático (FDP). A chanceler federal anunciou que a pasta da Educação será assumida pela atual secretária da Ciência do estado da Baixa Saxônia, Johanna Wanka - igualmente democrata-cristã, a doutora em Matemática é há vários anos secretária da Ciência dos Estados de Brandemburgo e da Baixa Saxônia. Segundo Merkel, Wanka possui os melhores pré-requisitos para o cargo. A cerimônia de posse deverá se realizar na próxima quinta-feira.
Após a conversa com Merkel, Schavan afirmou publicamente não haver plagiado nem enganado em sua tese. Ela só estaria renunciando para evitar danos para o Ministério e o governo: "O Ministério não deve ser prejudicado". Agora ela pretende se dedicar a seu mandato parlamentar. Considerada pessoa de confiança de Merkel, ocupava o cargo de ministra da Educação desde 2005.
Acusações de plágio
A conservadora de 57 anos de idade renuncia nove meses após terem surgido as primeiras acusações de plágio. Em maio de 2012, um site anônimo a acusou de ter copiado textos alheios em sua tese de doutorado em Filosofia, concluída em 1980, para a Universidade de Düsseldorf. A então ministra negou as acusações e pediu abertura de uma auditoria para analisar a tese.
Em outubro, um relatório da instituição, divulgado pela revista Der Spiegel, confirmava as acusações de plágio. Stefan Rohrbacher, professor responsável pelo relatório, acusou Schavan de "intenção enganosa", enquanto o orientador da tese, Gerhard Wehle, defendeu o trabalho da ex-aluna como sendo "consistente, em si".
Em janeiro deste ano, seguindo a recomendação da comissão de doutorado da universidade, o conselho da Faculdade de Filosofia pediu a abertura de processo para cassação do título de doutora de Schavan.
A decisão do conselho foi anunciada na noite da última terça-feira: 12 votos a favor, dois contra e uma abstenção. Segundo o decano da faculdade, Bruno Bleckmann, a ministra teria, "de forma sistemática e deliberada, desenvolvido reflexões acadêmicas que, na verdade, não partiram dela própria".
Na mesma noite, Schavan anunciou que iria recorrer da decisão junto ao Tribunal Administrativo de Düsseldorf. O processo pode durar meses ou anos. Políticos da oposição exigiram sua renúncia, por não considerá-la apta a ser um exemplo, como ministra da Educação.
Annette Schavan não é a primeira chefe de pasta alemã a renunciar após um escândalo acadêmico. Em maio de 2011, o então ministro da Defesa, social-cristão Karl-Theodor zu Guttenberg, renunciou quando se confirmaram as acusações de plágio em sua tese de doutorado, igualmente lançadas na internet. Em ambos os casos, antes de aceitar a renúncia, a premiê Merkel assegurara que os acusados contavam com sua plena confiança e apoio condicional.