Ministra francesa renuncia a cargo por lei contra terrorismo
Christiane Taubira se opôs à nova lei contra terrorismo
A ministra da Justiça da França, Christiane Taubira, renunciou ao seu cargo nesta quarta-feira (27), após se manifestar contra a iminente reforma na Constituição do país para inserir novas leis de segurança e terrorismo. O afastamento da ministra foi confirmado pelo presidente François Hollande através de um comunicado, no qual foi anunciado Jean-Jacques Urvoas para substituir a pasta. A saída de Taubira teria sido acertada no fim de semana, mas foi publicada somente hoje.
"Às vezes, resistir significa permanecer, mas, às vezes, significa ir embora", disse Taubira sobre sua renúncia.
A ministra tinha declarado publicamente que não concordava com algumas medidas de segurança que podem ser adotadas, entre elas a revogação da nacionalidade francesa de suspeitos ou condenados por crimes de terrorismo.
Este item consta em uma reforma constitucional anunciada pelo governo em 16 de novembro de 2015, três dias após Paris ser alvo de uma série de atentados terroristas cometidos pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis), os quais mataram 130 pessoas. As novas leis começaram a ser apreciadas hoje pelo Parlamento francês.
À época, a ministra precisou voltar atrás em seus discursos e admitir que a reforma seria colocada em vigor. "A primeira palavra é do presidente. E a última palavra também é do presidente", comentou Taubira na ocasião.
Originária da Guiana Francesa, Taubira, de 63 anos, é negra e já foi alvo de ataques e injúrias de conotação racista. Em 2013, foi chamada de macaco pela ex-candidata Anne-Sophie Leclere, do partido de extrema-direita Frente Nacional. A ministra estava no cargo desde maio de 2012.