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Muito além do véu: a cultura muçulmana em dez livros

Conheça obras que tratam do tema sob diferentes pontos de vista

14 jan 2015 - 13h12
(atualizado às 13h26)
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Foto: Getty Images

O islamismo e a cultura muçulmana são temas centrais de inúmeros debates nos últimos dias, em decorrência do ataque terrorista à sede da revista francesa Charlie Hebdo, em Paris, em 7 de janeiro e acontecimentos posteriores. No ataque à publicação, 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas, em um massacre cometido pelos irmãos Cherif e Said Kouachi, "vingando", segundo eles, o profeta Maomé das sátiras realizadas pela publicação. 

<p>Livro de Luis Eduardo Matta tem como tema central a vestimenta utilizada pelas mulheres muçulmanas</p>
Livro de Luis Eduardo Matta tem como tema central a vestimenta utilizada pelas mulheres muçulmanas
Foto: Divulgação

A cultura muçulmana, claro, vai além desses embates e ataques. É rica, misteriosa e intrigante, principalmente para a civilização ocidental. Quem está interessado em conhecer ou aprender mais sobre o tema, pode escolher entre dez obras da literatura nacional e estrangeira - selecionadas pela Nuvem de Livros e pelo Terra - que retratam o islamismo sob diferentes pontos de vista. Prepare a leitura:

1 - O Caçador de Pipas (Khaled Hosseini)

Sucesso absoluto, publicado em cerca de 70 países e com aproximadamente de dois milhões de cópias vendidas somente no Brasil. O Caçador de Pipas conta a história dos amigos Amir e Hassan, que vivem no Afeganistão da década de 1970, em realidades completamente diferentes. Durante um campeonato de pipas, Amir perde a oportunidade de defender seu amigo, episódio este que marca a vida de ambos para sempre. Com direção de Marc Foster, o livro foi adaptado para o cinema em 2008.

2 - O véu (Luis Eduardo Matta)

Do Rio de Janeiro a Teerã, passando por Genebra, o livro possui uma narrativa eletrizante, na qual o ponto de partida é o leilão, no Brasil, de uma misteriosa tela a óleo. Condenado por lideranças muçulmanas por retratar uma mulher seminua usando o véu islâmico, o quadro tem uma trajetória marcada por sucesso, polêmica, intriga e tragédia. Resultado de minuciosa pesquisa sobre o Irã, o livro é uma obra atual, que transpôs para a ficção a história recente de um país marcado pela polêmica. A obra está disponível na Nuvem de Livros.

3 - O Livreiro de Cabul (Åsne Seinerstad)

Após viver três meses como hóspede de uma família afegã, a jornalista norueguesa Åsne Seinerstad relata esta experiência, abordando as contradições da vida no Afeganistão, em uma sociedade islâmica fundamentalista. A autora conta a história de Sultan Khan, um livreiro de Cabul, que enfrentou os regimes comunista e talibã para oferecer livros aos moradores da cidade. Considerado pela crítica um dos melhores livros de reportagem sobre a vida afegã depois da queda do Talibã, O Livreiro de Cabul figurou na lista dos mais vendidos em vários países.

4 - Peregrina de Araque - uma jornada de fé e ataque de nervos no Oriente Médio (Mariana Kalil)

O que uma jornalista do mundo da moda faria no meio de um grupo formado por um frei, um padre e 35 fiéis em pleno Oriente Médio? Esse é o ponto de partida de Peregrina de Araque, um relato descompromissado, divertido e politicamente incorreto dos apuros e descobertas vividas por uma peregrina acidental no Egito, na Jordânia e em Israel. A obra está disponível na Nuvem de Livros.

5 - A cidade do sol (Khaled Hosseini)

Escrita por Khaled Hosseini, A Cidade do Sol conta a história de Marian e Laila, pessoas com vidas muito diferentes, as quais o destino se encarregará de unir. A primeira tem 33 anos, órfã de mãe, cujo pai a oferece em casamento para Rasheed, um sapareiro de 45. Laila tem 14 anos. Seu pai é professor e sempre lhe diz que ela pode ser o que quiser. Frequenta a escola, é excelente aluna e sabe que sua história é muito maior que ter um casamento arranjado com filhos. Publicado em 2007, A Cidade do Sol obteve críticas favoráveis e esteve em segundo lugar na lista dos mais vendidos da Amazon.

6 - Paquistão - viagem à terra dos puros (Fernando Scheller)

Paquistão significa "terra dos puros" em urdu, idioma oficial do país. E é assim que os paquistaneses se veem: um povo espiritualmente evoluído - em brutal contraste com a imagem que a mídia ocidental costuma lhes atribuir: terroristas e/ou vítimas de terroristas. Paquistão, viagem à terra dos puros, é um olhar descontaminado de preconceitos. Uma visão "a partir de dentro", que só se viabilizou pela vivência de quase dois meses na intimidade de um lar paquistanês, compartilhando teto, mesa, inquietações e anseios de uma família da tribo pachto.

O livro revela o papel fundamental da fé e dos valores familiares para a vida de paquistaneses e, ao mesmo tempo, destaca as semelhanças que nos aproximam dos paquistaneses e sua cultura, ao invés de enfatizar somente as diferenças que nos distanciam. A obra está disponível na Nuvem de Livros.

7 - O Irã Sob o Chador: duas brasileiras no país dos aiatolás (Adriana Carranca)

Chador é um tipo de manto iraniano, usado para cobrir o corpo feminino da cabeça aos pés. Só o rosto fica à mostra. O traje é obrigatório em mesquitas e outros lugares sagrados e conta com a preferência das iranianas islâmicas do segmento mais conservador da sociedade. Assim como as formas de suas mulheres, o Irã apresenta-se ao olhar ocidental de maneira enigmática, oculto sob o espesso chador do nosso preconceito e desinformação acerca do Oriente Médio em geral e de cada país da região, em específico.

Em viagens realizadas em momentos e circunstâncias diferentes, as jornalistas Adriana Carranca e Marcia Camargos tiveram a oportunidade de conhecer um país que não cabe na simplificação dos estereótipos. As autoras se depararam com cidades extremamente seguras para turistas, nas quais imperam a honestidade, a cordialidade e a gentileza nas relações. Em contrapartida, paira no ar a crescente insatisfação com o regime teocrático há três décadas no poder. A obra está disponível na Nuvem de Livros. 

8 - O Físico (Noah Gordon)

Ambientado no século XI, O Físico conta a história do inglês Rob Cole, órfão, aprendiz de um barbeiro-cirurgião, que decide ir para a Pérsia para tentar um lugar em uma escola extraordinária, onde um famoso físico leciona. Para atrapalhar seus planos, por ocasião das Cruzadas, descobre que cristãos não podem frequentar as universidades muçulmanas. Percebe, assim, que a única solução é assumir a identidade de judeu. O Físico é o primeiro livro da consagrada trilogia de Noah Gordon, que contém também as obras Xamã e A Escolha da Drª Cole.

9 - O Homem que Calculava (Malba Tahan)

Considerado um clássico da literatura infantojuvenil brasileira, O Homem que Calculava forma gerações desde 1938, apresentando, de maneira inédita, uma matemática divertida, muito distante daquela apresentada nas escolas. Malba Tahan, heterônimo do professor Júlio César de Mello e Souza, narra a história de Bereniz Samir, um calculista persa, na Bagdá do século XIII, com o dom intuitivo da matemática, manejando os números com a facilidade de um ilusionista.

10 - Relato de um Certo Oriente e Dois Irmãos (Milton Hatoum)

Descendente de uma família árabe e amazonense, Milton Hatoum nasceu em Manaus e publicou dois romances: Relato de um Certo Oriente e Dois Irmãos. A primeira obra, lançada em 1989, rendeu-lhe o prêmio Jabuti (melhor romance/1990), foi traduzida para seis línguas e publicada em oito países. Dois Irmãos, de 2000, indicado para o Prêmio Multicultural Estadão e também para o Jabuti de ficção (melhor romance), já foi traduzido para oito línguas e publicado em dez países.

Fonte: Nuvem de Livros
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