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Nenhum religioso deu benção a Totò Riina antes da morte

Mafioso morreu em hospital do presídio em Parma, aos 87 anos, sem nunca ter se arrependido de seus inúmeros homicídios

17 nov 2017 - 10h06
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Nenhum religioso deu a extrema unção ao mafioso Salvatore Totò Riina antes de sua morte no hospital Maggiore, de Parma, informam fontes médicas à ANSA.

Chefe da máfia Siciliana do século 20 é escoltado por agentes italianos em Palermo, na Itália
Chefe da máfia Siciliana do século 20 é escoltado por agentes italianos em Palermo, na Itália
Foto: Reuters

Nenhum pedido neste sentido foi feita para o capelão do presídio, padre Giovanni Mascarucci, nem aos padres capuchinhos que atendem os pacientes do hospital da igreja de São Francisco ou da diocese de Parma. Também não houve a manifestação de nenhum religioso para ir ao hospital e fazer a oração.

Riina faleceu aos 87 anos nesta sexta-feira (17) e nunca mostrou arrependimento pelos seus inúmeros homicídios.

No fim do ano passado, uma igreja em Bari chegou a ser fechada por conta do padre local aceitar celebrar uma missa de sétimo dia de um mafioso. O caso da relação entre membros da Igreja e as máfias italianas já foi condenada por diversas vezes pelo papa Francisco. 

Os familiares do chefão da Cosa Nostra, Salvatore Totò Riina, não se despediram dele no hospital, informam fontes médicas. Os quatro filhos do "chefe dos chefes" receberam uma autorização especial do Ministério da Justiça nesta quinta-feira (16) por conta do agravamento do estado de saúde dele, mas não chegaram a visitar o pai.

O mais velho deles, Giovanni, cumpre pena de prisão perpétua por quatro homicídios; já o mais jovem, Giuseppe, está sob sistema de vigilância especial após cumprir uma condenação de oito anos por associação mafiosa. As duas filhas, Maria e Lucia, não tem antecedentes criminais e, enquanto a primeira vive na Púglia, a mais nova ainda mora em Corleone.

Internação

As condições clínicas de Salvatore Totò Riina se agravaram há cerca de 10 dias dentro da repartição para presos do hospital de Parma, informam fontes médicas à ANSA.

Nesse período, ele foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até a morte, registrada às 3h37 (hora italiana) . Ele havia passado por duas cirurgias nas últimas semanas. Até onde se sabe, a primeira vez que o mafioso foi para o hospital ocorreu em 13 de dezembro de 2015. Não está ainda claro, por conta da alta confidencialidade, se os familiares foram até ele nas últimas horas de vida, passadas em coma induzido.

A Procuradoria de Roma, por sua vez, autorizou a autópsia do corpo de Riina. "A decisão do exame médico foi tomada por tratar-se de uma morte ocorrida em um ambiente carcerário e que pede a completa busca de esclarecimentos, para a garantia de todos", explicou o procurador Antonio Rustico. 

Sem perdão

A irmã do juiz italiano Giovanni Falcone, Maria, afirmou nesta sexta-feira (17) que "não comemora" a morte do mafioso Salvatore Totò Riina, mandante do atentado que matou o magistrado, mas que não consegue perdoá-lo pelo que fez.

"Não comemoro a sua morte, mas não há perdão. Como ensina a minha religião, eu poderia lhe conceder o perdão se ele tivesse se arrependido, mas ele nunca deu nenhum sinal de redenção", afirmou à ANSA.

Maria Falcone afirmou ainda que, por tudo que viu da vida do mafioso, "é evidente que ele nunca deu nenhum sinal de arrependimento".

"Basta relembrar as interceptações no qual ele comemorava a morte de Giovanni Falcone", disse em referência às conversas do chefão mafioso com parentes, que foram monitoradas pela Justiça italiana.

Riina ordenou a morte de Falcone em um atentado no dia 23 de maio de 1992. Explosivos foram colocados na estrada A29, em Capaci, nos arredores de Palermo, e foram ativados quando o carro com Falcone, sua esposa, Francesca Morvillo, e três agentes de segurança, Vito Schifani, Roco Dicilio e Antonio Montinaro, passou pela "armadilha" dos mafiosos.

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