Onda de calor mata uma tonelada de peixes no rio Reno
Enquanto temperaturas elevadas e estiagem deixam marcas na Alemanha, na vizinha Suíça, onde nasce o Reno, cerca de uma tonelada de peixes mortos foi recolhida num trecho do rio no último fim de semana, em consequência da onda de calor que assola a Europa, confirmou nesta segunda-feira (06/08) a associação de pescadores do país.
A espécie mais afetada foi a Thymallus thymallus, que vive idealmente na água a uma temperatura de no máximo 23°C e para a qual temperaturas de mais de 27°C são mortais. Na comuna suíça de Stein am Rhein, a oeste do Lago de Constança, a temperatura do Reno superou claramente essa marca.
Autoridades suíças já haviam implementado em julho medidas para evitar a morte dos peixes, instalando seis tanques de água fria em afluentes, onde milhares de peixes se refugiaram. Mas os tanques não foram suficientes em meio a duradoura onda de calor na região.
No verão de 2003, quando uma onda de calor deixou cerca de 70 mil mortos na Europa, ao menos 50 mil peixes da espécie Thymallus thymallus morreram no Reno. Especialistas e autoridades temem um desastre das mesmas proporções.
"O prognóstico é desolador", afirma o encarregado de preservação da vida selvagem da associação suíça de pescadores, Samuel Gründler.
Na vizinha Alemanha, para onde o rio Reno flui a partir de sua nascente nos Alpes, o verão atípico caminha em direção a um novo recorde. De acordo com o Serviço Meteorológico Alemão (DWD), as temperaturas devem chegar a máximas entre 32°C e 39°C nesta terça-feira.
Na quinta-feira, tempestades com chuvas fortes devem fazer com que as temperaturas caiam em algumas partes do país, mas segundo o DWD, ainda não se sabe se a onda de calor persistirá. A temperatura média registrada entre abril e julho deste ano ficou 3,6°C acima da média registrada entre 1961 e 1990.
A Alemanha teve o dia mais quente deste verão na terça-feira da semana passada. Em Bernburg, no estado da Saxônia-Anhalt, os termômetros chegaram a 39,5°C. A maior temperatura atingida na Alemanha desde o início das medições, em 1881, foi registrada em Kitzingen, na Baviera, onde tanto em 5 de julho de 2015 quanto em 7 de agosto de 2015, os termômetros marcaram 40,3°C.
Em Hamburgo, no norte da Alemanha, as altas temperaturas e o aquecimento dos corpos de água também resultou na morte de uma série de peixes nas últimas semanas - quase cinco toneladas foram recolhidas em apenas um fim de semana.
No estado alemão de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha, mais de 20 toneladas de peixes mortos foram coletadas na represa Rötlener no último fim de semana, segundo a associação de pescadores local. Com a ajuda de bombas hidráulicas, bombeiros tentam resfriar a água e fornecer oxigênio para os animais. Altas temperaturas provocam uma redução da quantidade de oxigênio na água.
Além das mortes de peixes, a atual onda de calor acompanhada de estiagem vem diminuindo o nível do Reno, o rio mais longo da Alemanha e essencial para o transporte de cargas no país. Segundo autoridades, o rio deve continuar a baixar nos próximos dias. O transporte fluvial, no entanto, não deve ser interrompido, mas navios já vêm sendo obrigados a trafegar com carga parcial.
No sul do estado de Brandemburgo, o rio Schwarze Elster secou em alguns trechos. A estiagem também fez com que agricultores alemães solicitassem ajuda do governo para compensar as safras perdidas. Segundo o presidente da Associação de Agricultores Alemães (DBV), bilhões de euros devem ser necessários para compensar perda de até 70% das safras em algumas áreas.
Nesta segunda-feira, mais de um milhão de crianças voltaram às aulas após as férias de verão em três estados alemães - Renânia-Palatinado, Sarre e Hessen -, mas alguns alunos puderam ir para casa mais cedo que o planejado devido ao calor.
O transporte ferroviário entre Alemanha, Bélgica e Holanda também foi prejudicado devido ao calor nesta segunda-feira. Nas rotas do trem de alta velocidade ICE entre Frankfurt e Amsterdã e entre Frankfurt e Bruxelas, trens foram cancelados porque locomotivas deixaram de funcionar.