ONU alerta para proliferação de novas drogas
O Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes (OICE) manifestou nesta terça-feira sua preocupação com a proliferação de novas drogas elaboradas por traficantes para driblar as proibições, e informou que prevê um "problema cada vez maior" de saúde pública.
"Recentemente tem surgido um número cada vez maior de novas substâncias psicoativas não submetidas a fiscalização, o que se tornou uma grande ameaça para a saúde pública e um verdadeiro fenômeno mundial", afirmou o OICE, organismo das Nações Unidas, em seu relatório anual publicado em Viena.
Até 1 de outubro do ano passado, foram detectadas 388 substâncias distintas no mundo, o que representa um "aumento de 11%" relativo a 2013 e o dobro em comparação com 2009.
Elaboradas rapidamente em laboratórios, as novas substâncias - entre elas canabinoides sintéticos - enganam as legislações dos diferentes países e se beneficiam de um vácuo jurídico que permite que sejam comercializadas, especialmente pela internet.
"Tais substâncias se apresentam como alternativas 'legais' ou 'naturais' às sustâncias fiscalizadas, passando a ideia errada de que são seguras pelo fato de não estarem incluídas nos tratados de fiscalização internacional de drogas", alerta a junta.
A organização destacou também uma queda importante da oferta mundial de cocaína sul-americana, com um "efeito palpável nos principais mercados de consumo".
Na América do Norte e, em menor escala, na Europa, a oferta em 2014 "continua sendo consideravelmente inferior" aos níveis recorde alcançados em 2006.
A evolução estaria ligada a uma diminuição de aproximadamente um terço das áreas dedicadas ao cultivo da coca em Colômbia, Bolívia e Peru, os três principais produtores mundiais da droga, entre 2007 e 2013.
O organismo da ONU destaca em particular a situação na Bolívia, onde o cultivo da coca caiu para os 23.000 hectares em 2013, "a menor área desde 2002", e onde foram fechados 6 mil centros de produção de cocaína base em um ano, assim como 67 laboratórios clandestinos.
O OICE também lamentou a legalização da maconha no Uruguai e em alguns estados dos Estados Unidos, julgando que a medida contraria o direito internacional.
A junta manifestou "sua grande preocupação com os efeitos negativos que a legislação de fiscalização do Uruguai possa ter no funcionamento do sistema internacional de fiscalização de drogas".
O Uruguai se tornou, em maio de 2014, o primeiro país a legalizar a produção, a distribuição, a venda e o consumo de maconha.