Papa Francisco condena antissemitismo na Europa
O papa Francisco condenou nesta segunda-feira o antissemitismo na Europa, uma tendência que considera "preocupante", defendendo ante os rabinos europeus "o diálogo" entre os cristãos e judeus há mais de 50 anos.
"As tendências antissemitas e alguns atos de ódio e violência são preocupantes na Europa. Os cristãos têm de ser firmes na condenação de todas as formas de antissemitismo", declarou Jorge Bergoglio, que tem mostrado repetidamente seu bom relacionamento com os judeus.
O pontífice argentino recebeu os responsáveis da Conferência dos Rabinos Europeus (CRE), pela primeira vez desde a fundação da organização em 1956.
Francisco destacou que o diálogo entre cristãos e judeus avança "há quase meio século de maneira sistemática", referindo-se ao documento do Concílio Vaticano II, "Nostra Aetate", que, em 1965, expressou a necessidade de respeitar as outras religiões.
"Os judeus e os cristãos têm a responsabilidade de manter vivo o sentido religioso dos homem e da sociedade, que atestam a santidade da vida humana", declarou Francisco.
O papa fez uma homenagem ao rabino Elio Toaff de Roma, "homem de paz e de diálogo", falecido no domingo na capital italiana, que desempenhou um papel fundamental na aproximação judaico-cristã, ao receber o papa João Paulo II de 1986.
Por sua vez, o grande rabino de Moscou, Pinchas Goldshmidt, presidente da CRE, assegurou ante o papa que os judeus são as "vítimas colaterais" de uma ofensiva antimuçulmana instrumentalizada pela extrema-direita na Europa.
Os judeus são "como um homem de pé sobre uma via férrea, entre dois trens que se aproximam em grande velocidade um contra o outro, e que não sabe qual dos dois o atingirá primeiro", afirmou.
A CRE é uma das principais vozes do judaísmo na Europa e reúne cerca de 600 rabinos ortodoxos de cerca de 40 países.