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Paris: sobrevivente de atentado foi poupada por ser mulher

"Você é uma mulher e não matamos mulheres. Mas pense sobre o que você faz, o que você faz é ruim", teria dito um dos terroristas

14 jan 2015 - 16h47
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Sigolène Vinson estava na copa da redação, fazendo café, no momento em que a revista foi invadida
Sigolène Vinson estava na copa da redação, fazendo café, no momento em que a revista foi invadida
Foto: Youtube / Reprodução

Uma escritora que colabora para a revista francesa Charlie Hebdo - cuja redação sofreu um atentado terrorista há sete dias, em Paris - deu o seu depoimento sobre o ataque dos dois irmãos Kouachi à redação da publicação. Ela diz que estava na redação no momento do ataque e que um dos terroristas lhe disse que não a mataria, porque ela é mulher. As informações são do jornal britânico The Guardian.

Segundo a publicação, Sigolène Vinson estava na copa da redação, fazendo café, no momento em que a revista foi invadida. Onze pessoas morreram durante o ataque dentro da sede da Charlie Hebdo e um policial foi assassinado durante a fuga dos atiradores.

De Paris: filas de madrugada para comprar Charlie Hebdo:

Sigolène afirma que ficou frente a frente com um dos atiradores - mais tarde identificado como Said Kouachi - e que ele teria falado com ela enquanto apontava a arma para sua cabeça.

"Ele disse: 'não tenha medo, acalme-se. Não vou te matar. Você é uma mulher e não matamos mulheres. Mas pense sobre o que você faz, o que você faz é ruim. Estou poupando você e, por isso, você vai começar a ler o Alcorão (livro sagrado do Islã)", relembra a escritora.

Sigolène diz que não acreditou que teria a vida poupada e achou injusto que o terrorista falasse que o que a revista fazia era errado. Afinal, eram eles quem tinham matado várias pessoas naquela redação.

"Eu olhei para ele. Ele tinha grandes olhos escuros e um olhar suave", disse ela. Depois do recado, a escritora moveu a cabeça para que o terrorista soubesse que ela tinha entendido o recado. 

Mais tarde, Cherif, o outro irmão responsável pelo ataque, teria matado Elsa Cayat, uma mulher que trabalhava na revista. Em repreensão, Said teria gritado três vezes "Nós não matamos mulheres!".

Sigolène disse que todos os tiros foram dados com precisão e que os alvos eram pré-determinados. Além disso, contou que ninguém gritou durante o atentado, porque todos estavam muito nervosos e com medo de morrer.

Depois de passar por cima de corpos de homens executados, a escritora ligou para o serviço de emergência avisando sobre o crime.

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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