A Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia rejeitou nesta terça-feira uma moção de censura contra o governo que lidera o primeiro-ministro Nikolai Azarov. A moção, apresentada por três grupos parlamentares opositores - Batkivshina, Udar e Svoboda - obteve o respaldo de apenas 186 legisladores, quando para sua aprovação seriam necessários 226 votos.
No entanto, o Partido Comunista da Ucrânia apresentou outra censura, que será votada mais tarde. O líder do Batkivshina, Arseni Yatseniuk, anunciou imediatamente que apoiará a iniciativa dos comunistas.
A oposição exigia a renúncia das autoridades por sua rejeição a assinar um Acordo de Associação com a União Europeia (UE) e a repressão dos protestos populares, em um crescente clima de revolta na capital. "Nos roubaram a esperança", disse da tribuna o líder do partido Udar, o campeão mundial de boxe Vitali Klitschko, antes da votação. Ele convocou os deputados a apoiarem a moção de censura ao governo e a impedir as atuais autoridades de transformem o país em um "Estado policial".
O líder do partido nacionalista Svoboda, Oleg Tiagnibok, afirmou que o povo ucraniano deve expulsar o "bando de criminosos" que está no poder, exigiu a impugnação do presidente Viktor Yanukovich e a realização de eleições parlamentares e presidenciais antecipadas. As palavras de Tiagnibok foram recebidas com gritos de "Revolução!" do setor de cadeiras que ocupa a oposição.
Desculpas
Por sua vez, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, pediu nesta terça-feira perdão pela repressão policial de uma manifestação no sábado, em Kiev, que deixou dezenas de feridos, em uma declaração ante o parlamento. "Em nome do governo, queria pedir perdão pelas ações das forças de segurança. O presidente e o governo lamentam isso profundamente", afirmou.
No entanto, antes da votação, Azarov defendeu a gestão o governo e exigiu à oposição que ponha um fim no bloqueio ilegal da sede do Executivo. "Os senhores responderão sem falta por tudo isso", disse Azarov dirigindo-se aos deputados opositores.
Ele também refutou as acusações da oposição de que o governo, ao renunciar temporariamente ao acordo de associação com a União Europeia, vendeu Ucrânia à Rússia. "Quem vendeu o país à Rússia foi quem assinou em 2009 os onerosos contratos de gás", disse a Azarov, em alusão à presa ex-primeira-ministra e líder opositora Yulia Tymoshenko, que cumpre atualmente uma pena de sete anos por "abuso de poder".
1º de dezembro - Manifestantes protestam em Kiev, na Ucrânia
Foto: AFP
1º de dezembro - O protesto exige a demissão do presidente Viktor Yanukovitch
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1º de dezembro - A oposição ucraniana convocou uma greve geral a partir deste domingo
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1º de dezembro - Neste domingo o primeiro ministro ucraniano, Mykola Azarov, anunciou que Yanukovitch viajará à Rússia nos próximos meses, apesar de o presidente afirmar que quer se aproximar da UE
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1º de dezembro - A vizinha e poderosa Rússia se opõe a este tratado
Foto: AFP
1º de dezembro - "Revolução! Que vergonha! Ucrânia é Europa!" - gritavam os manifestantes, que tomaram a praça levando bandeiras ucranianas e europeias e gritando slogans contra o presidente, que, na última sexta-feira, se recusou a assinar um acordo com a União Europeia
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2 de dezembro - Homem canta durante protesto contra o governo da Ucrânia na Praça Independência em Kiev
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2 de dezembro - Vista panorâmica do protesto massivo no centro de Kiev
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2 de dezembro - Manifestantes atrás de barricada nas primeiras horas de segunda-feira em Kiev
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2 de dezembro - Manifestantes participam de protestos em frente à sede do governo em Kiev
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2 de dezembro - Arseniy Yatsenyuk, líder opositor, durante discurso a manifestantes e críticos do governo do premiê ucraniano
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2 de dezembro - Mulher canta com a bandeira ucraniana nas mãos durante protesto da oposição em Kiev
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2 de dezembro - Jovem participa do protesto da oposição durante a noite de segunda-feira na Praça Independência, em Kiev
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2 de dezembro - Multidão canta e se mobiliza durante protesto da oposição ucraniana em Kiev com bandeiras nacionais e da União Europeia
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8 dezembro - Oposição desafia resistência do governo com novo protesto massivo na Maidan Nezalezhnosti, ou Praça da Independência, em Kiev
Foto: Reuters
8 dezembro - Vista aérea das milhares de pessoas mobilizadas no centro da capital da Ucrânia
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8 dezembro - Cristãos em momento de fé durante os protestos contra o governo do presidente Viktor Yanukovitch
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8 dezembro - Flores depositadas em frente a cordão de policiais alocados na Praça da Independência
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8 dezembro - Ativista pró-Europa em frente a policiais em Kiev
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8 dezembro - Ucraniano marreta estátua de Lênin, derrubada durante protestos contra o governo ucraniano em Kiev
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8 dezembro - Estátua do líder comunista histórico da Rússia foi depredada por manifestantes; oposição critica ligação da Ucrânia com a Rússia e exige aproximação à Europa
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8 dezembro - Domingo foi palco de novos massivos protestos de opositores, mobilizados há três semanas na capital da Ucrânia
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8 dezembro - Imagem da ex-premiê ucraniana Julia Timoshenko, atualmente presa, na Praça Independência
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8 dezembro - Manifestantes constroem barricadas para manter os protestos em frente à sede do governo, em Kiev
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8 dezembro - Manifestante faz o sinal da cruz durante a mobilização da "Marcha do milhão", em Kiev
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9 de dezembro - Pessoas usam martelos para destruir a estátua de Vladimir Lênin em Kiev. A imagem do fundador da União Soviétia foi derrubada por manifestantes pró-UE no domingo
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9 de dezembro - Manifestantes cercam a estátua de Lênin nesta segunda-feira
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9 de dezembro - Soldados do Ministério do Interior ucraniano fazem barreira protetora durante forte nevasca
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9 de dezembro - Manifestantes contrários ao governo mantêm barricada em Kiev
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9 de dezembro - Onda de protestos eclodiu quando o governo ucraniano desistiu das negociações para entrar na União Europeia
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9 de dezembro - Agente do Ministério do Interior participa de operação para conter protestos durante nevasca
Foto: Reuters
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Manifestante dispara gás lacrimogêneo contra policias durante protesto em Kiev, na Ucrânia. Milhares de manifestantes de oposição protestaram nesta segunda-feira em frente ao Gabinete de Ministros Ucranianos pedindo que o governo volte atrás da decisão de desistir da adesão à União Europeia. Centenas de pessoas confrontaram a polícia
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Manifestantes usam gás lacrimogêneo contra policiais, em Kiev
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Antes da pancadaria, mulher oferece chocolate para policiais em frente a escritórios de ministros ucranianos
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Manifestantes cercam policial durante o confronto. O presidente Viktor Yanukovych anunciou na semana passada que a Ucrânia estava desistindo de um potencial acordo com a UE para focar nas relações com a Rússia
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As manifestações se estenderam durante todo o dia em Kiev
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Manifestantes enfrentaram a neve para protestar contra a decisão do presidente
Foto: Reuters
Manifestantes acamparam em praça de Kiev para participar de protestos desde a noite de sexta-feira. De acordo com a agência AFP, estes são as maiores manifestações na Ucrânia desde a chamada Revolução Laranja de 2004, que levou a um governo pró-ocidente