Por que a Rússia não faz parte da Otan; resumo
Otan foi criada em 1949 para combater a ameaça da expansão soviética durante o pós-guerra na Europa, mas houve nos anos 1990, uma pequena janela de oportunidade para a Rússia ingressar no organismo.
Por que a Rússia não é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)? A BBC News Brasil resume aqui a resposta a esta pergunta-chave.
A Otan foi criada em 1949 em parte para combater a ameaça da expansão soviética durante o pós-guerra na Europa, diz o próprio site da organização, mas houve no passado recente, uma pequena janela de oportunidade para a Rússia ingressar no organismo; o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou a falar sobre uma possível adesão em 2000, que não foi adiante.
Mas para entender por que a Rússia não faz parte da Otan, é preciso primeiro saber como esse organismo internacional foi criado e em que contexto.
A Otan é uma aliança militar fundada no contexto da Guerra Fria, que opunha Estados Unidos e União Soviética na segunda metade do século 20.
Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, bem como seus respectivos aliados, disputaram ideológica e politicamente a hegemonia global.
Essa polarização deu origem a uma série de conflitos de pequena e média escala em diferentes locais do mundo, com o envolvimento direto ou indireto dessas duas grandes superpotências, a partir de efetiva participação militar, do financiamento, da disponibilização de armas e do treinamento militar.
Mas nunca houve um confronto aberto entre americanos e soviéticos.
Em 1955, a URSS respondeu à Otan criando sua própria aliança militar de países comunistas do Leste Europeu, o Pacto de Varsóvia.
Após o colapso da União Soviética em 1991, vários países do antigo Pacto de Varsóvia se tornaram membros da Otan, como Polônia e Hungria, além das chamadas Repúblicas Bálticas: Estônia, Lituânia e Letônia.
Atualmente, a Otan inclui 30 Estados-membros, entre os quais EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha e França — o Brasil não faz parte do organismo, mas desde 2019 é considerado como um parceiro, chamado de aliado preferencial extra-Otan.
Os integrantes do grupo concordam em ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado-membro.
Mas, apesar disso, segundo disse o historiador Timothy Sayle em entrevista à BBC, houve nos anos 1990, uma pequena janela de oportunidade para a Rússia ingressar na Otan.
A URSS tinha acabado e uma nova ordem mundial emergia. Nesse contexto, foi assinado, ainda em 1997, o chamado "Ato Fundador Otan-Rússia", um acordo para construir um relacionamento de colaboração em segurança entre o país e o bloco militar, e cinco anos mais tarde, formou-se o Conselho Otan-Rússia para aprofundar essa relação.
A Rússia ganhou até assento permanente na sede do bloco, em Bruxelas, mas a relação foi aos poucos ficando mais distante.
"Em suma, é uma disputa de longa data. A Otan sempre disse que os países candidatos se candidatam a membros e são considerados pelos membros existentes. A Rússia disse que esperava ser convidada, mas nunca recebeu um convite", diz Famil Ismailov, editor do serviço russo da BBC.
Entretanto, o ingresso da Rússia não foi adiante por alguns motivos, entre os quais as investidas militares russas na Chechênia na década de 90 — que convenceram muitos dos Estados-membros da Otan de que a Rússia não poderia se encaixar confortavelmente como um dos aliados da organização.
Ao mesmo tempo, em 1999, os russos desconfiaram das ações da Otan, com o bombardeio de Kosovo — então uma região da Iugoslávia. A organização atacou a área sem que tivesse havido agressão a membros da aliança, nem aprovação no conselho de segurança da ONU.
De lá até hoje, o presidente russo, Vladimir Putin, tem reclamado com veemência da expansão da Otan rumo ao leste, ao incorporar países que no passado eram aliados dos soviéticos.
Segundo Putin, a instalação de bases militares da aliança nesses países fronteiriços à Rússia é uma provocação e uma ameaça à paz.
O presidente russo alega que a expansão da Otan contraria termos de um acordo firmado com os EUA e outros países ocidentais. Em seu site, a organização nega que tenha havido tal promessa nos termos citados por Putin.