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Por que as investigações sobre o atentado em Manchester provocaram uma crise entre o Reino Unido e os EUA

Polícia britânica decide interromper troca de informações com colegas americanos após vazamentos em jornais dos EUA; premiê Theresa May deve abordar assunto com presidente Donald Trump em reunião da Otan nesta quinta.

25 mai 2017 - 07h46
(atualizado às 07h57)
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O atentado durante um show da cantora americana Ariana Grande em Manchester, na Inglaterra, causou uma crise entre o Reino Unido e os Estados Unidos.

O motivo foi o vazamento, pela imprensa americana, de informações sigilosas sobre o ataque - que matou 22 pessoas e deixou outras 64 feridas na última segunda-feira.

A imprensa americana publicou o nome do autor do atentado e imagens de partes do artefato explosivo antes de a polícia britânica autorizar sua divulgação. As informações e as imagens teriam sido vazadas por autoridades americanas.

Funcionários do alto escalão do governo britânico ficaram "furiosos", argumentando que o vazamento prejudicou a investigação.

Oito homens foram detidos após o ataque, realizado pelo homem-bomba suicida Salman Abedi.

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deve tratar do assunto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando ambos se encontrarem, ainda nesta quinta-feira, em uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Amber Rudd
Amber Rudd
Foto: BBC News Brasil

Já a ministra do Interior britânica, Amber Rudd, afirmou ter ficado "irritada" com a divulgação da informação.

Ela acrescentou que "isso não deveria se repetir".

Detalhes sobre a identidade de Abedi foram divulgados pela mídia americana menos de 24 horas após o ataque na Arena de Manchester, antes de a polícia britânica liberar a informação.

Segundo o analista para assuntos de segurança da BBC Gordon Corera, o governo diz acreditar que a Casa Branca não é a culpada pelo vazamento, mas, sim, autoridades policiais americanas.

Como parte de um acordo, a polícia britânica compartilha suas informações de investigações de crimes de terrorismo com forças policiais ou de inteligência dos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Canadá.

Nesta quinta-feira, segundo a BBC apurou, a polícia britânica decidiu deixar de compartilhar informações sobre os desdobramentos das investigações com os EUA.

Vítimas do atentado em Manchester
Vítimas do atentado em Manchester
Foto: BBC News Brasil

Mais prisões

O encontro entre May e Trump, durante um encontro da Otan em Bruxelas, na Bélgica, ocorre enquanto a polícia britânica continua a investigar a suposta rede ligada a Abedi.

Na manhã de terça-feira, investigadores realizaram uma explosão controlada ao fazer uma busca em uma propriedade na região de Moss Side, em Manchester.

Dois homens também foram detidos depois de uma batida em um endereço na região de Withington, na Grande Manchester.

No total, oito homens, incluindo o irmão mais velho de Abedi, Ismail, de 23 anos, foram presos em uma série de operações em Manchester, Wigan e Nuneaton. Uma mulher também foi presa, mas acabou liberada na manhã desta quinta-feira.

Em outro desdobramento, o pai de Abedi e seu irmão mais novo, Hashem, de 20 anos, foram detidos na Líbia.

Salman Abedi
Salman Abedi
Foto: BBC News Brasil

Investigação

O chefe da polícia de Manchester, Ian Hopkins, afirmou que "está muito claro que estamos investigando uma rede (de terrorismo)".

"As investigações continuam. Há uma série de investigações acontecendo, além de operações policiais, por toda a Grande Manchester", disse ele na quarta-feira.

Algumas das vítimas, entre crianças e adolescentes, estavam deixando a arena onde o show aconteceu quando Abedi detonou o explosivo. Outras, aguardavam para buscar filhos ou amigos que tinham assistido ao show.

Das 64 pessoas feridas, 20 estão em estado crítico. Doze delas são crianças.

Filho de pais líbios, Salman Abedi, de 22 anos, nasceu em Manchester e estudou na Universidade de Salford.

Um ex-colega disse à BBC em condição de anonimato que Abedi era um "cara muito brincalhão", mas também "de pavio muito curto" e que se zangava "por pouco".

Ele acrescentou que Abedi saía "com as pessoas erradas e que se deixou levar por elas".

Segundo o ex-colega, o autor do atentado se tornou "mais e mais religioso" depois de sair da escola.

Um trabalhador comunitário muçulmano, que também não quis ser identificado, afirmou à BBC que duas pessoas que conheceram Abedi na universidade telefonaram para a polícia cinco anos atrás para alertá-la sobre as visões extremistas dele.

Abedi estaria "apoiando o terrorismo" e que não via problema nas ações de "homens-bomba", disseram eles.

Veja também

Um dos detidos em Manchester é irmão do terrorista suicida:
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