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Premiê italiano pede fim de insultos racistas contra ministra negra

15 jul 2013 - 17h31
(atualizado às 17h56)
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O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, apelou ao partido de oposição Liga Norte para que tome medidas após os "vergonhosos" comentários racistas feitos por seus membros contra a primeira ministra negra da Itália. O parlamentar da Liga Norte Roberto Calderoli, que é vice-presidente do Senado, disse durante um comício político no fim de semana que a ministra da Integração, Cecile Kyenge, tinha "as características de um orangotango", provocando chamados generalizados por sua renúncia.

Letta disse que os comentários haviam prejudicado a imagem da Itália no exterior e pediu à Liga Norte para "fechar esta página vergonhosa de uma vez por todas". Seu Partido Democrata, de centro-esquerda, fez um protesto em Roma para exigir a demissão de Calderoli.

Calderoli, um ex-ministro no governo do ex-premiê Silvio Berlusconi, com um longo histórico de declarações provocativas sobre questões como o Islã e a imigração, ofereceu um relutante pedido de desculpas. No mês passado, um membro local da Liga Norte postara uma mensagem na rede social Facebook dizendo que Kyenge deveria ser estuprada.

"Não havia nada de racista sobre isso. Eu nem sequer quero ser ofensivo", disse ele ao jornal La Repubblica. "Eu estou sempre comparando as pessoas a animais." Ele rejeitou sugestões de que deveria renunciar ao Parlamento e sugeriu que Kyenge não estava qualificada para o seu trabalho. "Eu me pergunto se alguém que fala italiano com dificuldade deveria ter sido escolhido como ministro", disse ele.

Letta pediu ao chefe da Liga Norte, Roberto Maroni, presidente do governo regional da Lombardia, onde a Liga tem apoio incondicional, para conter os membros de seu partido. "Não é possível que casos assim continuem", disse ele em entrevista coletiva. "Parem com isso, acabem com isso, chega dessa vergonha."

Kyenge, uma oftalmologista, é cidadã italiana nascida na República Democrática do Congo. Ela tem pressionado para mudar as leis de nacionalidade da Itália a fim de facilitar que filhos de imigrantes nascidos no país obtenham a cidadania. Ela tem sido repetidamente submetida a insultos raciais desde a sua nomeação em abril e disse que recebe ameaças diariamente.

"Cartas, emails, telefonemas. As mais terríveis estão online, incluindo ameaças de morte", disse ela ao jornal Corriere della Sera, acrescentando que a polícia a escoltou após um evento após a descoberta de que alguém estava esperando para atacá-la. "Eu sempre tenho que estar alerta", disse ela.

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