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Presidente da Itália renuncia, deixando primeiro-ministro em situação delicada

14 jan 2015 - 10h38
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O presidente italiano, Giorgio Napolitano, apresentou sua renúncia como chefe de Estado nesta quarta-feira, deixando o primeiro-ministro Matteo Renzi com a tarefa politicamente delicada de encontrar um sucessor.

Presidente da Itália, Giorgio Napolitano, acena ao lado da mulher ao deixar o palácio presidencial de Quirinale, em Roma. 14/01/2015
Presidente da Itália, Giorgio Napolitano, acena ao lado da mulher ao deixar o palácio presidencial de Quirinale, em Roma. 14/01/2015
Foto: Remo Casilli / Reuters

Já se esperava que Napolitano, de 89 anos, amplamente respeitado fora da Itália como um garantidor da estabilidade durante a crise da zona do euro, renunciasse antes do final de seu segundo mandato por causa de sua idade avançada.

Com as eleições na Grécia marcadas para o final do mês e o Banco Central Europeu sob crescente pressão para tomar medidas sem precedentes para combater o risco de deflação, a mudança contribui para um clima cada vez mais incerto na zona do euro.

A Itália está lutando para emergir de anos de recessão e o governo enfrenta uma série de obstáculos para impor sua agenda de reformas econômicas e constitucionais.

O impasse sobre a seleção de um novo chefe de Estado pode absorver energia política preciosa e, na pior das hipóteses, minar o governo Renzi a ponto de ele precisar restabelecer sua autoridade com a antecipação das eleições gerais.

Há meses se especula sobre quem sucederia Napolitano no cargo, com poderes amplos mas pouco definidos, que vão desde a nomeação de primeiros-ministros ao veto de leis e o exercício da persuasão moral sobre a política do governo.

Nenhum candidato favorito surgiu. Entre os principais nomes citados estão o ex-primeiro-ministro Romano Prodi, o atual ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, e o juiz do tribunal constitucional Sergio Mattarella. O presidente do BCE, Mario Draghi, antes tido como candidato, descartou a possibilidade de deixar seu atual cargo.

O novo presidente será eleito em uma votação secreta por uma sessão conjunta de ambas as Casas do Parlamento, além de representantes das regiões, em um processo complexo, de vários turnos.

A votação tem de começar dentro de 15 dias e a previsão é que se inicie no final do mês. O fracasso da votação em 2013, quando as disputas políticas entre os partidos obrigaram Napolitano a se apresentar como candidato de compromisso, demonstra como o procedimento é arriscado.

O Partido Democrata de Renzi, de centro-esquerda, tem cerca de 450 pessoas na assembleia que terá 1009 eleitores, o que dá ao primeiro-ministro uma base suficiente para eleger o seu candidato, sem depender de ajuda dos principais partidos da oposição.

Mas o risco de fato para Renzi, que está há menos de um ano no poder, pode vir das próprias fileiras de seu partido, onde a ala da esquerda e alguns da velha guarda podem tentar extrair concessões de um primeiro-ministro que sempre viram com desconfiança.

Napolitano, um ex-comunista que entrou para o Parlamento em 1953, concordou relutantemente com um segundo mandato em 2013, depois que o impasse geral na eleição ameaçava criar o caos político. Os mandatos presidenciais na Itália são de sete anos.

(Reportagem adicional de Steve Scherer e Alberto Sisto)

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