Presidente da Ucrânia veta última tentativa da UE por acordo
O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, vetou as tentativas de última hora da União Europeia para salvar um acordo comercial que deveria ser assinado nesta sexta-feira e sinalizaria um histórico distanciamento da ex-república soviética em relação à Rússia.
Sob pressão de Moscou, Yanukovich abandonou na semana passada os planos para assinar o acordo, preferindo reaproximar a Ucrânia da Rússia e abalando os esforços da UE para se aproximar dos seus vizinhos do leste.
Apesar da surpreendente reviravolta, a União Europeia vinha tentando convencer os ucranianos a mudarem de ideia, citando possíveis incentivos econômicos durante as negociações na Lituânia com representantes do governo e do banco central da Ucrânia.
Na quinta-feira, líderes europeus chegaram a Vilnius, capital da Lituânia, para uma cúpula com seis países do Leste Europeu e sul do Cáucaso. Diplomatas do bloco disseram à Reuters que houve um acordo preliminar que levaria à assinatura do acordo comercial num futuro próximo, mas que Yanukovich o rejeitou.
"Vejo isso como uma derrota para a Ucrânia", disse a presidente lituana, Dalia Grybauskaite. "A atual opção da liderança ucraniana significa impor limites às chances do povo ucraniano de conseguir uma vida melhor."
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, atribuíram a Yanukovich a responsabilidade pelo fracasso das negociações, mas disseram que as portas permanecem abertas a Kiev para uma aproximação com a Europa.
Yanukovich disse na sexta-feira que a Ucrânia ainda pretende assinar um acordo com a União Europeia no futuro, mas que seu país precisa de um pacote de ajuda financeira para facilitar essa aproximação. Ele disse que uma oferta anterior de 600 milhões de euros (800 milhões de dólares) seria "humilhante".
Na reunião de quinta-feira, ele detalhou os problemas econômicos da Ucrânia, citando o preço elevado que Kiev precisa pagar pelo gás russo.
Merkel disse que, caso Kiev queira, a Europa forneceria futuramente gás natural à Ucrânia, que é energeticamente dependente da Rússia. No entanto, a atual capacidade europeia de fazer esse fornecimento em longo prazo é limitada.
A decisão de Yanukovich de rejeitar o acordo com a UE motivou protestos com milhares de participantes nos últimos dias em Kiev.
Cerca de 400 pessoas que se concentravam na praça da Independência, a principal da capital ucraniana, ficaram em silêncio diante da notícia de que o presidente havia rejeitado o acordo. Depois, aos gritos, os manifestantes começaram a chamá-lo de "covarde".
"Não tenho palavras", disse Yuri Litonchenko, de 29 anos, enxugando as lágrimas. "Eu queria que nosso país saísse de debaixo do polegar das pessoas que mandam neste país."