Presidente propõe suspensão do uso da força em protestos na Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, propôs nesta sexta-feira a suspensão do uso da força tanto pela polícia como pelos opositores durante as manifestações contra o governo no centro da capital ucraniana.
"Boa proposta, declarar uma moratória a qualquer ação de força. Adotaremos essa decisão e não haverá nenhum problema", disse Yanukovich ao encerrar a mesa-redonda nacional no Palácio Nacional das Artes de Kiev.
Yanukovich, que se reuniu hoje pela primeira vez na mesma mesma com a oposição, propôs a moratória até que a Rada Suprema (Legislativo) aborde os riscos que pode representar para o país a assinatura do atual Acordo de Associação com a União Europeia. "Ninguém prepara nenhuma ação violenta" contra os manifestantes, reunidos desde dia 21 de novembro na Praça da Independência, disse.
Yanukovich pediu a Rada que estude uma declaração de anistia para todos os detidos durante os protestos, o que incluiria os já condenados por resistência à autoridade, para que "se vire essa página". "Dirijo-me à oposição para que sejamos objetivos e justos", propôs Yanukovich, que prometeu que as autoridades punirão os que violaram a lei se excedendo no uso da força contra os manifestantes.
Ao mesmo tempo, o presidente garantiu que substituirá quem participou da elaboração do acordo com a EU, cuja rejeição por parte do executivo motivou os protestos, por considerar que esse documento é uma ameaça para os interesses nacionais. E voltou a insistir que seu país seguirá "o caminho da reforma e da integração europeia".
"Dirijo-me a todos os cidadãos concentrados em todas as praças: se acalmem e cessem o confronto. O confronto nunca conduziu a nada bom. Deixem os políticos, governo e oposição, encontrarem juntos uma saída para a atual situação", pediu.
Sobre outra das reivindicações da oposição, a renúncia do governo, o presidente lembrou que a Rada já rejeitou, no último dia 3, a moção de censura apresentada pela oposição.
Enquanto isso, a oposição não cedeu e manteve suas reivindicações. Ela exige a renúncia do governo, a libertação dos detidos, punição para os responsáveis pelas repressões policiais e eleições presidenciais e parlamentares antecipadas.
O líder parlamentar do principal partido opositor, Batkivschina, Arseni Yatseniuk, se mostrou desconfiado com a proposta de moratória no uso da força feita por Yanukovich. "Se acredito? Não. Mas isso é que ele disse", replicou Yatseniuk, que não teve seu discurso na mesa-redonda transmitido ao vivo pela televisão, ao contrário do que ocorreu com Yanukovich e com o primeiro-ministro, Nikolai Azarov.
Até agora, os dirigentes da oposição tinham se recusado a participar desse fórum, que já realizou duas sessões, na terça e na quarta -feira, por considerar que nele deve haver alguma representação internacional.