O presidente ucraniano Petro Poroshenko apresentou nesta sexta-feira um plano de paz para acabar com a insurreição separatista pró-russa no leste do país, enquanto a Rússia nega as acusações da Otan sobre um reforço de sua tropas na fronteira.
O anúncio deste plano de 14 pontos, enquanto os combates prosseguem, ocorre após uma segunda conversa esta semana entre o presidente pró-ocidental ucraniano e o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, na quinta-feira à noite.
A insurreição separatista na região industrial de Donbass já fez 365 mortos desde abril e ameaça a unidade da Ucrânia, ex-república soviética que deve selar um acordo de associação histórico com a União Europeia em 27 de junho.
O plano, revelado por um canal de televisão local e que deve ser apresentado por Poroshenko durante o dia, apresenta medidas políticas, econômicas e de segurança para uma solução pacífica para a crise.
Ele prevê garantias para a segurança dos participantes das discussões de paz, uma anistia para aqueles que depuserem as armas e que não cometeram nenhum crime grave, a libertação dos reféns e a criação de uma zona especial de 10 km na fronteira entre Ucrânia e Rússia.
Também estipula um desarmamento imediato e o fim da ocupação ilegal dos edifícios da administração regional de Donetsk e Lugansk, controlados pelos rebeldes separatistas, além de citar a organização rápida de eleições legislativas locais e um programa para a criação de empregos na região.
O plano prevê ainda a criação de "corredores" para que os mercenários russos e ucranianos deixem a zona de conflito, a descentralização do poder e a proteção da língua russa por meio de emendas à Constituição.
O documento também observa que "o presidente ucraniano garante a segurança para todos os residentes da região, independentemente da suas crenças políticas", em referência ao apoio de parte da população aos rebeldes.
O presidente pró-Ocidente Petro Poroshenko conversou na quinta-feira à noite por telefone com o presidente russo Vladimir Putin sobre o plano de paz, que deve apresentar oficialmente nesta sexta-feira em um discurso.
Segundo o Kremlin, Putin fez uma série de comentários sobre o plano e citou a necessidade do fim imediato da operação militar de Kiev contra as milícias separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk.
Poroshenko respondeu a Putin que espera seu apoio ao plano de paz uma vez instaurado o cessar-fogo unilateral prometido na quarta-feira, e que ele espera tornar efetivo em breve.
Poroshenko declarou há dois dias que o plano de paz começaria com sua ordem de cessar-fogo unilateral, o que foi considerado por Moscou como "uma boa proposta".
Quinta-feira à noite, o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel reiteraram "ao presidente russo a importância de conseguir rapidamente o cessar dos combates no leste da Ucrânia para estabilizar a situação de segurança e criar as condições de uma distensão real".
Mais cedo, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, denunciou, em Londres, que a Rússia enviou novamente milhares de soldados à fronteira com a Ucrânia.
A Rússia, por meio do porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov, disse estar surpresa nesta sexta-feira com as acusações, assegurando que o deslocamento das tropas russas para uma área próxima da Ucrânia pretende reforçar a fronteira, o que foi determinado há várias semanas.
"Neste caso não podemos falar de concentração de tropas, e sim de medidas orientadas a reforçar a proteção das fronteiras da Rússia, sob a ordem direta do presidente Vladimir Putin", disse Peskov, antes de ressaltar que a ordem foi dada "há várias semanas".
O ministro da Defesa da Ucrânia, Mikhailo Koval, por sua vez, disse que o país havia fechado sua fronteira "para os tanques e outros veículos blindados que os separatistas poderiam tentar introduzir a partir da Rússia."
Após uma interrupção do fornecimento de gás russo à Ucrânia determinada na segunda-feira por Moscou, o que forçou Kiev a voltar-se para a Europa, Poroshenko anunciou na quinta-feira que a parte econômica de um acordo de associação com a UE será assinada em 27 de junho, em Bruxelas.
O acordo, que suprime a maioria das barreiras comerciais entre a UE e a Ucrânia, reduz a zero as esperanças de Moscou de atrair a Ucrânia à União Econômica da Eurásia, que espera estabelecer junto as ex-repúblicas soviéticas.
A Ucrânia deveria ter assinado o acordo de livre comércio em novembro, mas o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovytch, desistiu sob pressão de Moscou, provocando a crise que levou à sua queda em fevereiro e à anexação em março da Crimeia à Rússia.
No campo de batalha, um porta-voz do Exército indicou que sete soldados foram mortos e 30 feridos em novos combates.
29 de maio - Membro de um grupo armado pró-Rússia chamado Exército Ortodoxo Russo monta guarda perto do aeroporto de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters
29 de maio - Médico observa 30 caixões preparados para o funeral de pró-russos mortos no aeroporto de Donetsk
Foto: Reuters
29 de maio - Membro de um grupo separatista pró-russo mostra uma imagem de um ícone religioso, em seu uniforme
Foto: Reuters
29 de maio - Separatistas pró-Rússia derrubaram nesta quinta-feira um helicóptero do Exército da Ucrânia, matando 14 militares, incluindo um general. Na foto, a fumaça deixada pelo ataque.
Foto: AP
27 de maio - Manifestantes pró-russos fortemente armados criam barricada na estrada onde fica o aeroporto, em Donetsk.
Foto: Reuters
27 de maio - Imagem de Jesus Cristo é vista em meio aos cacos de vidro e ao sangue, em cima de um caminhão, próximo ao aeroporto de Donetsk
Foto: Reuters
27 de maio - Menino caminha ao lado de uma arena de esportes, em Donetsk. A aerna foi incendiada por um grupo armado que invadiu o lugar.
Foto: Reuters
27 de maio - Coluna de fumaça sobre o aeroporto internacional de Donetsk. Mais de 50 rebeldes pró-russos foram mortos em um ataque sem precedentes por parte das forças do governo ucraniano, depois que o novo presidente foi eleito.
Foto: Reuters
27 de maio - Rebelde pró-russo se posiciona atrás de uma barricada recém-montada, próximo ao aeroporto de Donetsk
Foto: Reuters
12 de maio - Morador de Slaviansk, Yevgeni Kharkovski, de 75 anos, aponta os danos causados em sua casa devido a um bombardeio no bairro.
Foto: Reuters
12 de maio - Ativista pró-russo fica de guarda no lado de fora de um edifício administrativo na cidade ucraniana oriental de Luhansk
Foto: Reuters
11 de maio - Mulher cumprimenta um grupo de pró-russos armados, enquanto eles marchavam em direção a uma mesa de voto durante um referendo em Slaviansk
Foto: Reuters
11 de maio - Soldado ucraniano deixa sua arma em posição de tiro, em um posto de controle do exército, durante um referendo sobre a autonomia da Ucrânia
Foto: Reuters
11 de maio - Mulher é detida por forças de segurança ucranianas em um posto de controle do exército, por ter sido agressiva, durante um referendo sobre a autonomia no governo na cidade portuária de Mariupol
Foto: Reuters
11 de maio - Recruta do exército ucraniano faz gestos em um posto de controle, do lado de fora da cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia
Foto: Reuters
05 de maio - Apoiadores pró-russos gritam slogans durante uma manifestação após uma cerimônia fúnebre, em Odessa. Um deputado morreu em um incêndio no edifício sindical.
Foto: Reuters
04 de maio - Manifestantes pró-russos queimam uma bandeira ucraniana do lado de fora do prédio do conselho distrital, em Donetsk
Foto: Reuters
24 de abril - Membro de forças especiais da Ucrânia toma posição em um bloqueio na estrada da cidade de Slavyansk
Foto: AFP
24 de abril - Avião sobrevoa cidade no leste da Ucrânia. Pelo menos cinco insurgentes foram mortos nesta quinta-feira, após um ataque aéreo
Foto: AFP
24 de abril - Forças ucranianas mataram pelo menos dois insurgentes pró-russos no leste do país. Em foto, homens pró-Rússia descansam em posto de controle, durante a guarda
Foto: AP
24 de abril - Soldado ucraniano limpa partes do tanque de guerra em um posto de controle perto da aldeia de Artemiovska, a 20 km de Slovansk
Foto: AP
24 de abril - Homem mascarado pró-Rússia caminha ao lado de uma barricada na Ucrânia
Foto: AP
24 de abril - Homem armado pró-Rússia monta a guarda em um posto de controle na Ucrânia
Foto: AP
24 de abril - População participa de um comício pró-ucraniano em Luhansk, no leste da Ucrânia
Foto: Reuters
16 de abril - Soldados ucranianos entram em confronto com manifestantes pró-russos em um campo, no leste da Ucrânia
Foto: Reuters
16 de abril - Homem armado pró-russos fala com militares ucranianos em um blindado
Foto: Reuters
16 de abril - Bandeira russa é asteada sobre veículo blindado em Slaviansk
Foto: Reuters
16 de abril - Homens armados pró-russos passam por gabinete do prefeito, em Donetsk
Foto: Reuters
16 de abril - Militares ucranianos observam jato militar ucranianos que passa por cima deles, Kramatorsk
Foto: Reuters
16 de abril - Homens armados, aparentemente pró-russos, ficam de guarda em Slaviansk
Foto: Reuters
16 de abril - Slaviansk estava sob o controle das forças armadas ucranianas até a última quarta-feira
Foto: Reuters
16 de abril - Soldados ucranianos participam de confronto com manifestantes pró-russos no campo próximo a Kramatorsk
Foto: Reuters
16 de abril - Força ucranianas reforçara o seu controle sobre a cidade Kramatorsk na última quarta-feira
Foto: Reuters
15 de abril - Membros de uma unidade de defesa passam por um prédio queimado na Praça da Independência, em Kiev
Foto: Reuters
15 de abril - Militantes pró-Rússia caminham em direção ao aeroporto de Kramatorsk, no leste da Ucrânia
Foto: AP
15 de abril - General Vasyl Krutov participa de confronto do lado de fora do aeroporto de Kramatorsk. Na primeira ação militar ucraniana contra um levante pró-russos, as forças do governo entraram em confronto com cerca de 30 homens armados
Foto: AP
14 de abril - Manifestantes pró-Rússia participam de um comício em frente ao escritório do serivço de segurança do Estado, em Luhansk, no leste da Ucrânia.
Foto: Reuters
13 de abril - Pró-russos se reúnem em volta de uma barricada incendiada, próximo à sede da polícia em Slaviansk
Foto: Reuters
13 de abril - Duas manifestantes pró-russos também participam de reunião em uma barricada perto da sede da polícia em Slaviansk
Foto: Reuters
12 de abril - Apoiadores pró-Rússia participam de mais um comício em frente ao escritório so serviço de segurança do Estado. Ucrânia apelou à Rússia para deter "ações provocativas"
Foto: Reuters
12 de abril - Um homem armado é detido pelos manifestantes pró-russos, durante um comício em Luhansk.
Foto: Reuters
11 de abril: uma manifestante aguarda do lado de fora do prédio do governo de Donetsk onde protestos estão sendo realizados há dias
Foto: AP
11 de abril: homem caminha próximo às barricadas em Luhansk, cidade a 30 km da Rússia
Foto: AP
10 de abril: manifestantes pró-Rússia marcham com bandeiras em rua no porto de Odessa, cidade ucraniana no litorial do Mar Negro. Eles usam uniformes iguais aos dos soldados soviéticos da Segunda Guerra Mundial
Foto: AP
10 de abril: ativista mascarado pró-Rússia sobe em barricada durante protesto próximo ao prédio do governo de Donetsk, Ucrânia
Foto: AP
9 de abril - protestos semelhantes aos vistos na Crimeia se espalham por cidades do leste da Ucrânia após a anexação da península à Rússia
Foto: AP
9 de abril - mulher envolvida por uma bandeira russa caminha em frente à barricada montada em Donetsk
Foto: AP
9 de abril - manifestantes pró-Rússia se aglomeram em uma barricada montada em frente ao edifício do serviço de segurança estatal SBU, em Lugansk, leste da Ucrânia
Foto: Reuters
9 de abril - manifestantes pró-Rússia montam barricadas no exterior de edifício do Governo em Donetsk
Foto: Reuters
8 de abril - manifestantes russófonos se reúnem diante de barricada montada em frente ao prédio do escritório do Serviço Estatal de Segurança em Lugansk, no leste da Ucrânia
Foto: Reuters
8 de abril - ativistas se concentram próximo ao prédio da Segurança da Ucrânia, na cidade de Lugansk
Foto: Reuters
7 de abril - manifestantes pró-Rússia entram em confronto com ativistas que apoiam a integridade territorial da Ucrânia, em Carcóvia
Foto: Reuters
7 de abril - protestos são realizados no exterior de prédios governamentais da cidade de Carcóvia
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7 de abril - pessoas usam pneus para montar barricadas em frente a um prédio público, da cidade de Carcóvia, no leste da Ucrânia
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6 de abril - ativistas pró-Rússia se concentram na varanda do escritório regional ucraniano do Serviço de Segurança em Lugansk
Foto: AP
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