Promotores: copiloto da Germanwings 'escondeu' doença
Atestados médicos rasgados foram encontrados no apartamento de Andreas Lubitz na Alemanha
O copiloto do avião que caiu nos Alpes na terça-feira, Andreas Lubitz, escondeu de seus empregadores detalhes sobre uma doença que sofria, segundo promotores alemães.
Ele dizem que encontraram atestados médicos rasgados no apartamento do copiloto em Dusseldorf - que teria deliberadamente causado a queda do avião. Um desses atestados - justificando ausência no trabalho - cobre o dia do desastre.
A promotoria e a polícia realizaram buscas e apreensões na casa de Lubitz, de 28 anos, na quinta-feira. No seu relatório, os promotores não revelam detalhes sobre a suposta doença de Lubitz.
Mas informações veiculadas na mídia alemã com base em documentos das autoridades de aviação sugerem que ele sofria de depressão e requeria acompanhamento periódico.
O copiloto teve que interromper um treinamento para fazer tratamento psicológico.
Um especialista em aviação disse ao canal alemão ARD que havia uma anotação no arquivo referente a Lubitz na Autoridade Federal de Aviação destacando um episódio de problema mental. Michael Immel informou que esta anotação diz que o copiloto deveria fazer avaliações psicológicas regulares.
O voo da Germanwings, que fazia o trajeto de Barcelona até Dusseldorf, se espatifou contra as montanhas dos Alpes franceses na terça-feira, matando todas as 150 pessoas a bordo.
Caixas e computador
A polícia realizou buscas no apartamento em Dusseldorf e também na casa que Lubitz dividia com os pais em Montabaur, ao norte de Frankfurt, na noite de quinta-feira.
Vários objetos foram apreendidos nas duas residências, incluindo caixas e um computador.
Segundo Carsten Spohr, chefe da Lufthansa, o treinamento de Lubitz chegou a ser interrompido seis anos atrás, mas foi retomado "após a adequação do candidato ser restabelecida".
Luobitz começou seu treinamento em 2008 em Bremen e no Estado americano do Arizona. O treinamento foi interrompido por alguns meses, mas depois ele passou por todos os testes e foi considerado pronto para voar.
Ele ocupou funções de copiloto e primeiro oficial, desde 2013. Segundo colegas, ele parecia satisfeito com o trabalho. Mantinha o apartamento em Dusseldorf e tinha muitos amigos.
O perfil de Lubitz no Facebook sugere que o copiloto tinha uma vida ativa e gostava de correr, além de gostar de música pop.
Gravação
A conclusão de que Lubitz teria deliberadamente derrubado o avião veio depois que investigadores franceses ouviram a gravação de 30 minutos obtida de uma das caixas-pretas do voo 4U 9525.
O 4U 9525 decolou de Barcelona rumo a Dusseldorf, com 150 pessoas a bordo, às 9h01 GMT (6h01 em Brasília) em 24 de março. O Airbus 320 começou a trajetória pelo mar em direção ao território francês, levando cerca de meia hora para subir 11,6 mil metros.
O voo duraria 2 horas. Às 9h30 GMT, o avião fez seu último contato com os controladores de tráfego aéreo: uma mensagem de rotina relacionada à permissão para seguir em sua rota. Tudo parecia ir como planejado.
Mas, um minuto depois, o avião entrou em trajetória descendente.
O promotor francês Brice Robin não divulgou os horários exatos do áudio obtido no gravador, mas disse que os pilotos do avião conversaram normalmente durante os primeiros 20 minutos de voo.
No entanto, Robin afirmou que, apesar de as respostas do copiloto terem sido cordiais no início, se tornaram "bruscas" quando o capitão começou a detalhar os planos de pouso.
Pouco depois disso, o capitão saiu da cabine, provavelmente para ir ao banheiro, diz Robin.
Neste momento, o copiloto ficou sozinho no controle. Ele apertou os botões dos sistemas de monitoramento de voo para colocar a aeronave em processo de descida, segundo Robin.
"Esta ação nos controles de altitude só podem ser deliberados", diz o promotor.
Em menos de 10 minutos, o avião mergulhou em direção aos Alpes, e o copiloto não disse uma palavra sequer nesse período de tempo.
O avião se chocou com as montanhas a 700 km por hora. "A morte foi instantânea", acrescentou o promotor.
Segunda caixa preta
A segunda caixa preta, a que registra dados do voo, ainda não foi encontrada.
Os familiares de alguns dos 150 passageiros e tripulantes do voo da Germanwings visitaram Seyne-les-Alpes, perto do local da queda, segundo a agência de notícias Reuters. Eles foram acompanhados por psicólocos, paramédicos e funcionários da Cruz Vermelha.
As famílias estão fornecendo amostras de DNA para facilitar a identificação das vítimas.