Putin diz que tratado entre Hitler e URSS não foi “errado”
Em um discurso numa Universidade de Moscou, o líder russo causou polêmica defendendo tratado realizado com Hitler na Segunda Guerra
Mais uma vez, o presidente russo Vladmir Putin causou polêmica com afirmações que usam a História para tentar justificar seu governo e fortalecer a ideia da “União Soviética”. Durante uma palestra em uma Universidade de Moscou na noite desta quinta-feira, falando com jovens historiadores, ele parece ter concordado com o acordo de não agressão realizado em 1939 entre a URSS e a Alemanha nazista, que culminou, entre outras coisas, na invasão da Polônia. As informações são do The Telegraph e Deutsche Welle.
Ao se referir sobre o Pacto Molotov-Ribbentrop, Putin parece ter ignorado fatos como a tentativa de dois governos extremistas – de Stalin e Hitler em nações de ideologias opostas – de dividir territórios importantes na Europa, tais como a Polônia, Lituânia, Estônia e Romênia, provados após 1989 através de documentos secretos e negados até aquela época pelos governos russos.
"Investigações sérias devem mostrar que aqueles eram os métodos de política externa (...) a União Soviética assinou um tratado de não-agressão com a Alemanha e as pessoas dizem ‘ah, isso é ruim’. Mas, o que é que tem de ruim nisso, se a União Soviética não queria lutar, o que há de ruim nisso?”, disse o presidente da Rússia.
Críticos têm apontado como estratégia de Putin citar fatos históricos que possam fazer uma espécie de “justificativa” para seu regime autoritário.
Em 23 de agosto de 1939, Hitler e Stalin assinaram um pacto de não agressão em que a Alemanha e a União Soviética se comprometeram a não atacar uma à outra e se manter “neutras” se uma delas fosse atacada por uma terceira potência.
Potências ocidentais ficaram chocadas, tais como Reino Unido e França, pois a URSS era apontada, há anos, pela propaganda nazista, como inimiga política dos alemães. Os governos britânico e francês já haviam feito negociações secretas com a União Soviética em 1939, mas, ao contrário de Hitler, não se dispuseram a deixar o Leste da Europa sob o domínio de Moscou.
Pelas invasões e mortes de milhares de pessoas, como na Polônia invadida, por exemplo, O pacto Hitler-Stalin – uma aliança entre dois ditadores e dois Estados com regimes completamente opostos –, que deveria possibilitar aos dois parceiros conquistas territoriais e políticas de grandes proporções e, ao mesmo tempo, mudar o equilíbrio político na Europa, é considerada por muitos uma mácula na história.