Putin elogia relação Cuba-EUA e evita falar sobre Venezuela
Sobre o aumento da retórica belicista entre Rússia e Estados Unidos, Putin declarou que agora não há uma situação de maior perigo nuclear
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira considerar um passo muito positivo a aproximação entre Cuba e Estados Unidos, e evitou se pronunciar sobre a situação na Venezuela, alegando que não é costume de seu país entrar em questões internas.
Putin, que concedeu uma entrevista aos presidentes das 12 maiores agências de imprensa do mundo, se apresentou com quatro horas de atraso, depois da meia-noite da sexta-feira, por isso se desculpou antes de começar a responder perguntas.
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"Quero me desculpar que tenhamos passado da meia-noite, mas já sabem por que ocorreu. Tem a ver com o desejo dos meus colegas que vieram ao Fórum (Econômico Internacional de São Petersburgo) de debater diferentes assuntos. E é difícil interromper as reuniões", afirmou, dirigindo-se aos chefe das agências.
Os primeiros minutos da reunião foram transmitidos ao vivo pela televisão estatal russa. Depois, mudou o formato da reunião de Putin e seus convidados, que deixou de ser aberta e continuou a portas fechadas, sem possibilidade de gravação, publicação ou transmissão da mesma.
Ao ser perguntado sobre a América Latina, o presidente russo disse que é uma região prioritária para seu país, com a qual tenta manter canais crescentes de colaboração tanto política como econômica.
O chefe do Kremlin não quis se pronunciar de maneira direta sobre o conflito da Venezuela e as gestões a favor dos presos políticos no país sul-americano. Sobre o tema, ele insistiu que a política de Moscou foi sempre a de respeitar as decisões internas de outras nações. Porém, Putin não fez um pronunciamento claro a respeito.
Com relação a Cuba, no entanto, o líder russo foi muito mais explícito ao apoiar com clareza a abertura do regime e o processo de aproximação com os Estados Unidos. Putin entende que o povo cubano sofreu as consequências do embargo durante anos, e que a suspensão do mesmo será positiva para Havana e para o resto do continente, sem comentar o fato de que uma maior aproximação com Washington possa representar uma perda de influência de Moscou sobre Havana.
Sobre o aumento da retórica belicista entre Rússia e Estados Unidos, Putin declarou que agora não há uma situação de maior perigo nuclear. Em relação ao fato de a Rússia ter informando que instalará mais 40 mísseis nucleares como resposta ao anúncio dos Estados Unidos de que aumentará sua presença militar e artilharia pesada nos países do Leste da Europa, o chefe do Kremlin afirmou que se trata de corrigir erros.
Putin deixou claro que a Rússia não é um país agressor, não está a favor de elevar o nível de tensão, mas se vê obrigada a responder às ações tomadas contra Moscou pelo Ocidente.
O chefe de Estado russo também respondeu a perguntas sobre a crise ucraniana, pela qual os Estados Unidos e a UE impuseram sanções a Moscou, insistindo que o ocorrido em Kiev há quase um ano e meio foi um golpe de Estado que derrubou o governo legítimo. Ele afirmou que o leste do país se levantou contra isso, e as novas autoridades responderam com tanques, o que ele qualificou como inadmissível.
Putin defendeu que sejam cumpridos os acordos de Minsk para que o conflito chegue ao fim, e acusou Kiev de bloquear as regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk cortando o pagamento de pensões e com um bloqueio financeiro.
O presidente russo disse que a comunidade internacional deve pressionar o governo do presidente Petro Poroshenko para que cumpra suas obrigações, e negou mais uma vez que a Rússia tenha tropas na Ucrânia para ajudar os rebeldes pró-Rússia, como acusam Ocidente e Kiev.
Putin afirmou ainda que seu país defenderá seus interesses diante do embargo das propriedades estatais do país no exterior. "Não pode não haver reação", disse Putin ao ser perguntado sobre o embargo das propriedades russas em vários países europeus pelo descumprimento de uma sentença do tribunal de arbitragem de Haia que obriga Moscou a compensar em mais de US$ 50 bilhões os antigos acionistas da petrolífera Yukos, que foi expropriada pelo governo russo.
Perguntado como defenderá os interesses da Rússia no exterior, Putin afirmou que "isso é preciso ser perguntado aos juristas, que são os que vão agir". Em rel