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Europa

Quem é Ali Agca, o terrorista que tentou matar João Paulo II

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Turquia, 9 de janeiro de 1958, nasce na província de Malatya, o terrorista Mehmet Ali Agca . Vinte e três anos depois, em 13 de maio de 1981, na Praça São Pedro, Vaticano, disparou quatro tiros contra o papa João Paulo II. O plano de assassinato falhou. Agca foi dominado e preso. O pontífice se recuperou dos ferimentos e perdoou seu agressor.

Papa João Paulo II cumprimenta Mehmet Ali Agca, no perdão a seu agressor, na prisão de Rebibbia em 27 de dezembro de 1983, em Roma
Papa João Paulo II cumprimenta Mehmet Ali Agca, no perdão a seu agressor, na prisão de Rebibbia em 27 de dezembro de 1983, em Roma
Foto: AFP

Agca começou cedo. Em sua cidade natal integrou pequenas gangues de rua. Mais tarde tornou-se contrabandista entre a Turquia e a Bulgária. Após ser preso pela tentativa de assassinato do Papa, Agca disse que nessa época chegou a receber treinamento militar e de táticas terroristas da Frente Popular para a Liberação da Palestina na Síria. O grupo, entretanto, negou qualquer tipo de ligação com o terrorista turco.

Já na década de 1970, Agca uniu-se ao grupo terrorista turco Lobos Cinzentos, uma organização ultradireitista ligada ao Partido da Ação Nacionalista (MHP, na sigla em turco). Durante o período que esteve com os Lobos Cinzentos, Agca foi incumbido de cometer um assassinato. O alvo era o jornalista Abdi Ipekçi, editor do jornal de esquerda Milliyet. O crime ocorreu no dia 1º de fevereiro de 1979. Agca e outro terrorista, Oral Çelik, abordaram o carro de Ipekçi quando ele chegava em casa do trabalho.

Após condenação, a fuga

Agca foi preso pouco depois do ataque. As autoridades turcas tinham conseguido infiltrar agentes na organização terrorista. Um informante avisou Aos agentes que o crime havia sido cometido por Agca. Ele foi preso e condenado à perpétua.

Mas depois de cumprir apenas seis meses de sua sentença, ele conseguiu escapar com a ajuda de um outro integrante dos Lobos Cinzentos. Abdullah Çatli, segundo homem no comando do grupo terrorista, auxiliou Agca em sua fuga para a Bulgária, um reduto tradicional de integrantes da máfia turca. A ligação entre Agca e Çatli nunca foi totalmente desvendada e especula-se até hoje que o vice-líder dos Lobos Cinzentos tenha atuado diretamente no planejamento do ataque a João Paulo II.

Entretanto, a única evidência de ligação com Agca deu-se apenas em 1996, no acidente de carro que matou Çatli. Ele morreu em 3 de novembro daquele ano em um acidente de carro na cidade de Susurluk. No carro, foi encontrado um passaporte falso com o nome de Mehmet Ozbay, um dos pseudônimos usados por Agca durante suas viagens pela Europa.

Giro europeu e chegada a Roma

Essas viagens começaram 16 anos antes, em agosto de 1980. Agca começou a cruzar a Europa entrando e saindo de países com passaportes falsos para tentar apagar seus rastros. Ele desembarcou em Roma no dia 10 de maio de 1981, em um trem que partiu de Milão, no norte da Itália. Na capital do país, Agca afirmou posteriormente que se reuniu com três CÚMPLICES: um compatriota turco e dois búlgaros.

O plano de assassinar João Paulo II, conforme depoimentos de Agca, teria partido do mafioso turco Bechir Celenk. Entre as hipóteses levantadas, consta que Abdullah Çatli teria sido o mentor do ataque contratado por Celenk por 3 milhões de marcos, antiga moeda alemã (cerca de US$2,2 milhões em cotação atual). Pelo planejamento da ação, Agca seria responsável por disparar contra o Papa. Oral Çelik, seu comparsa no assassinato do jornalista turco dois anos antes, efetuaria disparos contra a multidão para espalhar caos e pânico.

Além disso, Çelik seria responsável por plantar um explosivo na praça, o que tiraria a atenção das autoridades e ajudaria na fuga dos dois. A dupla deveria se refugiar na embaixada búlgara.

Prisão, perdão e extradição

No dia, entretanto, o plano não deu certo. Agca e Çelik ficaram na praça escrevendo em cartões-postais esperando a chegada do pontífice. Quando João Paulo II passou no local em carro aberto, Agca aproximou-se e disparou diversas vezes. O Papa foi alvejado quatro vezes: um tiro no braço direito, outro na mão esquerda e dois disparos na barriga. Outras duas pessoas foram feridas. Çelik não cumpriu seu papel no plano, e Agca foi facilmente dominado por pessoas que estavam próximas, incluindo o chefe da segurança do Vaticano, Camillo Cibin.

Agca foi preso, e após dois processos, condenado à perpétua na Itália. Sua pena começou em julho do mesmo ano. Dois anos depois, ele voltaria a aparecer na mídia. Em 1983, João Paulo II foi visitá-lo na prisão e afirmou ter perdoado seu agressor. O Santo Padre manteve contato com Agca e seus familiares até sua morte em 2005.

Cinco anos antes, porém, João Paulo II, conseguiu convencer o presidente italiano Carlo Ciampi a perdoar o terrorista. Agca ganhou um indulto e foi extraditado para a Turquia. Ao chegar a seu país de origem, 21 anos depois de ter fugido, foi imediatamente preso para cumprir a pena pelo assassinato do jornalista Abdi Ipekçi.

Em liberdade

Prestes a ser solto, Agca aguarda resposta do governo polonês para se tornar cidadão e compatriota de sua vítima mais famosa, o cardeal Karol Wojtyla, nome verdadeiro de João Paulo II.

Alguns setores da imprensa publicaram notícias de que o escritor Dan Brown estaria interessado em entrevistar Agca para um novo livro. Brown é autor dos "best sellers" O Código DaVinci e Anjos e Demônios. Em ambos são abordadas conspirações envolvendo a Igreja Católica.

Fonte: Redação Terra
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