Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

As Principais Notícias da Europa

Quem são e como operam os clãs criminosos que formam a máfia italiana

Nos últimos dias, polícia italiana prendeu uma série de suspeitos de pertencerem à máfia que hoje tem cerca de 25 mil membros no país e 200 mil filiados em todo o mundo.

3 fev 2018 - 14h59
(atualizado às 15h56)
Compartilhar
Exibir comentários
A polícia prendeu neste mês Carmine Spada, apontado como um dos chefes da máfia italiana
A polícia prendeu neste mês Carmine Spada, apontado como um dos chefes da máfia italiana
Foto: EPA / BBC News Brasil

Em uma ampla e extensa operação contra a máfia, a polícia italiana tem prendido nos últimos dias dezenas de suspeitos em Nápoles, Roma e na Sicília. A lista de crimes atribuídos aos presos é extensa: tráfico de drogas e de armas, extorsão, suborno e roubos de obras de arte.

As ações desses grupos criminosos fizeram com que a máfia italiana fosse conhecida em todo o mundo.

Mas quem são os atuais clãs que a compõem?

Máfia siciliana: Cosa Nostra

Os sicilianos estabeleceram um modelo para outras máfias. Os membros do grupo começaram a transmitir seus preceitos no século 19 e, a partir daí, cresceram em poder e sofistificação.

A Cosa Nostra, que significa algo como "assunto nosso" em tradução livre, é considerada a primeira máfia baseada em clãs familiares. Ela é famosa pelo omertà, um código de silêncio que serve para demonstrar lealdade total ao grupo. Quem a descumpre é considerado traidor e pode ser torturado ou morto. Casos de descumprimento das punições podem levar a castigos a famílias inteiras.

Os membros da Cosa Nostra continuam resolvendo disputas de negócios dessa forma, desafiando a autoridade das cortes italianas.

Muitos sicilianos odeiam a máfia por causa do pizzo, uma forma de extorsão de comerciantes locais.

A Cosa Nostra ganhou notoriedade nos Estados Unidos ao conquistar territórios. Ela acabou por se tornar uma força no crime organizado em Chicago e Nova York. Seus membros ganharam muito dinheiro vendendo bebida alcoólica durante os anos de Lei Seca, na década de 1920.

Mapa da Itália
Mapa da Itália
Foto: BBC News Brasil

O principal negócio da Cosa Nostra atualmente é o tráfico de heroína. Segundo o FBI, a organização criminosa nos Estados Unidos hoje pouco tem a ver com os clãs da Itália.

A palavra máfia é derivada do adjetivo siciliano mafiusu, que pode ser traduzido como "arrogante" ou "audaz". O termo também é usado de maneira incorreta para qualquer quadrilha que se dedique ao crime.

Alguns clãs da máfia italiana operam de maneira global, concorrendo com outras, como a russa, a chinesa e a albanesa. Porém, algumas vezes essas gangues compartilham os crimes e os lucros.

Ao mesmo tempo, a Cosa Nostra busca influenciar a política nacional, tanto na Itália como nos Estados Unidos.

A Cosa Nostra e outros três clãs familiares, que atuam em outras regiões da Itália - a Camorra, a Ndrangheta e a Sagrada Coroa Unida -, têm cerca de 25 mil membros, além de 250 mil filiados no mundo, segundo dados do FBI.

A Cosa Nostra entrou em guerra contra o Estado italiano quando seu líder era Salvatore Riina. Conhecido como "padrinho" e "Toto", Riina assumiu seu comando em meados da década de 1970.

Em maio de 1992, seus homens detonaram a bomba que matou o juiz Giovanni Falcone, sua mulher e seus seguranças. Falcone era responsável por uma série de processos contra a máfia.

Dois meses depois, capangas de Riina voltaram a atacar com explosivos e mataram o substituto de Falcone, além de cinco de seus seguranças.

Riina morreu em novembro do ano passado, aos 87 anos, enquanto cumpria 26 sentenças de prisão perpétua por homicídios.

Buscando "diversificar" os negócios, a Cosa Nostra chegou a financiar projetos nos Estados Unidos. Uma investigação da BBC revelou em 2010 que investimentos em parques de energia eólica estavam entre os objetivos da organização.

A sociedade siciliana tem lutado contra a máfia com determinação. Um grupo antimáfia chamado Libera Terra coordena novos negócios, como hotéis, com dinheiro e propriedades apreendidos da máfia.

O professor Federico Varese, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirmou que a Cosa Nostra tem praticado extorsão em abrigos de imigrantes na Sicília. Por outro lado, além da repressão policial, algumas quadrilhas de imigrantes estão competindo com a máfia em algumas áreas, como a prostituição, disse Varese à BBC.

Máfia napolitana: Camorra

Estima-se que 4,5 mil pessoas pertençam aos clãs da Camorra, baseada em Nápoles e Caserta, no sudoeste da Itália.

Seu principal negócio é o tráfico de drogas e seus métodos são extremamente brutais. A organização também consegue dinheiro extorquindo construtoras, empresas de descarte de resíduos tóxicos e a indústria têxtil. A Camorra produz ainda falsificações de artigos da moda italiana.

A forma de atuar da Camorra foi documentada pelo jornalista italiano Roberto Saviano no best-seller Gomorra. Depois de receber diversas ameaças de morte, o repórter passou a viver com proteção constante de guarda-costas.

Em uma entrevista à TV pública americana PBS, Saviano explicou que a Camorra e a 'Ndrangheta eram menos hierárquicas que a Cosa Nostra, mas eram mais violentas, conquistaram mais poder e eram comandadas por chefes jovens.

Segundo ele, os grupos também estão menos envolvidos com política.

Apesar de a Camorra ter chegado à Espanha, suas principais bases permanecem em bairros pobres de Nápoles, como Scampia e Secondigliano.

Outro aspecto importante da máfia napolitana é que as mulheres desempenham um papel importante na organização, ocupando cargos como mensageiras, contadoras e responsáveis por pagamentos a outros membros.

Máfia calabresa: 'Ndrangheta

Três seguranças protegem o jornalista Roberto Saviano (ao centro), que escreveu um livro sobre a máfia e depois foi ameaçado de morte várias vezes
Três seguranças protegem o jornalista Roberto Saviano (ao centro), que escreveu um livro sobre a máfia e depois foi ameaçado de morte várias vezes
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Calábria, na região sul da Itália e próxima da Sicília, hoje é polo de negócios da 'Ndrangheta. Originalmente, era um dos redutos da Cosa Nostra.

Seu nome vem do grego "andragathia", que significa coragem e lealdade.

O FBI estima que a máfia calabresa tenha cerca de 6 mil membros, concentrados em uma das regiões mais pobres do país.

O grupo se especializou no tráfico de cocaína. Varese, da Universidade de Oxford, aponta que a quadrilha tem relação direta com organizações criminosas no México e na Colômbia.

Estima-se que a máfia, em comunhão com os cartéis mexicanos, controle boa parte do tráfico de cocaína na Europa.

Uma demonstração da brutalidade da 'Ndrangheta ocorreu em 2007 na cidade alemã de Duisburg, quando foram assassinados seis italianos apontados como membros de grupos mafiosos. Os corpos foram encontrados dentro de vários veículos próximos de um restaurante italiano.

A 'Ndrangheta também é acusada de desviar fundos oficiais destinados a imigrantes que vivem nas ruas da Calábria.

Máfia da Puglia: Sagrada Coroa Unida

Este é o menor grupo mafioso da Itália e é conhecido apenas como Sagrada Coroa Unida, ou Sacra Corona Unita, em italiano. A sede da organização é na Puglia, no sul do país.

Segundo o FBI, essa organização tem 2 mil membros especializados em contrabando de cigarros, drogas e armas, além do tráfico de drogas, armas e pessoas.

A Puglia é uma entrada natural para o comércio nos países Bálcãs. Acredita-se que muitos dos clãs da máfia tenham relações estreitas com quadrilhas do leste europeu.

Veja também

No tribunal, pai tenta agredir médico que abusou de ginastas:
BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade