O cardeal de Sevilha, Carlos Amigo Vallejo, assegurou nesta segunda-feira que o Vatileaks - como é chamado o escândalo gerado a partir da divulgação de documentos privados do Vaticano - será "irrelevante" no próximo conclave, ressaltando que a Igreja está unida e, apesar dos diferentes pontos de vista, "não há confrontos".
Amigo Vallejo, 79 anos, fez estas afirmações no momento de sua chegada ao Vaticano, onde foi acompanhar a primeira congregação de cardeais para preparar o conclave que elegerá ao sucessor de Bento XVI.
O purpurado, um dos cinco cardeais espanhóis eleitores - com menos de 80 anos -, assegurou que o Vatileaks "é irrelevante" no momento de se escolher o novo papa. "Que segredos de Estado esse suposto escândalo revelou?", indagou o cardeal espanhol diante da insistência dos jornalistas. Segundo Amigo Vallejo, a Igreja tem outras preocupações e desafios mais importantes para enfrentar.
O cardeal espanhol, franciscano, ressaltou que na Igreja, "como é normal entre seres humanos", há "critérios diferentes" na hora de analisar um tema, "mas não há confrontos". "A Igreja está unida e isso é o que importa", assegurou o cardeal.
Entre os papáveis europeus, o cardeal italiano Angelo Scola, 71 anos, é visto como o preferido do papa Bento XVI. O sinal teria sido dado em 2011, quando Joseph Ratzinger promoveu Scola para o comando da diocese de Milão, uma das mais influentes da igreja católica o cargo já alçou a papa dois arcebispos no século XX, Paulo VI e Pio XI.
Foto: Reuters
Odilo Pedro Scherer, 63 anos, indicou que, para a imprensa estrangeira, ele está entre os mais cotados para suceder o papa Bento XVI. Dom Odilo nasceu em uma família de 13 filhos, de pais descendentes de alemães radicados no interior do Rio Grande do Sul.
Foto: AFP
O cardeal nigeriano Francis Arinze, 80 anos, é prefeito regional emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Também visto como um conservador em assuntos como a homossexualidade, Arinze já entrou nas apostas dos "papáveis" no Conclave de 2005, quando Bento XVI foi escolhido como papa. O clérigo nigeriano, que se converteu ao catolicismo aos nove anos, se formou doutor em Teologia em Roma, foi ordenado sacerdote em 1958 e bispo em 1965, sendo que, em 1985, João Paulo II lhe designou como cardeal.
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Jorge Bergoglio, cardeal da Argentina, tem 77 anos. Sua idade, um pouco mais velho que seus adversários, pesa contra no momento em que a Igreja busca por um papa mais jovem. Bergoglio tem origem jesuíta e ficou conhecido por haver sido responsável na América Latina pela redação do documento sobre o segredo de Aparecida.
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O cardeal Tarcisio Pietro Bertone, secretário de Estado do Vaticano, é o atual camerlengo, como se denomina o administrador de bens e direitos temporários da Santa Sé até a escolha do sucessor de Bento XVI. Bertone nasceu na cidade turinesa de Romano Canavese, em 2 de dezembro de 1934. Membro da Sociedade de São Francisco de Sales São João Bosco (salesianos), estudou no Oratório di Valdocco e no noviciado salesiano de Monte Oliveto, em Pinerolo (Itália).
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João Braz de Aviz, atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, mora em Roma, e será um dos cinco cardeais brasileiros que vão participar do Conclave que elegerá o sucessor do papa Bento XVI.
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O cardeal Timothy Dolan, 63 anos, arcebispo de Nova York, está na lista dos mais cotados. Entre os 117 cardeais que votam no Conclave, Dolan se destaca pelo bom humor: está sempre sorrindo e não perde a oportunidade de fazer piadas. Caso seja eleito, sua personalidade pode ajudar a Igreja Católica a reconstruir uma imagem danificada por escândalos sexuais e divisões internas.
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Aos 61 anos, o arcebispo de Budapeste, Peter Ergö, 60 anos, é um dos mais jovens cardeais do Vaticano, mas isso não o impede de defender um catolicismo mais conservador. Como presidente da Conferência Episcopal da Europa, Erdö prega que, apesar das pressões, a Igreja revitalize e dissemine os seus dogmas tradicionais.
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O cardeal dom Cláudio Hummes, de 78 anos, é um dos brasileiros com maior trânsito na burocracia vaticana. Ex-arcebispo de São Paulo, foi prefeito para a Congregação para o Clero (espécie de ministro papal) até 2011. Desde então, é membro da Pontifícia Comissão para a América Latina.
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John Onaiyekan, cardeal da Nigéria, foi ordenado em 3 de agosto de 1969. Professor de Sagrada Escritura e francês no Colégio São Kizito, Isanlu em 1969, reitor do Seminário Menor São Clemente de Lokoja, em 1971, e estudou em Roma a partir desse ano.
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O cardeal canadense Marc Ouellet já chegou a afirmar que virar Papa "seria um pesadelo", mas este defensor ferrenho da ortodoxia, que viveu muitos anos na Colômbia e comanda a Pontifícia Comissão para a América Latina, é considerado um dos favoritos para suceder Bento XVI. Ouellet, um teólogo de prestígio, de 68 anos, provocou fortes polêmicas em Quebec, a província francófona do Canadá, ao defender nos anos 2000 as posições do Vaticano contra o casamento gay e contra o aborto, inclusive nos casos de estupro, e criticar a "decadência" de uma sociedade na qual duas em cada três crianças nascem fora do matrimônio.
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Oscar Andres Rodriguez, cardeal-arcebispo de Tegucigalpa desde 8 de janeiro de 1993, recebeu a ordenação presbiteral no dia 28 de junho de 1970, pelas mãos de Dom Girolamo Prigione. Foi ordenado bispo no dia 8 de dezembro de 1978 e se tornou cardeal no consistório de 21 de fevereiro de 2001, presidido por João Paulo II, recebendo o título de Cardeal-presbítero de Santa Maria da Esperança. Apoiou o Golpe de Estado em Honduras em 28 de junho de 2009. Desde 2007 é Presidente da Cáritas Internacional, sendo reeleito em maio de 2011 para o período que se concluirá em 2015.
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O cardeal-arcebispo austríaco Christoph Schönborn, ao contrário, tem uma idade considerada ideal: 67 anos, que lhe conferem ao mesmo tempo experiência e longos anos de pontificado pela frente. A dedicação profunda aos estudos também o aproxima do atual papa, chamado de "pai intelectual" do austríaco.
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O cardeal filipino Luis Antonio Tagle, de 55 anos, o mais jovem dos cardeais cotados para suceder Bento XVI, é considerado um progressista por sua pregação por uma Igreja humilde, em um país de grande fervor religioso e de muita pobreza. Especialista do Concílio Vaticano II e teólogo brilhante formado nas Filipinas e nos Estados Unidos, Luis Antonio "Chito" Tagle tem trinta anos a menos que Bento XVI, o Papa que renunciou aos 85 anos por falta de forças.
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Peter Kodwao Appiah Turkson, cardeal de Gana, talvez o mais preparado dos papáveis africanos, foi designado arcebispo de Cape Coast em 1992 pelo papa João Paulo II, quem lhe ordenou cardeal em 2003. Turkson é um especialista na Bíblia, já que estudou as Sagradas Escrituras no Instituto Pontifício Bíblico de Roma, onde se formou em 1980 e se tornou doutor nessa mesma matéria em 1992.
Foto: AFP
O cardeal americano Sean O'Malley, com muita fama na internet, cumpriu uma importante tarefa há dez anos ao limpar a diocese de Boston, atingida por um escândalo de padres pedófilos. Conhecido por sua simplicidade, de acordo com a pregada por sua ordem - do padre Pierre da França -, este erudito de 68 anos e língua hispânica, de óculos e barba branca, retomou em 2003 a diocese onde eclodiu o primeiro escândalo com impacto internacional sobre abusos sexuais na Igreja Católica.
Foto: AFP
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Perguntado sobre se este seria o conclave mais difícil, o purpurado afirmou que "não" e lembrou que houve momentos mais difíceis para a Igreja "durante as grandes guerras mundiais". Já em relação à idade que o novo deve ter, Amigo Vallejo disse que o importante é que o pontífice seja "um bom pastor".
Amigo Vallejo foi dos poucos cardeais que falou com a imprensa antes de entrar na primeira congregação de purpurados. A maioria dos purpurados, embora tenha cumprimentado, evitou fazer declarações.
O Vaticano divulgou nesta sexta-feira as fotos oficiais dos últimos momentos de Bento XVI como Sumo Pontífice. O fotógrafo oficial acompanhou a chegada do Papa a Castel Gandolfo, na região metropolitana de Roma
Foto: Vaticano / Reuters
Bento XVI chegou ao local onde permanecerá nos próximos meses no helicóptero oficial da República Italiana
Foto: Vaticano / Reuters
As imagens mostram também a chegada do agora Papa emérito à sacada do palácio, de onde fez o seu último pronunciamento como Sumo Pontífice
Foto: Vaticano / Reuters
O Papa falou para uma multidão que lotava a pequena praça em frente ao palácio
Foto: Vaticano / Reuters
Em seu último pronunciamento, Bento XVI agradeceu aos fiéis pelo apoio
Foto: Vaticano / Reuters
Momento em que o Papa encerrou seu discurso e seguiu para seus aposentos
Foto: Vaticano / Reuters
Momento em que o Papa encerrou seu discurso e seguiu para seus aposentos
Foto: Vaticano / Reuters
As fotos exclusivas também mostram o fechamento das portas de Castel Gandolfo pelos membros da Guarda Suíça
Foto: Vaticano / Reuters
As fotos exclusivas também mostram o fechamento das portas de Castel Gandolfo pelos membros da Guarda Suíça