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Papa Francisco

Do soldado de Hitler a paixão pelo piano: veja trajetória de Bento XVI

Joseph Ratzinger chegou a servir no exército alemão durante a Segunda Guerra. De posição conservadora, tem como uma de suas paixões o piano

11 fev 2013 - 11h03
(atualizado às 12h40)
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Eleito para substituir João Paulo II no dia 19 de abril de 2005, o cardeal alemão Joseph Ratzinger tornou-se o primeiro papa a anunciar a renúncia em 600 anos - o mesmo só tinha acontecido com Gregório XII em 1415. Os problemas de saúde foram as justificativas apontadas pelo pontífice de 85 anos para deixar o comando da Igreja Católica depois de quase oito anos buscando reverter a progressiva perda de fiéis, em uma gestão que ficou marcada por algumas polêmicas.

Nascido em abril de 1927, Joseph Ratzinger é filho de um oficial de polícia e de uma artesã da região alemã da Baviera. Aos 16 anos, foi chamado para servir no exército de Hitler nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, chegou a desertar, mas acabou prisioneiro dos aliados. Com o fim das batalhas, pode se dedicar ao estudo da teologia na Universidade de Munique.  Em 1951 foi ordenado sacerdote e dois anos depois conquistou o título de doutor em teologia, dando aulas em diversas universidades da Alemanha.

A carreira na Igreja Católica foi impulsionada com a nomeação como arcebispo de Munique Freising e logo depois como cardeal pelo papa Paulo VI, em 1977. Em 1981 foi chamado a Roma para trabalhar como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé pelo papa João Paulo II. Com uma postura mais conservadora, foi considerado como um dos principais opositores a doutrina da Teologia da Libertação, representada no Brasil por Leonardo Boff, e também pelo combate ao ateísmo e ao marxismo.

Em 1994, ratzinger já gozava de fama entre católicos. Nesta imagem, feita em junho, ele autografa uma publcação no aniversário de 1240 anos da cidade alemã de Fulda
Em 1994, ratzinger já gozava de fama entre católicos. Nesta imagem, feita em junho, ele autografa uma publcação no aniversário de 1240 anos da cidade alemã de Fulda
Foto: AFP

Ratzinger sempre foi um defensor da doutrina eclesiástica e da teologia convencional. Em 2005, com a morte de João Paulo II, foi alçado ao comando da Igreja com o desafio de conquistar fiéis sem deixar a tradição da Igreja Católica. Suas posições conservadoras, contrárias ao uso de métodos anticoncepcionais e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, chocaram os mais liberais e romperam com a possibilidade de uma abertura da Igreja Católica.

O papa também esteve diretamente envolvido em polêmicas sobre abusos sexuais, com denúncias de que teria acobertado vários casos envolvendo padres. Entre as acusações,  está a de que ele teria se recusado a punir, em 1996, um padre americano que teria molestado 200 crianças surdas. Quando ainda era arcebispo de Munique,  Ratzinger teria deixado um sacerdote retomar as atividades em sua paróquia após ser acusado de pedofilia.

Além dessas polêmicas, Bento XVI se viu envolvido, recentemente, com a acusação de que seu mordomo teria roubado documentos pessoais do pontífice, em um caso que acedeu a luz sobre as disputas internas para a sucessão de um papa com saúde debilitada.   

Pianista e poliglota

Além de um grande teólogo e defensor da tradição católica, Bento XVI também tem como uma de suas habilidades a desenvoltura com o piano. Apaixonado pelas composições de Mozart, o papa que deixa o Vaticano no dia 28 de fevereiro fala dez idiomas, com fluência em seis: alemão, italiano, francês, latim, inglês e espanhol. Também domina o grego antigo e o hebraico.

Membro de várias academias científicas da Europa, recebeu títulos de doutor honoris causa de universidades de todo o mundo. Em 2005 foi incluído na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.

Fonte: Terra
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