Revolta na Ucrânia coloca frota russa do Mar Negro em alerta
O futuro de acordos entre os governos russo e ucraniano que envolvem a frota também está incerto depois dos últimos acontecimentos em Kiev
Unidades da Frota russa do Mar Negro, com sede na cidade ucraniana de Sebastopol, foram colocadas em alerta máximo diante da possibilidade de desestabilização da Ucrânia, segundo o jornal russo Nezavisimaya Gazeta.
O alerta também foi ativado nos quartéis onde os marinheiros russos vivem com suas famílias. Tanto os efetivos da Armada Russa em Sebastopol como a população local, que em sua maioria fala russo, estão preocupados com as novas nomeações das forças de segurança ucranianas.
Valentín Nalivaichenko, designado pelo Parlamento da Ucrânia para controlar o Conselho de Segurança Nacional, já havia presidido o organismo durante o mandato do presidente Viktor Yushchenko e havia se destacado por tentar colocar todos os tipos de obstáculos à base naval russa em Sebastopol. Nalivaichenko proibiu as atividades de contraespionagem militar nas unidades na Frota do Mar Negro e limitou o movimento de seus navios pela Criméia e pelas águas da península.
O ex-comandante da Frota e agora presidente do comitê parlamentar de defesa, o almirante Vladimir Komoyedov também teme que nacionalistas russos comprometam acordos que envolvem a base russa .
Em dezembro de 2013, os presidentes Vladimir Putin e Viktor Yanukovych começaram a discutir sobre um acordo que tinha como objetivo reiniciar as atividades da Frota do Mar Negro. "A modernização da Frota é um assunto pendente faz tempo, mas, em janeiro e fevereiro o acordo foi suspenso devido aos acontecimentos em Kiev e agora seu futuro é incerto", explicou Komoyedov, que prevê um agravamento da situação na Criméia e, em especial, da base naval russa.
No entanto, parece improvável que a armada russa seja retirada de Sebastopol em um futuro próximo. "Há um vácuo de poder em Kiev, e uma grave crise econômica se aproxima. Seria loucura levantar a questão agora", disse Komoyedov.
O almirante Igor Kasatonov, que também esteve no comando da Frota do Mar Negro, concorda com essa visão. "Eu não acho algo de extraordinário vai acontecer. Os acordos que existem sobre a permanência da Frota do Mar Negro na Crimeia estão em conformidade com todas as normas do direito internacional. Seja qual for o novo governo ucraniano, ele deverá respeitar o direito internacional, que prevalece sobre o nacional", disse Kasatonov.