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Rússia dá aval a eleição criada por separatistas na Ucrânia

Situação no leste da Ucrânia permanece tensa e os combates foram retomados na segunda-feira, após um fim de semana de relativa calma

28 out 2014 - 12h12
(atualizado às 12h14)
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Presidente russo, Vladimir Putin, durante coletiva de imprensa após encontro de países asiáticos e europeus, em Milão. 17/10/2014.
Presidente russo, Vladimir Putin, durante coletiva de imprensa após encontro de países asiáticos e europeus, em Milão. 17/10/2014.
Foto: Vasily Maximov / Reuters

A Rússia anunciou que reconhecerá os resultados das eleições legislativas e presidenciais de 2 de novembro nas regiões do leste ucraniano controladas pelos insurgentes pró-Rússia, uma decisão criticada por Kiev.

"Esperamos que as eleições sejam celebradas como estão previstas e reconheceremos, certamente, os resultados", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao jornal Izvestia.

Enquanto os partidos pró-Ocidente que venceram as eleições de domingo na Ucrânia negociam a formação de um novo governo na capital, Moscou recorda, com suas declarações, que uma parte do território não está sob controle do Executivo.

Moscou, que segundo Kiev e os países ocidentais, fornece apoio militar aos insurgentes, não havia reconhecido formalmente em maio os referendos de independência celebrados pelos separatistas.

Ucrânia encerra campanha para as eleições legislativas:

Mas, de acordo com Lavrov, se trata desta vez de "legitimar as autoridades rebeldes", como parte dos acordos de Minsk que estabeleceram um cessar-fogo, em 5 de setembro, para tentar deter os combates que deixaram 3.700 mortos, segundo a ONU, no leste ucraniano.

Os acordos de paz preveem uma ampla autonomia para as zonas separatistas com um "governo autônomo provisório" e eleições locais, parte de uma descentralização e não de uma independência.

Os separatistas, que não votaram nas legislativas de domingo, não atenderam Kiev, que apresentou a proposta de eleições em 7 de dezembro, e acabaram organizando por conta própria eleições nas duas "repúblicas" autoproclamadas de Donetsk e Lugansk.

Para a Ucrânia, Moscou viola o acordo de paz de Minsk.

"A intenção da Rússia mina o processo de paz, fragilizando a confiança no país enquanto sócio internacional seguro", declarou à AFP Dimytro Kuleba, alto funcionário do ministério ucraniano das Relações Exteriores.

A crise ucraniana com a destituição do ex-presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch, a anexação da Crimeia pela Rússia e o conflito armado no leste provocou a maior crise entre Moscou e os países ocidentais desde o fim da Guerra Fria.

A economia russa, abalada por sanções que afetam os grandes bancos e o fundamental setor petroleiro, está à beira da recessão. O rublo voltou a registrar um recorde negativo nesta terça-feira em comparação ao euro e ao dólar.

O fenômeno tem incidência direta sobre os preços, com uma inflação que já supera 8%.

A situação no leste da Ucrânia permanece tensa e os combates foram retomados na segunda-feira, após um fim de semana de relativa calma.

Em Donetsk, os confrontos prosseguiam na área próxima do aeroporto.

Com 86% dos votos apurados, a vitória eleitoral das forças pró-Ocidente foi confirmada.

A Frente Popular do primeiro ministro Arseni Yatseniuk lidera com 22% dos votos, seguida pelo bloco do presidente Petro Poroshenko (21,7%).

Ambos terão que trabalhar para formar uma coalizão que incluirá provavelmente integrantes do Samopomitch (10,9%), um movimento que reúne jovens que participaram nos protestos pró-Europa da praça Maidan de Kiev, e talvez o partido da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko (5,7%).

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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