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Rússia lança organização de mídia para liderar propaganda

O grupo contará com “centrais de notícias” em 30 cidades, incluindo Rio de Janeiro, e terá como um dos objetivos reparar os danos causados à imagem do país durante a crise na Ucrânia

10 nov 2014 - 21h41
(atualizado às 21h44)
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<p>Um tanque da era soviética e soldados russos participam de um ensaio para um desfile militar, na Praça Vermelha, em Moscou, na Rússia, no início de novembro</p>
Um tanque da era soviética e soldados russos participam de um ensaio para um desfile militar, na Praça Vermelha, em Moscou, na Rússia, no início de novembro
Foto: Sergei Karpukhin / Reuters

A Rússia lançou nesta segunda-feira uma organização de mídia de última geração com centenas de jornalistas no exterior com o objetivo de desacostumar o mundo do que classificou como propaganda ocidental agressiva, apelidando o órgão de Sputnik, um aceno à Guerra Fria.

Em uma apresentação de alta tecnologia em uma central de mídia usada para entrevistas coletivas nos tempos da Guerra Fria, um dos jornalistas favoritos do presidente russo, Vladimir Putin, delineou os planos elaborados para reparar os danos à imagem da Rússia durante a crise na Ucrânia.

Embora Moscou negue retomar técnicas de estilo soviético, executivos de mídia russos admitiram em particular que estão levando a cabo uma guerra de propaganda com ecos da Guerra Fria.

“Somos contrários à propaganda agressiva que está sendo fornecida ao mundo”, declarou Dmitry Kiselyov, um âncora de televisão conservador que chefia o grupo midiático Rossiya Segodnya, criado por Putin em 2013 para divulgar a imagem de seu país no exterior.

“Ofereceremos uma interpretação alternativa do mundo, claro. Há demanda para isso.”

Seus comentários foram uma cutucada nos Estados Unidos, que Putin acusa de tentarem impor sua vontade ao resto do globo, inclusive no episódio da crise ucraniana, que levou as relações de Moscou com o Ocidente ao seu pior momento desde a Guerra Fria.

Visto por muitos como um dos principais propagandistas de Putin, Kiselyov apresenta um programa semanal de atualidades que destila veneno contra o Ocidente, apoia Putin, mostra a Ucrânia como nação controlada por fascistas e aprova a conduta russa na crise.

Em um palco montado diante de um imenso telão exibindo um céu estrelado, depois substituído por cenas de todo o mundo, Kiselyov disse que o Sputnik terá “centrais de notícias” em 30 cidades como Washington, Londres, Berlim, Paris, Rio de Janeiro e as capitais de uma série de ex-repúblicas soviéticas.

Suas operações incluirão distribuição de notícias, uma emissora de rádio, um site de Internet, aplicativos para smartphones e mídias sociais, além de centros de imprensa em alguns países. Algumas das centrais de notícias poderão ter equipes de mais de 100 pessoas, afirmou Kiselyov.

Como a Rádio Moscou, a estação em língua estrangeira da era soviética que era transmitida ao exterior, a Sputnik pretende alcançar 34 nações em 30 idiomas até o fim do ano que vem.

Kiselyov se recusou a falar em custos, mas uma autoridade deu a entender que o dinheiro não é problema.

A maioria dos veículos de mídia russos é leal a Putin e seus adversários recebem pouca cobertura, mas o presidente vê o cerco a estes últimos como uma parte importante de sua manutenção do poder.

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