Os separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia permaneceram inflexíveis e rejeitaram o acordo concluído em Genebra para tentar desativar a crise ucraniana.
Entrincheirados na sede da administração regional de Donetsk, ocupada desde 6 de abril, os insurgentes rejeitaram o plano.
"Estamos de acordo que os edifícios devem ser desocupados, mas antes (o primeiro-ministro Arseni) Yatseniuk e (o presidente Olexander) Turchynov devem sair dos edifícios que ocupam ilegalmente desde o golpe de Estado", declarou Denis Pushilin, um dos líderes dos separatistas.
Os separatistas preveem um referendo sobre a autonomia regional para 12 de maio.
O presidente interino ucraniano, Olexander Turchynov, e o primeiro-ministro Arseni Iatseniuk prometeram uma importante descentralização da língua russa em novo regulamento nessa sexta-feira, além de um "status especial" para a língua russa.
A promessa, contudo, não parece convencer a Rússia, que mobilizou 40.000 homens na fronteira entre os dois país. O porta-voz do Kremlin confirmou nesta sexta-feira que há tropas russas mobilizadas perto da fronteira com a Ucrânia "devido a situação" neste país, em declarações à televisão Rossia 1.
"Temos tropas em diferentes regiões e há tropas perto da fronteira ucraniana. Algumas estão baseadas na região, enquanto outras foram enviadas como reforços devido a situação na Ucrânia", declarou Dmitri Peskov.
Para surpresa de todos, os chefes da diplomacia ucraniana, russa, americana e europeia concluíram na quinta-feira um acordo em Genebra para reduzir a tensão no país, à beira de uma explosão com a insurreição do leste, que exige a integração à Rússia ou uma "federalização" da nação.
O acordo prevê o desarmamento de grupos ilegais e a retirada dos prédios ocupados, além de uma anistia para os que entregarem as armas, exceto para os que cometeram assassinatos.
O texto também estipula que o processo constitucional anunciado pelo governo de transição será "transparente" e incluirá todas as regiões ucranianas, assim como todas as entidades políticas.
Candidata viaja ao leste
Yulia Tymoshenko, candidata à presidência, viajou por sua vez a Donetsk, uma grande cidade industrial no leste, onde espera se reunir com os rebeldes.
"Se ela quiser, ela pode vir nas barricadas, mas eu não aconselharia isso", disse Denis Pouchiline, um dos líderes da autoproclamada "república de Donetsk".
Apesar da rejeição dos insurgentes, as autoridades de Kiev decidiram respeitar sua parte no acordo.
"O governo ucraniano está disposto a realizar uma reforma constitucional de envergadura que dará amplos poderes às regiões. Damos um status especial à língua russa e garantimos a proteção desta língua", declarou o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk em um discurso à nação ao lado do presidente interino Olexander Turchynov.
"Queremos que se instale a concórdia na Ucrânia. O governo está disposto a modificar o código fiscal e orçamentário para dar recursos financeiros a cada território ucraniano", completou o primeiro-ministro.
Se a aplicação do acordo "não começar nos próximos dias, depois da Páscoa teremos ações mais concretas", declarou o ministro das Relações Exteriores, Andrei Dechtchitsa.
A 'operação antiterrorista' iniciada para retomar o controle das regiões do leste da Ucrânia não foi suspensa, mas não está em uma fase ativa, segundo o Serviço Especial Ucraniano (SBU).
Os misteriosos "homens de verde" armados, que segundo Kiev são militares russos e de acordo com Moscou "grupos locais de autodefesa", ainda controlam a cidade de Slaviansk, dominada há seis dias.
O ex-chefe de Estado Maior ucraniano, Volodymyr Zamana, considerou que a Ucrânia deve preparar medidas "assimétricas" para impedir uma intervenção russa.
Além disso, separatistas - simples manifestantes ou grupos armados - permaneciam entrincheirados em prédios públicos de mais de 10 cidades de língua russa da Ucrânia.
Os separatistas pró-Moscou exigem um referendo sobre a incorporação à Rússia ou sobre a "federalização".
Mas o acordo de Genebra também decepcionou os partidários da unidade da Ucrânia, pois não inclui uma referência à integridade territorial do país nem exige que a Rússia interrompa a ocupação da Crimeia, como destacou Anatoli Gritsenko, ex-ministro da Defesa e candidato à presidência.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na quinta-feira não ter certeza de que o acordo com Rússia e Kiev sobre a Ucrânia vá funcionar e afirmou que novas sanções serão impostas a Moscou, se necessário. Uma ameaça considerada por Moscou como "absolutamente inaceitável".
Horas antes do acordo, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que esperava não ver-se obrigado a recorrer ao envio de Forças Armadas à Ucrânia.
A Rússia mantém quase 40 mil homens na fronteira entre os países e o presidente russo já afirmou em várias ocasiões que pretende defender "a qualquer preço" as pessoas de língua russa da ex-URSS.
29 de maio - Membro de um grupo armado pró-Rússia chamado Exército Ortodoxo Russo monta guarda perto do aeroporto de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters
29 de maio - Médico observa 30 caixões preparados para o funeral de pró-russos mortos no aeroporto de Donetsk
Foto: Reuters
29 de maio - Membro de um grupo separatista pró-russo mostra uma imagem de um ícone religioso, em seu uniforme
Foto: Reuters
29 de maio - Separatistas pró-Rússia derrubaram nesta quinta-feira um helicóptero do Exército da Ucrânia, matando 14 militares, incluindo um general. Na foto, a fumaça deixada pelo ataque.
Foto: AP
27 de maio - Manifestantes pró-russos fortemente armados criam barricada na estrada onde fica o aeroporto, em Donetsk.
Foto: Reuters
27 de maio - Imagem de Jesus Cristo é vista em meio aos cacos de vidro e ao sangue, em cima de um caminhão, próximo ao aeroporto de Donetsk
Foto: Reuters
27 de maio - Menino caminha ao lado de uma arena de esportes, em Donetsk. A aerna foi incendiada por um grupo armado que invadiu o lugar.
Foto: Reuters
27 de maio - Coluna de fumaça sobre o aeroporto internacional de Donetsk. Mais de 50 rebeldes pró-russos foram mortos em um ataque sem precedentes por parte das forças do governo ucraniano, depois que o novo presidente foi eleito.
Foto: Reuters
27 de maio - Rebelde pró-russo se posiciona atrás de uma barricada recém-montada, próximo ao aeroporto de Donetsk
Foto: Reuters
12 de maio - Morador de Slaviansk, Yevgeni Kharkovski, de 75 anos, aponta os danos causados em sua casa devido a um bombardeio no bairro.
Foto: Reuters
12 de maio - Ativista pró-russo fica de guarda no lado de fora de um edifício administrativo na cidade ucraniana oriental de Luhansk
Foto: Reuters
11 de maio - Mulher cumprimenta um grupo de pró-russos armados, enquanto eles marchavam em direção a uma mesa de voto durante um referendo em Slaviansk
Foto: Reuters
11 de maio - Soldado ucraniano deixa sua arma em posição de tiro, em um posto de controle do exército, durante um referendo sobre a autonomia da Ucrânia
Foto: Reuters
11 de maio - Mulher é detida por forças de segurança ucranianas em um posto de controle do exército, por ter sido agressiva, durante um referendo sobre a autonomia no governo na cidade portuária de Mariupol
Foto: Reuters
11 de maio - Recruta do exército ucraniano faz gestos em um posto de controle, do lado de fora da cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia
Foto: Reuters
05 de maio - Apoiadores pró-russos gritam slogans durante uma manifestação após uma cerimônia fúnebre, em Odessa. Um deputado morreu em um incêndio no edifício sindical.
Foto: Reuters
04 de maio - Manifestantes pró-russos queimam uma bandeira ucraniana do lado de fora do prédio do conselho distrital, em Donetsk
Foto: Reuters
24 de abril - Membro de forças especiais da Ucrânia toma posição em um bloqueio na estrada da cidade de Slavyansk
Foto: AFP
24 de abril - Avião sobrevoa cidade no leste da Ucrânia. Pelo menos cinco insurgentes foram mortos nesta quinta-feira, após um ataque aéreo
Foto: AFP
24 de abril - Forças ucranianas mataram pelo menos dois insurgentes pró-russos no leste do país. Em foto, homens pró-Rússia descansam em posto de controle, durante a guarda
Foto: AP
24 de abril - Soldado ucraniano limpa partes do tanque de guerra em um posto de controle perto da aldeia de Artemiovska, a 20 km de Slovansk
Foto: AP
24 de abril - Homem mascarado pró-Rússia caminha ao lado de uma barricada na Ucrânia
Foto: AP
24 de abril - Homem armado pró-Rússia monta a guarda em um posto de controle na Ucrânia
Foto: AP
24 de abril - População participa de um comício pró-ucraniano em Luhansk, no leste da Ucrânia
Foto: Reuters
16 de abril - Soldados ucranianos entram em confronto com manifestantes pró-russos em um campo, no leste da Ucrânia
Foto: Reuters
16 de abril - Homem armado pró-russos fala com militares ucranianos em um blindado
Foto: Reuters
16 de abril - Bandeira russa é asteada sobre veículo blindado em Slaviansk
Foto: Reuters
16 de abril - Homens armados pró-russos passam por gabinete do prefeito, em Donetsk
Foto: Reuters
16 de abril - Militares ucranianos observam jato militar ucranianos que passa por cima deles, Kramatorsk
Foto: Reuters
16 de abril - Homens armados, aparentemente pró-russos, ficam de guarda em Slaviansk
Foto: Reuters
16 de abril - Slaviansk estava sob o controle das forças armadas ucranianas até a última quarta-feira
Foto: Reuters
16 de abril - Soldados ucranianos participam de confronto com manifestantes pró-russos no campo próximo a Kramatorsk
Foto: Reuters
16 de abril - Força ucranianas reforçara o seu controle sobre a cidade Kramatorsk na última quarta-feira
Foto: Reuters
15 de abril - Membros de uma unidade de defesa passam por um prédio queimado na Praça da Independência, em Kiev
Foto: Reuters
15 de abril - Militantes pró-Rússia caminham em direção ao aeroporto de Kramatorsk, no leste da Ucrânia
Foto: AP
15 de abril - General Vasyl Krutov participa de confronto do lado de fora do aeroporto de Kramatorsk. Na primeira ação militar ucraniana contra um levante pró-russos, as forças do governo entraram em confronto com cerca de 30 homens armados
Foto: AP
14 de abril - Manifestantes pró-Rússia participam de um comício em frente ao escritório do serivço de segurança do Estado, em Luhansk, no leste da Ucrânia.
Foto: Reuters
13 de abril - Pró-russos se reúnem em volta de uma barricada incendiada, próximo à sede da polícia em Slaviansk
Foto: Reuters
13 de abril - Duas manifestantes pró-russos também participam de reunião em uma barricada perto da sede da polícia em Slaviansk
Foto: Reuters
12 de abril - Apoiadores pró-Rússia participam de mais um comício em frente ao escritório so serviço de segurança do Estado. Ucrânia apelou à Rússia para deter "ações provocativas"
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12 de abril - Um homem armado é detido pelos manifestantes pró-russos, durante um comício em Luhansk.
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11 de abril: uma manifestante aguarda do lado de fora do prédio do governo de Donetsk onde protestos estão sendo realizados há dias
Foto: AP
11 de abril: homem caminha próximo às barricadas em Luhansk, cidade a 30 km da Rússia
Foto: AP
10 de abril: manifestantes pró-Rússia marcham com bandeiras em rua no porto de Odessa, cidade ucraniana no litorial do Mar Negro. Eles usam uniformes iguais aos dos soldados soviéticos da Segunda Guerra Mundial
Foto: AP
10 de abril: ativista mascarado pró-Rússia sobe em barricada durante protesto próximo ao prédio do governo de Donetsk, Ucrânia
Foto: AP
9 de abril - protestos semelhantes aos vistos na Crimeia se espalham por cidades do leste da Ucrânia após a anexação da península à Rússia
Foto: AP
9 de abril - mulher envolvida por uma bandeira russa caminha em frente à barricada montada em Donetsk
Foto: AP
9 de abril - manifestantes pró-Rússia se aglomeram em uma barricada montada em frente ao edifício do serviço de segurança estatal SBU, em Lugansk, leste da Ucrânia
Foto: Reuters
9 de abril - manifestantes pró-Rússia montam barricadas no exterior de edifício do Governo em Donetsk
Foto: Reuters
8 de abril - manifestantes russófonos se reúnem diante de barricada montada em frente ao prédio do escritório do Serviço Estatal de Segurança em Lugansk, no leste da Ucrânia
Foto: Reuters
8 de abril - ativistas se concentram próximo ao prédio da Segurança da Ucrânia, na cidade de Lugansk
Foto: Reuters
7 de abril - manifestantes pró-Rússia entram em confronto com ativistas que apoiam a integridade territorial da Ucrânia, em Carcóvia
Foto: Reuters
7 de abril - protestos são realizados no exterior de prédios governamentais da cidade de Carcóvia
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7 de abril - pessoas usam pneus para montar barricadas em frente a um prédio público, da cidade de Carcóvia, no leste da Ucrânia
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6 de abril - ativistas pró-Rússia se concentram na varanda do escritório regional ucraniano do Serviço de Segurança em Lugansk
Foto: AP
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