Italiano Tajani é eleito presidente do Parlamento Europeu
Tajani derrotou o compatriota Gianni Pittella na disputa
O eurodeputado italiano Antonio Tajani, do Partido Popular Europeu (PPE), foi eleito para ser presidente do Parlamento Europeu nesta terça-feira (17) após a quarta votação com 351 votos a favor. Na eleição acirrada, ele derrotou seu compatriota, o italiano Gianni Pittella , do Socialistas e Democratas (S&D), que recebeu 282 votos. A vitória do representante do Partido Popular se deve, também, ao apoio recebido tanto dos europeístas da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (Alde) como dos conservadores do Europeus Conservadores e Reformistas (ECR).
Com isso, Tajani substituirá o atual líder do Parlamento, Martin Schulz, que se dedicará às eleições da Alemanha em 2017 após dois mandatos consecutivos. Atual vice-presidente da Casa, o deputado integra o Força Itália (FI), legenda de Silvio Berlusconi. O eurodeputado também já foi comissário da UE para Transportes (2008-2010) e Indústria (2010-2014). Com a eleição do italiano do PPE, a União Europeia vira ainda mais para os programas de direita, já que todas as entidades do bloco estão sob comando do grupo parlamentar PPE.
Disputa
Essa foi a primeira grande disputa eleitoral, de fato, na entidade, nos últimos anos. Isso porque houve o fim do acordo "informal" de rotatividade entre socialistas e populares no comando do Parlamento com a reeleição de Schulz, há dois anos e meio. Nunca antes um presidente havia assumido o mandato por dois anos consecutivos.
Antes disso, o "acordo" previa que os membros de cada bloco votassem no concorrente para garantir a "harmonia" na Casa. Atualmente, o PPE tem 217 deputados e os socialistas outros 189.
E essa nova configuração ficou evidente nas eleições de hoje, com uma disputa inicial entre sete candidatos. No entanto, antes de começar as rodadas de votação, o ex-premier belga e líder da Alde, Guy Verhofstadt, retirou seu nome da disputa e anunciou apoio a Tajani.
A disputa acirrada no pleito levou a votação até a quarta sessão pela primeira desde 1982.
Na primeira votação do dia, Tajani recebeu 274 votos, seguido por Pittella, com 183, e por Helga Stevens, conservadora, do grupo ECR, que recebeu 77 dos 683 votos válidos. Como era de se esperar, cada grupo ficou mais "fiel" ao seu candidato.
No segundo, com 691 votos válidos, Tajani recebeu 287 votos, Pittella ficou com 200 e Stevens com 66, com um cenário ainda favorável ao ex-ministro de Silvio Berlusconi. Na terceira votação, o membro do PPE voltou a aumentar sua vantagem, com 291 votos, mas não conseguiu a maioria absoluta contra Pittella, que obteve 199 dos 690 votos válidos. Com isso, os dois italianos na disputa foram para o quarto e decisivo turno de votação - vencido por Tajani.
Itália
Com a eleição de Tajani, a Itália volta a ter um papel de destaque dentro da União Europeia, tendo políticos de seu país em duas posições chaves no bloco. Enquanto o membro do PPE presidirá o Parlamento, a alta representante para a Política Externa é a italiana Federica Mogherini.
Desafios
Após as Presidências consecutivas de Schulz, o Parlamento Europeu ganhou mais destaque dentro do bloco econômico. O alemão não se omitiu em nenhum dos principais problemas enfrentados pela União Europeia, como a gestão da crise migratória como da crise financeira e política enfrentada pela Grécia - além de lidar com o avanço da extrema direita no bloco.
O seu sucessor, no entanto, terá desafios ainda maiores, considerando que não há mais o "acordo" entre socialistas e populares, o que pode dificultar ainda mais a aprovação de projetos europeus. Além disso, a UE vive um momento de intensa turbulência, já que é alvo tanto de ataques terroristas com um certa frequência, precisa descobrir como impulsionar a retomada econômica e ainda precisará lidar com as incertezas causadas no mundo pela posse de Donald Trump nos Estados Unidos.
Outro fator que pode complicar a questão do "relançamento" do projeto europeu serão as eleições em alguns de seus principais países membros, como Alemanha, França, República Checa e Holanda. Nas quatro nações, há um avanço grande de partidos contrários à União Europeia e que podem "complicar" a vida do novo presidente.