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Tribunal europeu mantém proibição de uso de véu na França

Pela lei, ninguém pode usar em espaço público uma roupa que esconda o rosto; a multa chega a R$ 450

1 jul 2014 - 13h31
(atualizado às 13h36)
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<p>A lei francesa foi criada em 2010 pelo ex-presidente conservador Nicolás Sarkozy</p>
A lei francesa foi criada em 2010 pelo ex-presidente conservador Nicolás Sarkozy
Foto: Reuters

O Tribunal Europeu de Direitos Humanos confirmou a proibição pela França do uso do véu muçulmano que cobre quase inteiramente o rosto - o niqab.

A lei de 2010 foi questionada por uma mulher francesa de 24 anos, que argumentou que a proibição de usar o véu em público violou sua liberdade de religião e de expressão. A decisão dos juízes de Estrasburgo é final - não há apelação contra ela.

A lei, criada pelo ex-presidente conservador Nicolás Sarkozy, diz que ninguém pode usar em espaço público uma roupa que esconda o rosto. Quem fizer isso pode receber uma multa de 150 euros (cerca de R$ 450) e ter que se submeter a aulas de cidadania.

A França tem cerca de cinco milhões de muçulmanos - a maior comunidade na Europa Ocidental - mas acredita-se que aproximadamente 2 mil mulheres usam os véus que cobrem o rosto, deixando apenas uma pequena fenda para os olhos.

O Tribunal decidiu que a proibição "não foi expressamente baseada na conotação religiosa do vestuário em questão, mas apenas no fato de ele esconder o rosto".

A decisão do Tribunal também "levou em conta o argumento do Estado [francês] de que o rosto tem um papel significativo na interação social".

"O Tribunal também foi capaz de entender o ponto de vista de que indivíduos podem não querer ver, em lugares públicos, práticas ou atitudes que questionem a possibilidade de relações interpessoais abertas, o que, em virtude de um consenso estabelecido, forma um elemento indispensável da vida em comunidade dentro da sociedade em questão", afirma a decisão.

Alguns acessórios que cobrem o rosto, incluindo capacetes de moto ou máscaras relacionadas a questões de saúde, não são afetados pela proibição francesa.

A mulher, identificada apenas pelas iniciais S.A.S., levou o seu caso ao Tribunal Europeu em 2011. Ela disse que não estava sob pressão da família para usar o niqab, mas optou por fazê-lo por uma questão de liberdade religiosa, como uma muçulmana devota.

Precedente

A França foi o primeiro país europeu em tempos modernos a proibir o uso público do véu que cobre praticamente todo o rosto. A Bélgica adotou uma proibição semelhante em 2011, assim como algumas cidades da Itália e da Espanha, incluindo Barcelona.

O governo francês alega que a proibição tem grande apoio da sociedade. As autoridades consideram o niqab não apenas como uma afronta aos valores seculares franceses, mas também como um potencial risco de segurança, já que escondem a identidade das pessoas.

No passado, o Tribunal Europeu já havia apoiado a visão do Estado francês – a corte também decidiu a favor da proibição do governo sobre o uso de véu nas escolas.

Mas, em 2010, os juízes decidiram contra a Turquia, determinando que vestes religiosas não eram em si uma ameaça à ordem pública.

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