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Tunisiano acusado por desastre com barco de imigrantes depõe

Mohammed Ali Malek negou que estivesse no comando da embarcação superlotada que virou na noite de sábado ao largo da Líbia

24 abr 2015 - 09h50
(atualizado às 14h01)
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Mohammed Ali Malek no tribunal de Catânia, em 24 de abril
Mohammed Ali Malek no tribunal de Catânia, em 24 de abril
Foto: Antonio Parrinello / Reuters

O suposto capitão de um barco com imigrantes que naufragou ao largo da Líbia, causando a morte de mais de 700 pessoas, compareceu perante um juiz italiano nesta sexta-feira, depois que os promotores pediram que ele fosse acusado de homicídio e tráfico de pessoas.

Mohammed Ali Malek, 27 anos, negou que estivesse no comando do barco pesqueiro superlotado que virou pouco antes da meia-noite no sábado, com centenas imigrantes da África e de Bangladesh trancados em seus conveses mais baixos.

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"Ele diz que é um imigrante como todos os outros e pagou passagem para ir no barco", afirmou seu advogado, Massimo Ferrante, do lado de fora do tribunal.

O tunisiano demonstrou pouca emoção na audiência preliminar a portas fechadas em um tribunal na cidade siciliana de Catânia, onde ele vai ficar cara a cara com um grupo de sobreviventes que estará depondo.

O sírio Mahmud Bikhit, de 25 anos, que os promotores acreditam que fosse um membro da tripulação, acusou Malek de estar no comando do navio quando capotou, depois da colisão com um navio mercante que veio em seu auxílio.

Bikhit nega ser um membro da tripulação e disse que era um passageiro imigrante no navio.

Os promotores não o estão acusando de homicídio, mas ele poderá ser acusado de favorecer a imigração clandestina. No entanto, o seu advogado, Giuseppe Russo, afirmou que seu cliente ainda não tinha sido claramente identificado como o suposto membro da tripulação encarregado do motor do navio.

Uma testemunha no tribunal nesta sexta-feira declarou apenas que o homem encarregado da sala de máquinas tinha “pele clara”.

"Ainda temos de estabelecer quem era essa pessoa que desceu para verificar a sala de máquinas", disse Russo. Ele afirmou que a testemunha tinha dito que havia quatro tripulantes, todos descritos como "de pele clara", mas duas delas parecem ter sido arregimentadas apenas para verificar o nível do barco e não ficou claro se elas estão entre os sobreviventes.

Apenas 28 pessoas sobreviveram ao desastre, que se acredita seja o com o maior número de vítimas no Mediterrâneo em décadas, e que apontou a dimensão da crise de imigração enfrentada pela Europa.

O mar é uma das principais rotas de entrada na União Europeia para dezenas de milhares de imigrantes, em sua maioria asiáticos e africanos que fogem da guerra e da pobreza. Quase 40 mil pessoas já chegaram este ano.

A grande perda de vidas também aumentou a pressão para adoção de medidas por parte dos países da UE, que prometeram esta semana intensificar as operações de busca e salvamento no sul do Mediterrâneo.

Depois de entrevistar os sobreviventes, os promotores concluíram que havia mais de 750 pessoas a bordo do barco de pesca de 20 metros de comprimento, mas, como a maioria estava trancada no porão e no convés inferior, apenas 24 corpos foram recuperados.

Eles também pediram que Malek seja acusado de sequestro, além de várias acusações de homicídio, provocar um naufrágio e facilitar a imigração clandestina.

A audiência desta sexta-feira é preliminar e tem como objetivo permitir que os juízes estabeleçam os fatos básicos de um caso antes que seja tomada uma decisão sobre a possibilidade de apresentar acusações e levar os acusados a julgamento.

Naufrágio deixa 400 imigrantes desaparecidos no Mediterrâneo:
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