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Turquia: homens usam minissaias em protesto contra machismo

Segundo feministas, as leis turcas a respeito da violência machista não são ruins - o que deixa a desejar é sua aplicação

23 fev 2015 - 16h23
(atualizado às 17h12)
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"É claro, o peso das mulheres é a pior parte, mas os homens também devem superar o sexismo concreto atribuído pela sociedade", acrescentou um manifestante
"É claro, o peso das mulheres é a pior parte, mas os homens também devem superar o sexismo concreto atribuído pela sociedade", acrescentou um manifestante
Foto: The Independent / Reprodução

Centenas de homens e mulheres marcharam juntos no fim de semana em uma manifestação contra a violência machista em Istambul, e cerca de 20 corajosos usaram saias, prática que denuncia o sexismo.

"É difícil para os homens usar essa peça de roupa", admitiu em entrevista à Agência Efe o estudante Bulut Aslan, que usava uma saia cinza até os joelhos e carregava um grande cartaz com a frase: "Não sou só homem. Sou humano".

"Desde pequeno, nos educam ao sexismo, da mesma forma que ensinam as meninas que a casa, a cozinha e o fogão são delas. Aos meninos, mostram que devem ser durões, viris. É um problema para ambos", analisou.

"Desde pequeno, nos educam ao sexismo, da mesma forma que ensinam as meninas que a casa, a cozinha e o fogão são delas", diz um dos manifestantes
"Desde pequeno, nos educam ao sexismo, da mesma forma que ensinam as meninas que a casa, a cozinha e o fogão são delas", diz um dos manifestantes
Foto: The Independent / Reprodução

"É claro, o peso das mulheres é a pior parte, mas os homens também devem superar o sexismo concreto atribuído pela sociedade", acrescentou.

Quem também concorda com o pensamento é Hassan Mertoglu, outro manifestante que usou saia.

"A educação nos ensina a colocar a mulher sempre em segundo lugar, é uma mentalidade imposta pelo governo. Vestir-se como uma mulher é difícil, porque não se supõe para um homem que possa parecer com uma mulher, mas devemos reivindicar que somos iguais", frisou.

A manifestação foi apenas um dos vários protestos que aconteceram na Turquia nos últimos dez dias devido ao assassinato da estudante Özgecan Aslan. A jovem morreu em 11 de fevereiro após uma tentativa de estupro por um motorista de micro-ônibus.

"É difícil para os homens usar essa peça de roupa", disse outro manifestante
"É difícil para os homens usar essa peça de roupa", disse outro manifestante
Foto: The Independent / Reprodução

O crime provocou uma onda de revolta neste país com 76 milhões de habitantes e que em 2014 teve 281 mortes de mulheres vítimas de assassinatos machistas. Dois a cada três crimes foram cometidos por maridos, ex-maridos, namorados ou pretendentes das vítimas.

A dimensão da reação contra o assassinato de Özgecan é que ele não se justifica por nenhuma desculpa habitual com que parte da sociedade costuma explicar os ataques sexistas, como afirmou à Efe a feminista Aysun Eyrek.

"A jovem não tinha ingerido álcool, o assassino não era seu namorado, ela não tinha se aventurado em ir para a rua de noite e nem sequer usava minissaia", detalhou.

A ideia de que a minissaia ameniza ou pelo menos explica o assédio ou as tentativas de violação faz parte da mentalidade patriarcal contra a qual os homens protestaram em Istambul.

"(Sexismo) é um problema para ambos", analisou um dos manifestantes
"(Sexismo) é um problema para ambos", analisou um dos manifestantes
Foto: The Independent / Reprodução

"Não há nenhum motivo para o assédio", dizia um dos diversos cartazes do protesto, enquanto outros exigiam prisão perpétua para estes assassinos.

Nos últimos dias, foram denunciadas nas redes sociais penas leves ou reduzidas a agressores que demonstraram "bom comportamento" durante o julgamento.

"Os julgamentos devem ser feitos sem panos quentes", exigiu Eyrek.

"É preciso dar fim às reduções de pena e aceitar as depoimentos de mulheres em casos de agressões e violações", acrescentou.

Segundo as feministas, as leis turcas a respeito da violência machista não são ruins - o que deixa a desejar é sua aplicação.

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EFE   
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