Turquia: oposição impugna resultado de eleição em 2 cidades
Istambul e Acara tiveram resultados de eleições municipais impugnados hoje; partido do premiê acusado de corrupção e autoritarismo foi vencedor no pleito do último domingo
O principal partido de oposição ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, impugnou nesta terça-feira os resultados das eleições municipais de domingo em Ancara e Istambul, vencidas por uma pequena margem pelo partido islamita conservador no poder.
O Partido Republicano do Povo (CHP) apresentou uma demanda ante o Alto Conselho Eleitoral (YSK) contra as irregularidades nos resultados da capital, onde o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) no poder venceu por escassa margem.
Mais de mil simpatizantes do CHP se reuniram em frente ao Alto Conselho Eleitoral em Ancara para exigir uma nova contagem de votos, gritando "ladrão" ou "defendam seu voto".
"Acredito que estas eleições estiveram marcadas por fraudes. Por este motivo estou aqui, quero eleições honestas", declarou à AFP um manifestante, Tulay Ozturk. "Nos roubaram nossas eleições", opinou outro, Ayhan Suleyman.
O candidato do CHP à prefeitura de Ancara, Mansur Yavas, afirmou que uma nova votação permitiria dizer a verdade, em uma mensagem publicada no Twitter, apesar do bloqueio decretado pelo governo.
O prefeito populista de Ancara, Melih Gokçek, membro do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), anunciou na segunda-feira ter alcançado um quinto mandato consecutivo com 44,79% dos votos, contra 43,77% de Yavas. Cerca de 32.000 votos separam os resultados dos dois rivais.
Os dois adversários clamaram vitória na noite de domingo, em um clima tenso alimentado por acusações de fraude e cortes de energia elétrica que despertaram suspeitas.
O candidato do CHP em Istambul, Musfatá Sarigul, também colocou em xeque os resultados eleitorais na cidade e pediu que as cédulas sejam recontadas.
O partido AKP de Erdogan conquistou uma vitória esmagadora nas eleições municipais com 45% dos votos em todo o país, apesar dos escândalos de corrupção que explodiram nos últimos meses.
Outubro de 2012 - o governo de Ankara proíbe uma marcha planejada para o Dia da República, sob a alegação de que serviços de segurança do Estado receberam a informação de que grupos pretendiam causar tumultos. Ainda assim, milhares de pessoas, incluindo o líder do maior partido da oposição, desconsideram a ordem e desafiaram os policiais, que reagiram com lançamento de jatos d'água
Foto: AFP
Fevereiro de 2013 - milhares de mulheres turcas protestam contra declaração do primeiro-ministro Erdogan de que considera o aborto um assassinato. Na Turquia, o aborto é legal nas 10 primeiras semanas de gestação quando há consentimento da mulher e do marido
Foto: AFP
Abril de 2013 - começam as escavações para a construção da controversa mesquita Camlica, em Istambul, de mais de 55 mil metros quadrados e com capacidade para até 30 mil fieis. O projeto recebe críticas da população, que, além de julgar a construção desnecessária, acredita que ela causará grandes danos ao meio ambiente
Foto: Reprodução
Abril de 2013 - conhecido mundialmente, o renomado pianista turco Fazil Say é condenado a 10 meses de prisão por insultar as crenças religiosas de uma parcela da população. O fato causa revolta de simpatizantes do músico, ateu e opositor de Erdogan
Foto: AFP
Maio de 2013 - policiais recorrem à violência para dispersar manifestantes que participam do May Day, na praça Taksim. A população protesta contra o fechamento da praça, considerada necessária pelo governo para a sua renovação
Foto: AP
Dois carros-bomba matam 52 pessoas e ferem outras 140 em Reyhanli, na fronteira com a Síria. O governo turco acusa o governo sírio de estar envolvido no atentado, mas moradores locais culpam a própria política turca
Foto: AP
Erdogan se encontra com o presidente Barack Obama para discutir, entre outros assuntos, a crise na Síria. Ambos reforçam o compromisso de derrubar o presidente Bashar al-Assad, apesar da crescente impopularidade de Erdogan entre os cidadãos turcos
Foto: AP
O governo turco aprova a lei que proíbe a venda de bebidas alcóolicas entre 22h e 6h, o patrocínio de eventos por empresas de bebidas e o consumo de álcool a menos de 100 metros de mesquitas. A lei é aprovada duas semanas após ser proposta, sem que a população tenha sido consultada
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Em resposta à advertência feita por Erdogan contra demonstrações de afeto em público, dezenas de casais organizam um beijaço em uma estação de metrô na cidade de Ankara
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Manifestantes ambientalistas acampam no Parque Gezi para evitar sua demolição. Conforme a manifestação é violentamente contida pela polícia, outros protestos se espalham em outras regiões
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Maio de 2013 - forças de segurança usam gás de pimenta e jatos d'água para dispersar manifestantes. Centenas de pessoas ficam feridas e dezenas são presas. O Ministro do Interior comunica que o uso desproporcional da força por parte dos policiais será investigado
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Junho de 2013 - o primeiro-ministro Erdogan critica as redes sociais , especialmente o Twitter, classificando o microblog como uma ameaça e uma "versão extrema da mentira". Grupos de manifestantes lotam a praça Taksim e há novos confrontos. A mídia pró-governo acusa a rede de TV americana CNN de mostrar a Turquia em estado de guerra civil
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Agosto de 2013 - pessoas formam correntes humanas para pedir paz e intervenção na Síria
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Dezembro de 2013 - escândalos de corrupção envolvendo o primeiro-ministro e seu filho vem à tona, e recomeçam os protestos contra o regime
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Janeiro de 2014 - ligações telefônicas publicadas na internet reforçam as acusações de corrupção contra o primeiro-ministro Erdogan, e o governo ameaça exercer maior controle sobre a rede, dando origem a novas marchas
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Março de 2014 - o Governo bloqueia o Twitter e, depois, o Youtube. Milhares de pessoas participam do funeral de um adolescente morto, que ficou meses em coma depois de ter sido atingido por uma lata de gás de pimenta durante manifestações contra o governo. A população pede a renúncia do primeiro-ministro Erdogan
Foto: AP
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