Ucrânia: negar gás a regiões rebeldes é genocídio, diz Putin
Tensão entre a Rússia e a Ucrânia aumentou desde que Kiev se recusou a abastecer diretamente as áreas sob controle rebelde
A negativa de Kiev em fornecer gás às regiões separatistas do leste da Ucrânia se assemelha a um genocídio, afirmou nesta quarta-feira o presidente russo Vladimir Putin.
"Não apenas há fome na região, como comprovou a OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa), como há uma catástrofe humanitária, se, além disso, for cortado o gás. Isso se assemelha a um genocídio", declarou Putin, citado pela agência Ria-Novosti.
"Parece que algumas autoridades da Ucrânia atual ignoram o que são questões humanitárias e humanismo", considerou, ressaltando que cerca de quatro milhões de pessoas vivem nas regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
A tensão entre a Rússia e a Ucrânia aumentou desde que gigante do gás russa Gazprom começou na semana passada a abastecer diretamente as áreas sob controle rebelde, justificando que Kiev tinha deixado de fazê-lo.
Moscou estima que este fornecimento de gás faz parte do contrato concluído em outubro entre a Gazprom e o grupo Naftogaz, de modo que Kiev deve pagar. A companhia ucraniana se recusa a pagar, declarando não ter o controle sobre os volumes fornecidos, ou a sua utilização.
Kiev também se recusa a pagar por uma nova compra de gás para além do que já foi definido, que será suficiente para os "três ou quatro" próximos dias, de acordo com Putin.
No entanto, no âmbito do acordo provisório assinado em outubro, para resolver o conflito do gás entre Moscou e Kiev, a Ucrânia deve pagar antecipadamente qualquer volume que deseja consumir.
Putin, no entanto, diz esperar que "o corte do fornecimento de gaz não seja aplicado e que as entregas não sejam interrompidas".
Em conformidade com os acordos de Minsk de 12 de fevereiro sobre a resolução do conflito na Ucrânia, as autoridades ucranianas devem reanimar a economia das regiões rebeldes do leste e, portanto, "deve garantir o fornecimento de recursos energéticos dessas regiões", lembrou o presidente russo.