A Ucrânia rejeitou neste sábado o aumento do preço do gás russo e ameaçou levar seu poderoso vizinho a um tribunal de arbitragem na Suécia, o que pode ameaçar o abastecimento da Europa Ocidental.
A Ucrânia "não aceita" o novo preço do gás imposto pela Rússia, de quase 500 dólares por 1.000 metros cúbicos, afirmou neste sábado o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.
"A pressão política é inaceitável. E não aceitamos o preço de 500 dólares", afirmou o chefe de governo no conselho de ministros, depois que Moscou anunciou um aumento de 81% no preço do fornecimento de gás à Ucrânia.
"A Rússia fracassou em se apoderar da Ucrânia mediante a agressão armada. Agora lança o plano para se apoderar da Ucrânia mediante a agressão de gás e econômica", acrescentou o primeiro-ministro, que pediu ao seu governo que se prepare para a possibilidade de que a "Rússia restrinja ou detenha o abastecimento de gás" à Ucrânia.
O ministro ucraniano da Energia, Yuri Prodan, afirmou que, na falta de acordo sobre o preço do gás, Kiev recorrerá a um tribunal de arbitragem, como estipula o contrato.
"Vamos tentar chegar a um acordo. Se não conseguirmos, recorreremos ao tribunal de arbitragem", disse.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk disse, ao inaugurar uma sesssão parlamentar, que Kiev está disposta a pagar US$ 268 por mil metros cúbicos do hidrocarboneto, tarifa concedida por Moscou ao antigo governo de Viktor Yanukovich. "Este preço (US$ 268) é aceitável e sopesado, é de mercado. Estamos dispostos a saldar todas as contas por conceito das provisões anteriores e esperamos a resposta da Gazprom", completou o chefe do Gabinete.
Além disso, o premiê ordenou ao governo que estude e se prepare para dois cenários do desenvolvimento da situação, o pior deles "quando a Rússia limita ou fecha as provisões do gás ao território ucraniano".
Yatseniuk afirmou que a Ucrânia poderá realizar importações de reversão do hidrocarboneto russo em nível de 20 bilhões milhões de metros cúbicos anuais, através de Eslováquia, Polônia e Hungria, o que, segundo o chefe do Legislativo, permitiria economizar de US$ 100 a US$ 150 de cada mil metros cúbicos.
A Gazprom anunciou na última quinta-feira uma alta adicional do preço do gás para a Ucrânia, que terá que pagar a partir de agora US$ 485,5 por cada 1 mil metros cúbicos do gás russo. Anteriormente, a companhia já tinha anunciado um aumento na tarifa de mais de 40%, até US$ 385, para o país vizinho a partir do segundo trimestre deste ano por falta de pagamentos.
"O rebaixamento de dezembro já não pode ser aplicado devido ao descumprimento pela parte ucraniana do pagamento das dívidas em conceito das provisões do gás de 2013, e por falta do pagamento de 100% das provisões correntes", detalhou a empresa.
Os dois vizinhos atravessam uma crise em suas relações após a destituição do presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovytch no fim de fevereiro.
A Rússia se apoderou em março da península ucraniana da Crimeia, após um referendo que Kiev e os ocidentais não reconhecem, e mobilizou dezenas de milhares de soldados nas fronteiras da Ucrânia, na pior crise entre Leste e Oeste desde o fim da Guerra Fria.
Yatseniuk alertou para o fantasma de uma nova "guerra do gás", que pode colocar em risco o fornecimento europeu, enquanto em Atenas os ministros das Relações Exteriores da UE terminavam uma reunião informal consagrada, em grande parte, à crise ucraniana.
A chanceler alemã, Angela Merkel, ameaçou neste sábado a Rússia com novas sanções, desta vez econômicas, se Moscou violar novamente a integridade da Ucrânia.
"Se voltarem a levantar a mão contra a integridade da Ucrânia, teremos que aplicar sanções econômicas", declarou Merkel durante a reunião de seu partido conservador CDU para definir seu programa para as eleições europeias.
A chanceler afirmou que ninguém deve se equivocar sobre a capacidade que os países europeus têm de entrar em acordo em torno desse tipo de medidas.
"Ninguém quer interromper as negociações" com a Rússia, garantiu Merkel. "Mas a lei do mais forte não pode passar por cima do direito" internacional, acrescentou.
A União Europeia (UE) manifestou novamente neste sábado sua determinação em persuadir Moscou para diminuir a tensão na Ucrânia e retomar o diálogo com este ator importante.
"Seguiremos tentando persuadir a Rússia sobre a importância de baixar a tensão para retomar o diálogo no futuro", declarou a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, em uma coletiva de imprensa ao término da reunião ministerial em Atenas.
A mensagem dos ministros das Relações Exteriores foi a mesma que vem sendo repetida pelos 28 países-membros desde que a Rússia anexou a Crimeia.
Moscou já interrompeu o fornecimento de gás à Ucrânia em duas ocasiões, em 2005/6 e em 2009/10, devido a conflitos entre as duas ex-repúblicas soviéticas, suspendendo ao mesmo tempo o fluxo de exportação para a Europa, ainda muito dependente da Rússia neste campo.
A Gazprom, a gigante russa do gás, acusada com frequência de ser um braço armado do Kremlin, fornece aproximadamente um terço do que é utilizado pela União Europeia, que, mais uma vez, devido à atual crise, falou de sua intenção de reduzir esta dependência. Cerca de 40% deste gás transita através da Ucrânia.
Com informações da EFE e AFP.
1 de março de 2014 - Homem ucraniano para em frente de tropa como forma de protesto pela 'invasão russa' ao país. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica, que abriga uma grande base naval
Foto: AP
1 de março de 2014 - Civis observam militares uniformizados sem identificação que estão bloqueando base naval na Ucrânia
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Religioso ortodoxo reza próximo aos militares uniformizados em cidade da Crimeia. O senado da Rússia autorizou a invasão de tropas russas à Ucrânia neste sábado, 1 de março
Foto: Reuters
1 de março de 2014 - Pessoas olham para homens não identificados em uniforme militar bloqueando uma base da unidade de guarda fronteira ucraniana em Balaclava
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AP
1 de março de 2014 - Homem uniformizado olha de cima de um veículo militar enquanto tropas tomam o controle dos escritórios da Guarda Costeira em Balaclava, periferia de Sevastopol, Ucrânia
Foto: AP
1 de março de 2014 - Tropas russas sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia
Foto: Reuters
3 de março - Soldado ucraniano olha movimento perto de uma barreira na base de Sevastopol. Rússia deu ultimato à Ucrânia de retirada dos soldados
Foto: AFP
3 de março de 2014 - Helicóptero militar russo voa perto de Simferopol, Crimeia, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
3 de março de 2014 - Homem armado, possível soldado russo, em porto da cidade de Kerch, na Crimeira
Foto: Reuters
3 de março de 2014 - Homens uniformizados seguram bandeira russa em base militar na vila de Perevalne, próximo a Simferopol. Cerca de mil homens armados se colocaram próximos à brigada naval da Ucrânia desde ontem. Tropas russas e aviões militares ultrapassaram as fronteiras estabelecidas na Crimeia nesta segunda-feira
Foto: AFP
3 de março de 2014 - Soldados ucranianos em uma brigada militar no porto de Sevastopol, perto de Balbek. Forças russas chegaram a dar um ultimato para a retirada dos soldados ucranianos da Crimeia, mas, depois, negaram o feito
Foto: AFP
3 de março de 2014 - Soldado pró-Rússia aponta arma para base naval ucraniana na vila de Novoozerne, que fica cerca de 90km da capital da Crimeia. Forças russas estão controlando uma região estratégica do país
Foto: AP
5 de março de 2014 - Soldados russos vigiam local onde estão ancorados dois navios da Ucrânia, em Sebastopol, na Crimeia
Foto: AP
7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia. O presidente Barack Obama disse nesta quiinta-feira, 6, que o referendo sobre a incorporação da Crimeia à Rússia é inconstitucional e viola as regras internacionais
Foto: EFE
7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
7 de março de 2014 - Dois soldados ucranianos observam enquanto um grupo de militares armados caminha próximo a um acesso à base militar localizada em Perevalnoye, nos arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: EFE
7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia. A Ucrânia disse que aceita dialogar com a Rússia, mas exige que Moscou retire suas tropas do país
Foto: Reuters
7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
11 de março - Soldado ucraniano caminhanas ruas da vila de Stavki, próxima à Crimeia, nesta terça-feira
Foto: Reuters
10 de março - Militares russos mancham em área de fronteira com uma base militar ucraniana em Perevalnoye, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
11 de março - Homem armado, possivelmente russo, é visto do lado de fora de uma unidade militar da Ucrânia na vila de Perevalnoye nesta terça-feira
Foto: Reuters
11 de março - Homens armados, possivelmente russos, conversam próximo à base militar ucraniana em Perevalnoye, que fica próxima à Simferopol
Foto: Reuters
22 de março - Soldado ucraniano observa movimento através de uma janela quebrada em Novofedoricka. Cerca de 200 soldados pró-Moscou invadiram base da Ucrânia neste sábado
Foto: AFP
22 de março - Sebastopol: militantes pró-Moscou isolam área de base militar ucraniana em Belbek neste sábado
Foto: AFP
22 de março -Militante pro-Moscou joga bomba na direção de ucranianos neste sábado, na base de Novofedorivka, onde mais de 200 homens russos invadiram e expulsaram ucranianos neste sábado
Foto: AFP
22 de março - Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
22 de março -Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
22 de março - Civis são retirados de área da Ucrânia onde houve uma invasão de soldados pró-Moscou neste sábado
Foto: Reuters
22 de março - Homens armados da Ucrânia e da Rússia são vistos numa em base área militar na cidade de Belbek, próximo à Sebastopol
Foto: Reuters
22 de março - Soldados pró-russos escondem atrás de carro na base militar aérea de Sebastopol
Foto: AP
22 de março- Militantes tártaros e russos correm em área da base ucraniana invadida neste sábado. Cerca de 200 soldados armados tomaram controle do local e expulsaram os ucranianos