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Ucrânia sofre nova tensão horas antes de reunião em Berlim

Separatistas pró-russos derrubaram neste domingo um caça ucraniano no leste do país

17 ago 2014 - 12h43
(atualizado às 12h44)
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<p>Combates intensos foram registrados na região de Lugansk</p>
Combates intensos foram registrados na região de Lugansk
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters

Os separatistas pró-russos derrubaram neste domingo um caça ucraniano no leste do país, enquanto Kiev denunciou a incursão de um comboio com lança-foguetes a partir da Rússia, horas antes de uma reunião de emergência entre os ministros das Relações Exteriores da Ucrânia e da Rússia em Berlim.

Enquanto isso, a ajuda humanitária russa destinada às populações atingidas pelo conflito no leste da Ucrânia, onde as forças de Kiev enfrentam insurgentes separatistas pró-russos, segue bloqueada na fronteira neste domingo.

Apesar de um acordo acertado no sábado entre Kiev e Moscou sobre as modalidades para a inspeção do comboio humanitário russo, sob a responsabilidade do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, este trabalho ainda não começou.

No terreno, combates intensos foram registrados na região de Lugansk, onde um avião de caça ucraniano MIG-29 foi derrubado pelos separatistas "depois de realizar sua missão de liquidar um grupo de terroristas", declarou à AFP Leonid Matiujin, porta-voz da operação militar ucraniana no leste. O piloto conseguiu ejetar e passa bem, segundo a fonte.

O exército ucraniano também recuperou neste domingo uma delegacia de polícia no reduto separatista de Lugansk.

Em Donetsk, outro reduto dos insurgentes, os combates se intensificaram no distrito de Petrovski, onde várias casas foram destruídas, constatou um jornalista da AFP. Dez civis morreram na região em 24 horas, segundo a prefeitura.

Neste contexto, as autoridades ucranianas denunciaram ainda a entrada em seu território de três lança-foguetes múltiplos Grand a partir da Rússia, e evocou dez violações do espaço aéreo por drones (aviões não tripulados) russos.

Estes incidentes aumentam a tensão horas antes do encontro previsto para este domingo entre os ministros das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e ucraniano, Pavlo Klimkin, e os seus homólogos alemão, Frank-Walter Steinmeier, e francês, Laurent Fabius.

A reunião foi convocada para tentar controlar a tensão depois de Kiev anunciar na sexta-feira a destruição parcial de uma coluna de blindados russos.

A introdução desta coluna na Ucrânia, vista por jornalistas britânicos e confirmada por Kiev, causou uma onda de indignação entre os países ocidentais.

"Voando para Berlim. As discussões não serão fáceis. É importante interromper o fluxo de armas e mercenários da Rússia", escreveu Klimkin neste domingo em sua conta no Twitter.

O chanceler alemão Steinmeier indicou, por sua vez, que espera alcançar um "cessar-fogo duradouro" na Ucrânia e acordar medidas para "o controle efetivo das fronteiras" do país.

A chefe do Governo alemão, a chanceler Angela Merkel, cobrou explicações a Moscou após as declarações de um líder separatista, segundo as quais os rebeldes teriam recebido cerca de 150 equipamentos militares e cerca de 1.200 combatentes treinados na Rússia.

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Moscou, que nega qualquer travessia de tropas russas ou de material pela fronteira, acusou ironicamente Kiev de "destruir fantasmas", à respeito da coluna militar que teria incursionado em território ucraniano.

"Nós já repetimos em várias ocasiões que não fornecemos nenhum equipamento militar" aos separatistas, voltou a afirmar neste domingo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Neste contexto de tensão, o comboio humanitário russo, que Kiev e as potências ocidentais suspeitam de ser apenas um disfarce para uma intervenção armada russa, segue à espera de inspeção.

O diretor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Rússia, Pascal Cuttat, verificou neste domingo os cerca de 300 caminhões que compõem o combiou humanitário. Mas a inspeção oficial do CICV, que deve permitir a entrada na Ucrânia, ainda não começou, segundo porta-vozes do CICV.

"Duvido que a inspeção oficial comece hoje", considerou Viktoria Zotikova, do CICV de Moscou.

Os caminhões russos que transportam 1.800 toneladas de ajuda humanitária, segundo Moscou, estão estacionados a cerca de 30 quilômetros da fronteira, na cidade russa de Kamensk-Shakhtinski.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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