Países da União Europeia têm de destinar “consideráveis" recursos para resgates de imigrantes no Mar Mediterrâneo antes que a Itália possa encerrar sua própria missão, caso contrário muitas vidas serão perdidas, disse o grupo de direitos humanos Anistia Internacional nesta terça-feira.
A guerra civil na Síria, o recrutamento militar forçado na Eritreia e o colapso da ordem na Líbia estão levando um número recorde de refugiados e imigrantes a tentar fugir pelo Mediterrâneo em direção à Europa, frequentemente em barcos improvisados. Muitos se afogam durante a tentativa.
A Itália tem repetidamente pedido mais ajuda da UE para lidar com esse tipo de emergência, à medida que planeja gradualmente desativar a missão de busca e resgate Mare Nostrum (Nosso Mar, em italiano), a qual salvou mais de 90 mil vidas no ano passado.
“O que não está claro é que caso a Itália decida significativamente reduzir ou até mesmo interromper a Mare Nostrum antes de haver uma operação de escala comparável em seu lugar, muitas vidas mais serão perdidas no mar”, disse a Anistia em uma relatório intitulado “Vidas à deriva: Refugiados e migrantes em perigo no Mediterrâneo”.
Em agosto, a Comissão Europeia disse que sua agência de controle de fronteira Frontex reforçaria a missão na Itália, com custo de cerca de 9 milhões de euros (11,4 milhões de dólares) por mês para as operações, mas Estados-membros têm sido lentos em se comprometer com recursos ou embarcações.
A Anistia disse que a Frontex precisaria de mais recursos e de uma claro mandato de busca e resgate antes que pudesse substituir a Mare Nostrum.
Um total de 3.072 imigrantes, cifra recorde, morreram afogados tentando cruzar o Mediterrâneo em barcos improvisados até agora agora neste ano, ante cerca de 2.360 em 2013, disse a Organização Internacional para as Migrações na segunda-feira.
A Marinha da Itália tem patrulhado as águas entre a África e a Sicília desde outubro do ano passando, quando 366 pessoas se afogaram após seu barco ter virado a apenas uma milha da ilha italiana de Lampedusa.
A tragédia atraiu atenção da mídia internacional e levou o papa Francisco a pedir mais atenção global aos problemas dos imigrantes.
No relatório, apresentado para o Parlamento Europeu, a Anistia pediu que a UE mudasse sua política de asilo, que põe o ônus sobre os países de fronteira mais próxima, como Itália e Malta.
Tripulação um helicóptero se prepara para patrulhar o mar em busca de barcos carregando imigrantes. Em um espaço de seis horas, quatro barcos foram resgatados
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Uma embarcação da marinha italiana se aproxima de um barco para que os ocupantes sejam transferidos para navio militar San Giorgio, de maior porte, onde as pessoas poderão desembarcar com segurança
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Tripulação italiana se prepara para processar os imigrantes que buscam asilo após a embarcação atracar dentro do navio San Giorgio
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um jovem aguarda com sua mãe na fila de processamento. Ele passou horas no mar junto com centenas de pessoas, arriscando sua vida em um pequeno e lotado barco de pesca
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Uma das centenas de pessoas é registrada após ser resgatada do mar. Atrás do homem, várias pessoas, cansadas e com fome, aguardam sua vez
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Cansados da longa jornada, homens solteiros dormem em um alojamento do navio militar San Giorgio
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um pai sírio carrega seu filho, que sofre de problemas respiratórios, enquanto aguarda para visitar a clínica à bordo do San Giorgio
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Após vários resgates, o navio San Giorgio está superlotado e além de sua capacidade. Sem opções, passageiros dormem no chão da embarcação usada nos resgates
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um menina síria que trouxe junto sua mochila da escola dorme sobre o braço do pai. Juntos, eles fugiram de sua casa e percorreram centenas de quilômetros
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Homens solteiros dormem separados de famílias e mulheres, que possuem seus próprios alojamentos no navio
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um homem recebe atendimento médico na clínica no navio. Muitos chegam desidratados e necessitam atenção especial
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Imigrantes desembarcam em Puglia, na Itália, após percorrerem uma longa e perigosa distância. Agora, suas vidas recomeçam de novo
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Ônibus levam os recém chegados para centro de recepção na área. Com o aumento no número de resgates, as autoridades italianas começam a ter menos espaços para processar e registrar as pessoas
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um menino acompanha sua família para registro nos centros de recepção
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Em um trem na Itália, uma mulher refugiada olha para uma paisagem estranha a ela no que agora é sua nova casa. Ela deseja que junto com sua família possam viver em paz
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Em Puglia, uma família síria aguarda um ônibus que os levará para um centro de processamento familiar
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um refugiado e seu filho viajam de trem para Milão. Eles passaram anos escapando de violência e convulsão. Agora, tudo o que sonham é paz
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Um painel verde no helicóptero localiza um barco carregado de pessoas. Mais de 200 passageiros foram resgatados, muitos famintos e exaustos
Foto: UNHCR/ A.DAmato
Compartilhar
Publicidade
Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.