Vídeos privados da princesa Diana falando sobre sua vida sexual causam polêmica antes de ir ao ar
Canal de TV britânico planeja divulgar gravações controversas da princesa na semana que vem, para marcar os 20 anos de sua trágica morte, em meio a críticas de 'traição de privacidade'.
Amigos da princesa Diana pediram ao Channel 4 para não colocar no ar gravações em vídeo dela falando sobre problemas de seu casamento com o príncipe Charles.
O documentário Diana: Em Suas Próprias Palavras, deve ir ao ar antes do aniversário de 20 anos de sua morte, no dia 31 de agosto. Os vídeos, gravados por seu professor de oratória, nunca foram vistos no Reino Unido.
O Channel 4 disse que eles oferecem uma "visão única" da princesa - mas uma amiga próxima da princesa, a empresária Rosa Monckton, disse que se trata de uma traição da privacidade de Diana.
Monckton, que escreveu ao canal pedindo para não publicarem os vídeos, disse ao jornal The Guardian: "Isso não pertence ao domínio público".
"É uma traição de sua privacidade e da privacidade da família".
O vídeo foi gravado por Peter Settelen, contratado pela Princesa de Gales entre 1992 e 1993 para ajudá-la a falar em público.
Ela foi filmada no Palácio de Kensington, em Londres, falando sobre seu casamento com o Príncipe de Gales, sua vida sexual e como ela o confrontou sobre seu caso com Camilla Parker Bowles, agora Duquesa da Cornuália.
'Obsceno e imoral'
O ex-porta-voz real Dickie Arbiter disse ao programa Victoria Derbyshire, da BBC, que o Channel 4 estava "rindo à toa" pela quantidade de dinheiro envolvida.
"Esses vídeos foram gravados em privado como parte de um treinamento. Qualquer coisa feita em portas fechadas continua sendo privado".
"Eu acho que é muito obsceno eles mostrarem isso - e imoral, francamente", disse a biógrafa real Penny Junor. "Quando Diana gravou isso, o casamento havia recém terminado, eles haviam se separado - ela não estava bem."
A princesa "nunca quis que essas gravações fossem ouvidas por ninguém", acrescentou, descrevendo o documentário como uma "exploração".
As gravações voltaram para Settelen em 2004, após uma disputa com o irmão de Diana, Earl Spencer, que disse que elas pertenciam a ele. Elas estavam sob poder da Scotland Yard (polícia metropolitana de Londres) depois de serem apreendidas em uma operação na casa do ex-mordomo real Paul Burrell, em 2001.
Trechos dos vídeos foram ao ar nos Estados Unidos em 2004 depois de terem sido vendidos ao canal americano NBC.
A BBC planejava mostrar as gravações como parte de um documentário em 2007, o ano do aniversário de 10 anos de morte de Diana, mas desistiu da ideia.
'Retrato único'
Marcus Rutherford, advogado de Settelen, defendeu a difusão do vídeo. "O argumento da privacidade é falho porque a polícia viu [os vídeos], a família Spencer viu, Paul Burrell provavelmente viu, então o que era privado entre Peter e Diana foi na verdade perdido no processo. Então eu não acho que seja certo dizer que agora, 20 anos depois da sua mote, eles continuam privados."
Ele disse também que Diana estava se separando do marido na época e "queria que o mundo soubesse pelo que ela estava passando".
'Incrível documento histórico'
O vice-diretor de criação do Channel 4, Ralph Lee, descreveu os vídeos como um "documento histórico incrível" que "nos permite criar um novo retrato de Diana".
Ele disse à BBC que "20 anos é uma quantidade significativa de tempo para algo assim vir à luz e ir ao ar".
Um porta-voz do Channel 4 disse que o assunto dos vídeos era "uma questão de assunto público e dá uma visão única às preparações de Diana para ter uma voz pública e contar sua história pessoal".
Diana morreu em um acidente de carro em Paris em 31 de agosto de 1997.