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Eurovision: os favoritos, azarões e surpresas da maior competição musical da Europa neste ano

A 66ª edição do festival da canção pode dar à Itália um segundo título seguido após a vitória em 2021 do grupo de rock Måneskin.

9 mai 2022 - 20h05
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A dupla Mahmood e Blanco pode dar à Itália um novo bicampeonato no Eurovision
A dupla Mahmood e Blanco pode dar à Itália um novo bicampeonato no Eurovision
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em um show em Londres com ingressos esgotados, a multidão grita "Mahmood! Mahmood! Mahmood!".

A estrela italiana faz nesta semana o penúltimo show de sua turnê europeia, antes de se apresentar no Eurovision, o tradicional festival europeu da canção.

"Eu esperei muito por esse momento", disse o jovem de 29 anos à Radio 1 Newsbeat.

A competição começa em Turim (Itália) nesta terça-feira (10/05) e a grande final ocorre no próximo sábado.

"O melhor desse trabalho — escrever e compor música — é o resultado final. O resultado final é o show porque você recebe a energia das pessoas que ouvem sua música."

Como todos os cantores, a pandemia forçou Mahmood a adiar sua turnê, o que significa que ele não conseguiu aproveitar o sucesso global que seu hit Soldi teve depois do segundo lugar no Eurovision de 2019.

Tocada mais de 200 milhões de vezes no Spotify (e praticamente o mesmo no YouTube), Soldi mudou a vida do artista, que é filho de um egípcio com uma italiana, e ajudou a formar uma base fiel de fãs.

Depois que o grupo de rock Måneskin venceu pela Itália no ano passado, a cidade de Turim foi escolhida como sede do concurso. A nova participação de Mahmood será um dueto com o cantor Blanco, de 19 anos, com a balada Brividi.

'Brividi', de Mahmood e Blanco, foi tocada mais de 130 milhões de vezes nos serviços de streaming
'Brividi', de Mahmood e Blanco, foi tocada mais de 130 milhões de vezes nos serviços de streaming
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Brividi já aparece como favorita e é uma das músicas mais tocadas no streaming entre os participantes deste ano. Mas foi Blanco quem sugeriu que ela deveria concorrer no Eurovision, em um programa de TV italiano que decide a canção que representará o país.

"O primeiro Eurovision que ele [Blanco[] viu foi em 2019, quando eu cantei Soldi", diz Mahmood.

"Ele está superfeliz em fazer isso e estamos empolgados porque é uma grande oportunidade de mostrar a nossa música para muitas pessoas".

Com as restrições sobre o coronavírus diminuindo em toda a Europa, muitos eventos paralelos na preparação para o Eurovision vem sendo realizados pela primeira vez em três anos - para alegria dos fãs.

No início de abril, Aaran, de 22 anos, foi a uma Eurovision Party em Londres com amigos que ele conheceu por causa do concurso.

"Estamos tão longe um do outro durante a maior parte do ano", disse ele ao Newsbeat.

"Foi tão bom vê-los depois de muito tempo apenas pelo online."

Aaran está atualmente estudando para provas - e brinca que o fato de o concurso ser em maio não é bom porque ele se distrai assistindo a vídeos relacionados ao concurso, como os ensaios dos artistas.

Ele conta que "a todo momento você está no bate-papo falando sobre o Eurovision", mas "é em dezembro que começamos a realmente focar no próximo".

"Entrei no Twitter e, no dia seguinte, fui adicionado a um bate-papo em grupo. De repente, havia tantas pessoas com quem eu nem sabia que podia falar e foi um momento uau, tipo: 'Oh, meu Deus, não estou sozinho'", diz.

Cornelia Jakobs teve que vencer o programa musical mais assistido da Suécia para ser convidado para representar o país no Eurovision
Cornelia Jakobs teve que vencer o programa musical mais assistido da Suécia para ser convidado para representar o país no Eurovision
Foto: SVT / BBC News Brasil

'Uma loucura'

Para artistas como Cornelia Jakobs, tocar para fãs de toda a Europa é uma amostra de como será a atmosfera em Turim.

A audiência esperada para o Eurovision é de 200 milhões de espectadores em todo o mundo.

Apesar das apostas de que ela pode fazer a Suécia igualar o recorde de sete vitórias da Irlanda, a cantora de 30 anos diz que não está sentindo a pressão de ser comparada a superestrelas como Robyn ou Pink por causa do time ao seu redor.

"É uma loucura o tanto de trabalho envolvido para uma apresentação de três minutos. São semanas e até meses", disse Jakobs ao Newsbeat.

Ela apresentará na competição sua música Hold Me Closer.

"Me sinto empolgado por ter a honra de representar a Suécia e às vezes penso: 'Por que não fico mais nervosa com isso?'"

Alguns artistas e países levam a competição mais a sério do que outros. Equipes por trás de alguns dos maiores popstars do mundo são contratados para ajudar os competidores a apresentar uma performance marcante e que pode angariar mais votos.

A Espanha tem tido performances ruins nos últimos 10 anos, mas Chanel é a esperança do país para o melhor resultado desde 2003
A Espanha tem tido performances ruins nos últimos 10 anos, mas Chanel é a esperança do país para o melhor resultado desde 2003
Foto: TVE / BBC News Brasil

A espanhola Chanel se uniu a um dos coreógrafos mais requisitados do mundo, Kyle Hanagami, que já trabalhou com Jennifer Lopez, Blackpink e Ariana Grande.

"Ele perguntou se podia trabalhar comigo", ela disse ao Newsbeat. "Ele me viu dançando no Instagram e pediu para coreografar SloMo."

Chanel tem aproveitado a diminuição das restrições por causa da covid para conviver e observar outros artistas em bastidores.

É no concurso que ela espera lançar sua carreira internacionalmente, da mesma maneira que os vencedores do ano passado, o quarteto Måneskin, se tornaram uma sensação global.

Sua performance altamente produzida tem um passo de dança que foi reproduzida por quase 1 milhão de usuários do TikTok fazendo o #slomochanelchallenge.

Mas é o Reino Unido que conta com um dos competidores com mais seguidores no TikTok: Sam Ryder.

Sam Ryder representa a esperança britânica de o país voltar ao top 10 do Eurovision - algo que não ocorre desde 2009
Sam Ryder representa a esperança britânica de o país voltar ao top 10 do Eurovision - algo que não ocorre desde 2009
Foto: EBU / ANDRES PUTTING / BBC News Brasil

Depois de dois anos consecutivos chegando em último lugar (o Reino Unido não conseguiu um único ponto em 2021), alguns fãs acreditam que o representante britânico pode ganhar neste ano.

Outros concorrentes fizeram referência a Ryder durante as entrevistas. Dizem que conhecem o britânico pelos covers que divulga online e que planejam uma selfie ao lado dele.

"Estou muito grato que as pessoas da competição estão animadas por me ter a bordo", diz Ryder ao Newsbeat, enquanto está a caminho de conhecer alguns dos artistas pela primeira vez.

"Estou incrivelmente empolgado para fazer alguns amigos, conversar um pouco sobre música e aproveitar cada momento dessa coisa linda e maluca".

Sam Ryder conhece a vencedora da Áustria em 2014, Conchita Wurst.

É difícil uma música do Eurovision entrar em alta rotação na Rádio 1 da BBC, mas Sam quebrou a escrita com Space Man, o que vem gerando esperança na torcida britânica.

Já os candidatos da Noruega estão envoltos em mistério. Muitos espectadores vão se perguntar: 'Quem está por trás da máscara?'

Entrevistar o Subwoolfer é difícil, pois os cantores mascarados gesticulam com sinais enquanto assistentes ao lado tentam traduzir as mensagens para os jornalistas.

Mas fãs estão seguindo pistas e, com base em um claro sotaque britânico no palco e algumas legendas enigmáticas do Instagram, há um suspeito.

Ben Adams, da boyband A1, do início dos anos 2000, mora na Noruega e esteve ausente de alguns shows recentes com a banda.

Espera-se que o Subwoolfer se saia bem na votação do público - que é 50% do resultado - com uma performance que chama a atenção.

Mas o público também deve votar em grande número para a Ucrânia. O país venceu o Eurovision seis anos atrás.

A ucraniana Kalush Orchestra conseguiu permissão especial para participar do Eurovision em vez de estar no front de batalha contra a Rússia
A ucraniana Kalush Orchestra conseguiu permissão especial para participar do Eurovision em vez de estar no front de batalha contra a Rússia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Ucrânia teve um começo complicado para o Eurovision deste ano. O representante original do país se retirou da disputa enquanto era investigado por visitar a Crimeia, uma área que a Rússia assumiu o controle em 2014.

No mês seguinte, a Ucrânia foi invadida e os organizadores do concurso - com o apoio de emissoras participantes de todo o continente - proibiram a Rússia de participar. A ucraniana Kalush Orchestra, que mistura rap e elementos da música folclórica, tornou-se a favorita dos apostadores.

"Estávamos na quinta posição antes mesmo da guerra começar, o que prova que os europeus gostam da nossa música", disse o vocalista Oleh Psiuk ao Newsbeat.

"Stefania foi escrita e dedicada à minha mãe, mas quando a guerra começou ganhou novos significados porque muitas pessoas começaram a ver a Ucrânia como sua mãe."

Pode se tornar um hit com o público, mas não é garantido que seja a música mais votada pelos júris nacionais, que compõem metade dos votos e têm um acordo de votar de forma independente.

Uma vitória ucraniana teria um componente amargo: é altamente improvável que o país consiga sediar o concurso musical no próximo ano. A tradição é que a nação vencedora hospede o evento no ano seguinte.

Quase 20 localidades italianas disputaram o direito de sediar o concurso deste ano
Quase 20 localidades italianas disputaram o direito de sediar o concurso deste ano
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Pela primeira vez desde 2019, o Eurovision terá eventos espalhados pela cidade-sede com uma atmosfera festiva entre artistas, jornalistas e fãs.

Estão programados eventos em Turim para os milhares de fãs que viajam para o concurso de músicas pela primeira vez desde 2019. A edição de 2020 foi cancelada e o concurso de 2021 ocorreu sob restrições.

Para o italiano Mahmood, porém, que está retornando ao seu país após sua turnê europeia, é principalmente animador dormir em sua própria cama, na casa de sua mãe, por uma semana.

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