Ex-embaixador dos EUA admite ter sido espião para Cuba por 40 anos
Victor Manuel Rocha admitiu ter agido como informante a um agente infiltrado do FBI
Victor Manuel Rocha, ex-embaixador dos EUA na Bolívia, admitiu que vai se declarar culpado por acusações de que serviu como agente secreto para o regime comunista de Cuba durante 40 anos.
Ex-embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, Victor Manuel Rocha admitiu que vai se declarar culpado por acusações de ter servido com agente secreto para o regime comunista de Cuba durante décadas. A declaração foi feita a um juiz federal nesta quinta-feira, 29.
As acusações podem levar o diplomata de descendência colombiana à prisão por anos. “Estou de acordo”, disse Rocha quando questionado pela juíza Beth Bloom, do Tribunal Distrital dos EUA, se desejava mudar a sua confissão para culpado.
Os promotores acusam Rocha de ter se envolvido em atividades clandestinas em benefício de Cuba desde pelo menos 1981, ano em que ingressou no serviço externo dos EUA.
Ele teve encontros com agentes de inteligência cubanos e passou informações falsas a funcionários do governo dos EUA sobre seus contatos. Ao longo das últimas décadas, ele teve os seguintes cargos no governo dos EUA:
- Ele trabalhou no Departamento de Estado (órgão semelhante ao Ministério de Relações Exteriores) entre 1981 e 2002, segundo o Departamento de Justiça;
- Nos anos de 1994 e 1995, foi conselheiro do Conselho de Segurança Nacional do governo dos EUA;
- Entre 2000 e 2002, Manuel Rocha foi embaixador dos EUA na Bolívia;
- Entre 2006 e 2012, ele foi conselheiro do Comando Sul do Exército dos EUA.
Entenda a história
Segundo a denúncia, Rocha, um americano de 73 anos, nascido na Colômbia, "secretamente apoiou a República de Cuba e sua missão clandestina de coleta de informações de inteligência contra os Estados Unidos" desde cerca de 1981 até sua detenção.
Para ajudar o governo comunista de Cuba, inimigo ferrenho de Washington, o acusado conseguiu emprego no Departamento de Estado entre 1981 e 2002.
Lá, ocupou cargos que lhe deram acesso a informações não públicas de alto nível, bem como a capacidade de influenciar a política externa dos Estados Unidos, segundo o procurador-geral.
Entre 1999 e meados de 2002, ele foi embaixador dos Estados Unidos em La Paz, onde causou grande polêmica ao ameaçar retirar a ajuda dos Estados Unidos à guerra boliviana contra as drogas se o esquerdista e ex-sindicalista cocalero Evo Morales vencesse as eleições.
Rocha admitiu ter trabalhado para Cuba durante "40 anos" em várias reuniões realizadas em 2022 e 2023 com um agente secreto do FBI que se passava por um representante da Direção Geral de Inteligência de Cuba.
O Ministério Público o acusa de conspirar para atuar como agente de um governo estrangeiro; atuar como agente de um governo estrangeiro sem o consentimento prévio de sua administração; e usar um passaporte americano obtido mediante declarações falsas.