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Explosão em Beirute foi alerta aos perigos do nitrato de amônio, dizem especialistas

7 ago 2020 - 12h25
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A devastadora explosão em Beirute tem que servir de alerta para os países sobre os riscos do nitrato de amônio, que causou a detonação, dizem especialistas.

Destruição causada por explosão em área portuária de Beirute
07/08/2020 REUTERS/Hannah McKay
Destruição causada por explosão em área portuária de Beirute 07/08/2020 REUTERS/Hannah McKay
Foto: Reuters

Autoridades do Líbano disseram que 2.750 toneladas do químico industrial estavam armazenadas há seis anos no porto de Beirute, sem medidas de segurança. O estoque explodiu na terça-feira, matando mais de 150 pessoas, ferindo milhares e deixando por volta de 250 mil desabrigadas.

Usado habitualmente para fertilizantes e como explosivo industrial, o nitrato de amônio é considerado relativamente seguro, se manuseado adequadamente, mas tem se provado letal.

Em um dos acidentes industriais mais fatais do mundo, 567 pessoas morreram no Texas, em 1947, quando 2.300 toneladas de nitrato de amônio detonaram a bordo de um navio.

"Beirute, como o Texas, é um alerta. Precisamos aprender com essas catástrofes e assegurar que elas não aconteçam novamente", disse Stewart Walker, da escola de Química Forense, Ambiental e Analítica da Universidade de Flinders, em Adelaide.

Alguns países baniram o uso de nitrato de amônio como fertilizante porque ele tem sido usado por fabricantes de bombas e, desde a explosão de terça-feira, houve apelos para que alguns governos transferissem seus estoques.

Chris Owen, conselheiro de explosivos da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que poucos países produzem nitrato de amônio, mas muitos o utilizam, frequentemente importando pelo mar. Como muitos portos tiveram cidades construídas em torno deles, grandes quantidades estão sendo transportadas por cidades regularmente. "Se manuseado adequadamente, não há risco", disse Owen.

Quantidade, ventilação e proximidade a inflamáveis são críticos em termos de segurança, assim como distância para centros populacionais.

As autoridades do Líbano estão enfrentando uma raiva crescente da população por terem permitido que enormes quantidades do produto químico fossem armazenadas perto de uma área residencial por anos em condições inseguras.

A ONU emitiu orientações para o armazenamento e transporte seguro, mas as regulamentações variam de país para país, dizem especialistas.

A variação global em regulamentações é uma preocupação, disse Julia Meehan, editora-administrativa da publicação ICIS Fertilizers. "Não há órgão global que cuide disso, é país por país, ou regional", disse Meehan. "Pode ser diferente até de porto a porto."

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