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Extrema direita avança, mas siglas pró-Europa obtêm maioria

Nacionalistas e populistas, contrários à integração, conquistaram cerca de 25% dos votos, menos que os 30% que esperavam

27 mai 2019 - 08h30
(atualizado às 08h30)
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BRUXELAS - Os partidos comprometidos com o fortalecimento da União Europeia conquistaram dois terços dos assentos no Parlamento Europeu, segundo estimativas sobre as eleições do bloco, que se encerraram neste domingo, 26, após quatro dias de votação. No entanto, os eurocéticos de extrema direita e nacionalistas avançaram, obtendo cerca de 25% das cadeiras - embora menos dos 30% que esperavam eleger.

Os ganhos obtidos dos nacionalistas e populistas de direita - combinados com um bom desempenho dos verdes - confirmaram o enfraquecimento dos partidos tradicionais da Europa. O presidente da França, Emmanuel Macron, que sempre defendeu que a UE é a resposta para os desafios de uma economia globalizada, sofreu um golpe pessoal ao ver seu movimento centrista, o Em Marcha, ficar atrás do partido anti-imigração de Marine Le Pen, a Reunião Nacional (RN).

Partido de Marine Le Pen ficou à frente da sigla do presidente francês Emmanuel Macron nas eleições ao Parlamento Europeu
Partido de Marine Le Pen ficou à frente da sigla do presidente francês Emmanuel Macron nas eleições ao Parlamento Europeu
Foto: Charles Platiau / Reuters

No entanto, o partido de Macron contribuiu para os ganhos dos liberais na Europa. Com o bom resultado também dos verdes, os grupos de centro pró-UE perderam 20 cadeiras, mas garantiram 505 de um total de 751, de acordo com projeções da UE. Com 178 eurodeputados, 38 a menos do que em 2014, o Partido Popular Europeu (PPE, de direita) continua a maior força, mesmo sem ser maioria. Seus tradicionais aliados, os social-democratas, caíram de 185 para 152 representantes.

Juntos, espera-se que os dois grupos caiam de 401 parlamentares para 330 nos próximos cinco anos - para eleger o novo chefe da Comissão Europeia é preciso 376 votos. Com base nesse resultado, sem maioria clara, caberá aos líderes europeus escolher os próximos presidentes das principais instituições europeias.

O resultado também complica o processo legislativo, com o fim da "grande coalizão" de dois partidos. As forças pró-Europa seguem no controle da Casa com o avanço dos liberais, que passaram de 69 para 108 cadeiras, e dos verdes, que progrediram para 67. Para analistas, essas duas vozes deverão agora ter mais poder.

As urnas também diminuíram as esperanças dos ultradireitistas de França e Itália de tentar interromper a integração da UE - os grupos eurocéticos de direita ficaram com 169 deputados no total, segundo projeções divulgadas hoje. A Europa das Nações e Liberdades, à qual pertencem os partidos ultradireitistas, passou de 36 eurodeputados para 57.

As tensões entre nacionalistas, que incluem também os partidos polonês e húngaro, e o novo Partido do Brexit, do nacionalista britânico Nigel Farage, limitaram o poder de articulação do grupo. "O importante é que os ganhos para os extremistas não foram muito substanciais", disse Guntram Wolff, chefe do centro de estudos Bruegel, em Bruxelas.

O partido de Farage, inserido no grupo Europa da Liberdade e Democracia Direta, no entanto, passou de 14 cadeiras para 56, enquanto os Conservadores e Reformistas Europeus britânicos, da coalizão da qual participa o Partido Conservador, de Theresa May, perderam 16 cadeiras, ficando com 61. May anunciou, na quinta-feira, que deixará o cargo de premiê após falhar em suas tentativas de aprovar um acordo sobre o Brexit no Parlamento.

Participação

Autoridades europeias celebraram o aumento do comparecimento, de 43%, em 2014, para 51%. Foi a primeira inversão de uma tendência de queda da participação desde a primeira votação no bloco, em 1979. Mais alta em 20 anos, a participação pode conter um pouco o temido "déficit democrático", que tem minado a legitimidade dos legisladores da UE. / REUTERS, AFP e EFE

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